domingo, 11 de dezembro de 2016

EXAMINAR SUA PRÓPRIA NATUREZA

Atualmente, o egoísmo é galopante entre os devotos e eles amam a Deus não por causa de Deus, mas apenas para realizar seus desejos egoístas. Enquanto o egoísmo prevalece, o Divino não pode ser compreendido. O festival de Navaratri deve ser utilizado como uma ocasião para examinar sua própria natureza, seja ela humana, animalesca ou demoníaca, e se esforçar para transformar a natureza animal em humana e, em seguida, divinizar a humana. Durante as orações de Navaratri, você recita "Netram Samarpayami", afirmando: “eu ofereço meus olhos ao Senhor”. Isso significa que você deve oferecer seus olhos? Não! O verdadeiro significado do Mantra é você pensar no Divino em tudo o que você ver ou fazer. O verdadeiro significado das orações que oferecem seus membros ao Senhor (Angaarpana Puja) é declarar que você deve oferecer-se em serviço ao Senhor em todos os momentos. Por isso, a partir de hoje, a cada trabalho que você fizer, faça-o como uma oferenda somente a Deus. (Discurso Divino, 06 de outubro de 1992)





Sathya Sai Baba






Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
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REINTEGRAÇÃO NA INEFÁVEL UNIDADE

(...) compreende bem que o Altruísmo é a única senda que conduz ao fim único e derradeiro: a reintegração dos submúltiplos na Unidade divina. A única doutrina que acena com o meio para a consecução dessa finalidade, meio esse consistente no dilaceramento dos entraves materiais para a ascensão, através das hierarquias superiores, rumo ao astro central da regeneração e da paz.

Jamais esqueças que o Universal Adão é um Todo Homogêneo, um Ser vivo, do qual somos os átomos orgânicos e as células constitutivas. Todos nós vivemos uns nos outros, uns pelos outros, e, caso fôssemos salvos individualmente (para falar a linguagem cristã), cessaríamos de lutar só quando todos os nossos irmãos fossem salvos como nós.

O Egoísmo inteligente conclui, então, como conclui a Ciência tradicional: a fraternidade universal não é um artifício, mas uma realidade. Quem trabalha para os outros trabalha para si mesmo; quem mata ou fere seu próximo fere e mata a si próprio; quem ultraja o semelhante insulta a si mesmo.

Que esses termos místicos não te amedrontem. A alta doutrina nada tem de arbitrário. Somos os matemáticos da antologia, os algebristas da metafísica. Lembra-te, Filho da Terra, que tua grande ambição deve ser reconquistar o Éden zodiacal de onde jamais deverias ter descido, e, finalmente, reingressar na Inefável Unidade, FORA DA QUAL NADA ÉS e no seio da qual encontrarás, após tantos trabalhos e provações, a paz celeste, o sono consciente que os Hindus conhecem por NIRVANA: a beatitude suprema da Onisciência em Deus.




Marquês Marie Victor Stanislas de Guaita, S.'.I'.'






Fonte: do livro "NO UMBRAL DO MISTÉRIO"
Apêndice IV - Discurso iniciático relativo a uma iniciação martinista (reunião do 3° grau)
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O QUE REALMENTE SABEMOS DOS OUTROS?

Os humanos não são naturalmente impelidos a entrar na situação uns dos outros e é daí que provêm tantos erros de julgamento, tantas injustiças e crueldades. Quando vos pronunciais sobre uma pessoa, o que é que sabeis da situação em que ela se encontra?... Então, antes de a criticar, de a acusar, pelo menos durante alguns minutos, esforçai-vos por pôr-vos no seu lugar: talvez vos apercebais de que, se estivésseis na sua situação, agiríeis dez vezes pior do que ela. Vale a pena tentar entrar na situação das pessoas que vos são desagradáveis e que estais sempre a condenar. Bastam alguns minutos por dia deste exercício e ganhareis qualidades de paciência, de indulgência, de doçura, de generosidade, de que vós beneficiareis e elas também.





Omraam Mikhaël Aïvanhov






Fonte: www.prosveta.com
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O SER HUMANO SEGUNDO A ANTROPOSOFIA

Segundo a Antroposofia, cada elemento, substância e ser vivo sobre a face da Terra fazem parte de um conjunto harmônico que respira como um verdadeiro cosmo vivo. Esse cosmo possui um aspecto sensível, visível e mensurável com o qual nos relacionamos através de nossos sentidos e que compreendemos racionalmente através da nossa ciência acadêmica, mas também possui um conjunto de forças não visíveis, o seu aspecto imaterial ou supra-sensível. Para a Ciência Espiritual de Rudolf Steiner, esse campo supra-sensível é tão real e passível de ser estudado quanto o mundo material. O ser humano ocupa uma posição muito peculiar dentro dessa cosmovisão. Ele é considerado uma imagem condensada desse mundo ao seu redor. Um microcosmo em permanente interação com o macrocosmo material e espiritual.


