sexta-feira, 10 de maio de 2013

BUDISMO ESSENCIAL - A UNIDADE


Unidade não quer dizer que todos se tornam um e o mesmo. O reconhecimento da diferença é a unidade. Um é muitos e muitos são um. Igualdade significa diferença e diferença é igualdade. Cada um é singular em si mesmo, e essa singularidade torna o mundo interessante. No estado de ser singular, existe um imenso respeito pela singularidade dos outros. Somente quando a pessoa realmente respeita e honra a si mesma é que ela pode respeitar os outros. Cada um de nós deve ser tão perfeito quanto nos é possível ser. Cada pessoa deve ser a mais perfeita possível – sem comparar-se às outras.

Uma bela sinfonia é possível por causa dos diferentes instrumentos. Um jardim é belo por causa das diferentes flores, arbustos, árvores e pedras. O homem e a mulher se harmonizam porque são diferentes. Assimilação não é esquecimento ou perda da singularidade individual, mas sim, o reconhecimento e a compreensão dos outros, harmonizando-se com eles. A democracia é bem vivida quando cada pessoa compreende e reconhece os direitos alheios e respeita os outros.

Um japonês deveria ser um japonês, um irlandês deveria ser um irlandês, um negro deveria ser um negro. Cada um deveria ser respeitado e honrado, sendo o melhor que lhe é possível. Num sutra budista está escrito que os salgueiros são verdes e as flores são vermelhas. Os salgueiros são belos em seu verdor e as flores vermelhas são belas enquanto flores vermelhas. Um outro sutra diz que a cor vermelha tem luz vermelha, a cor branca tem luz branca e a cor amarela tem luz amarela. Essas palavras expressam o mesmo pensamento.

Cada dia é um dia absoluto e não pode ser substituído por outro dia; cada lugar é único e absoluto em seu lugar; cada pessoa também é única e absoluta. O céu está acima e a terra está abaixo; isso faz uma unidade, e não é uma questão de qual deles é o melhor. Pai e mãe, marido e esposa, homem e mulher – o valor de cada um não pode ser julgado pela comparação. Julgar a si mesmo e aos outros pela comparação cria complexos.

Os complexos são a doença do mundo moderno. Para alcançarmos a paz, a harmonia e a alegria, precisamos abandonar esses complexos. Isso equivale a dizer que precisamos ver e compreender as coisas tais como elas são. Todos nós, cada um de nós, somos únicos e independentes e, ao mesmo tempo, somos inter-relacionados e interdependentes. Todos nós somos um.



Gyomay Kubose



Fonte: Templo Budista Apucarana Nambei Honganji
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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