Os três princípios constituintes do homem ou Trimembração

Quando contemplamos o corpo humano, podemos perceber três partes bem distintas: cabeça, tronco e membros. Por trás dessa aparente simplicidade esconde-se, no entanto, um dos grandes segredos da arte antroposófica de curar. Para um médico antroposófico, o ser humano é um organismo trimembrado. Aprofundando-se nessa direção, ao observarmos a cabeça, vemos que nela predominam os processos neurossensoriais. Se observarmos o cérebro, vemos uma estrutura de baixíssima vitalidade e alta especialização. Através da cabeça, a maioria dos estímulos sensoriais penetra no cérebro por meio dos pares cranianos. Uma outra característica da cabeça é que seus ossos têm formas planas e arredondadas e situam-se na periferia, de maneira a proteger o cérebro. No pólo oposto encontram-se o abdômen e os membros, com predomínio de intensa atividade metabólica, onde os processos de regeneração celular são muito ativos e há um "ir para o mundo" tanto através das mãos e dos pés, quanto através dos resíduos que eliminamos. Os ossos, nesse pólo, são longos e retilíneos e encontram-se protegidos por musculatura, dando-lhes sustentação. Entre essas duas regiões de características tão distintas, encontra-se o tórax, que, na Medicina Antroposófica, abriga o equilíbrio entre as polaridades descritas, sendo a sede do sistema rítmico, que promove a inter-relação saudável entre o pólo neurossensorial e o pólo metabólico. Aí encontram-se órgãos rítmicos: coração e pulmões, protegidos por um arcabouço, as costelas, que também se movimenta. E assim, resumidamente, temos um homem trimembrado em seus sistemas neurossensorial, rítmico e metabólico. Cada um deles permeia todo o organismo humano, mas concentram-se principalmente em uma região do corpo.

No caso do sistema neurossensorial, ele está mais concentrado na região da cabeça, mas sabemos que todo o corpo humano possui nervos.

O sistema rítmico concentra-se principalmente na região do coração e pulmões, isto é, no tórax, mas todo o corpo humano possui artérias que pulsam ritmicamente e a respiração também acontece em cada célula de nosso corpo.

O sistema metabólico concentra seus órgãos principalmente no abdômen e o movimento ativo nos membros, mas cada parte do nosso corpo possui seu metabolismo e movimento próprios.

Na vida psíquica, essa trimembração pode ser identificada nas três atuações básicas: pensar, sentir e agir.


Os quatro elementos constituintes do ser humano ou Quadrimembração

"O homem é o que ele é através do corpo físico, do corpo etérico ou vital, do corpo astral (alma) e do Eu (espírito). Ele deve ser visto como homem sadio a partir desses membros; ele deve ser percebido, quando doente, no equilíbrio perturbado deles; para sua saúde devem ser encontrados medicamentos que restabeleçam o equilíbrio perturbado".

Uma das maneiras de apresentar o homem à luz da Antroposofia, é relacioná-lo com a natureza ao seu redor. Nessa abordagem, o homem é visto como um ser que compartilha semelhanças com os reinos mineral, vegetal e animal, mas que também se distingue deles pela presença da sua autoconsciência. Podemos dizer que o homem guarda em si todos esses reinos, sendo portador de quatro estruturas essenciais, de quatro elementos constituintes, também chamados de "corpos" no jargão médico-antroposófico.

Corpo físico: é a estrutura sólida, material, palpável e mensurável, sujeita às leis da física e da química. É o corpo que compartilhamos com os minerais. É uma estrutura totalmente inerte e morta quando não permeada pelo segundo elemento (corpo etérico).

Corpo Etérico ou Vital: são as forças responsáveis por todo o princípio da vida, seja nos vegetais, animais ou seres humanos. O corpo vital nos dá a possibilidade de desenvolvermos vida vegetativa: crescimento, regeneração e reprodução.

Corpo Astral (corpo anímico ou alma): são as forças da consciência, presentes nos reinos animal e humano, e que formam o fundamento para uma vida sensitiva. Tem um papel de "organizador" dos processos vitais e, de maneira didática, podemos dizer que ele manifesta-se como sistema nervoso e vida psíquica.

Organização do Eu (espírito): é o elemento característico do ser humano, que o distingue dos demais reinos e seres da natureza. É o responsável pela atuação saudável dos demais corpos e o aparecimento do andar ereto, da fala e do pensar. É a nossa individualidade, nossa entidade espiritual. Relaciona-se com os processos de calor no âmbito do organismo.

Uma analogia pode ser feita com os quatro elementos da medicina hipocrática e também da alquimia: terra (corpo físico), água (corpo etérico), ar (corpo astral) e fogo (Eu).


As etapas do desenvolvimento humano ou biografia humana

Uma das grandes contribuições da Antroposofia para a Medicina e a Psicologia é o aprofundamento do estudo das leis biográficas. Se observarmos o ser humano em seu processo de desenvolvimento, veremos que este se dá em ciclos de sete anos, marcados por acontecimentos significativos no campo biológico ou psicológico. Do nascimento aos sete anos de idade, vemos profundas transformações relacionadas com o crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor. O bebê transforma-se em uma criança com pensar lógico, com sentimentos, vontade própria e muita agilidade. A troca dos dentes e o início da alfabetização, em torno dos sete anos, marcam essa mudança de ciclo. Aos quatorze anos, a maioria dos jovens atingiu a puberdade, marcando um amadurecimento biológico, e aos 21 anos geralmente buscam a sua independência da família, já tendo alcançado a maioridade jurídica. E assim, a alma humana vai se transformando junto com o seu corpo físico-biológico, à medida que o Eu, a individualidade, vai se aprofundando em seu caminho pela Terra. De maneira mais resumida, vemos três grandes marcos biográficos: do nascimento aos 21 anos; dos 21 aos 42 anos; dos 42 aos 63 anos/final da vida. Cada um desses ciclos pode ser dividido em três setênios com características muito definidas. Mas, num olhar abrangente sobre o ciclo de vida humana, vemos um início de vida com muita vitalidade física e pouca consciência; depois um período com maior desenvolvimento emocional e o "apropriar-se do mundo", seguido geralmente por uma fase de maturidade, sabedoria e desenvolvimento de consciência social, mas com baixa vitalidade. No fim da vida há um "desprender-se do mundo". Segundo a Antroposofia, o Eu humano tem uma trajetória encarnatória, descendendo dos mundos espirituais de onde se origina, do nascimento à metade da vida (por volta dos 42 anos), quando esse processo chega ao fim. Logo após começa a sua trajetória de volta aos mundos espirituais, caracterizando uma trajetória excarnatória, um processo ascendente. Entre esses acontecimentos, o Eu humano desenvolve uma história individual, única: a sua biografia.

Compreender o processo de saúde e de doença significa também compreender o momento biográfico, suas crises e seus frutos.







Fonte: ABMA - Associação Brasileira de Medicina Antroposófica
http://www.abmanacional.com.br/
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sábado, 10 de dezembro de 2016

APROPRIAR-NOS DE NOSSAS EXPERIÊNCIAS

Muitos de nós pensam que nossa responsabilidade está a cargo de outras pessoas. Como resultado, quando levamos algum tranco da vida, imediatamente procuramos um bode expiatório. Entretanto, ao culparmos os outros, estamos apenas nos amarrando à nossa própria escravidão, nossa consciência reativa. A verdade é que, no minuto em que caímos em julgamento dos outros, de nós mesmos ou da situação diante de nós, perdemos a oportunidade de ver e agir imediatamente e aproveitar a oportunidade de nos reconectarmos com a Luz.

Cada um de nós é um professor e cada um de nós é um aluno, o que significa que todas as coisas que acontecem em nossas vidas são lições para aprendermos. Quando conseguimos ver nossa realidade através das lentes de nossa responsabilidade pessoal, em vez das lentes do julgamento e de culpar os outros, ganhamos a capacidade de nos libertarmos das influências kármicas que fazem com que continuemos a vivenciar os mesmos padrões repetidamente.

Assim, precisamos consistentemente perguntar a nós mesmos: ”Por que estou neste filme? Qual a reação que esta experiência está provocando em mim e pela qual eu preciso assumir 100 % de responsabilidade, e depois me desapegar para sempre?”

Fique aberto e não julgue a si mesmo, aos outros ou a situação diante de você. Em vez disso, apenas observe a reação que a pessoa ou a situação provoca em você e aproprie-se dela.




Karen Berg






Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalahcentre.com.br
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REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA

No mundo atual, movido pela pressão, há uma crescente demanda não só por eficiência e oportunidade em nossas relações com o mundo, mas também por mais sensibilidade emocional em nossos relacionamentos. Esses suportes de vida são possíveis apenas se tivermos comando sobre nós mesmos. Se queremos realmente ser capazes de liderar os outros, primeiro temos que ser capazes de liderar a nós mesmos. Não podemos exigir dos outros o que nós mesmos não estamos dispostos a fazer e mostrar. (Vivendo Nossos Valores, Brahma Kumaris, 2014)

Paciência é uma daquelas virtudes que pode transformar um momento de grande ansiedade em quietude, uma rápida agitação mental no fluir suave de um rio. Na presença de uma pessoa paciente somos envoltos por uma aura de calma como se entrássemos na luz tranquila da ausência de pressa dela. Mesmo quando ela está ocupada, a qualidade da sua ocupação irradia paciência. Para ser paciente, observe a natureza. A natureza é sempre pacientemente ocupada. (Mike George)

Apreço é uma ferramenta poderosa para a mudança pessoal e social. E começa comigo. Se eu quero mais apreço na minha vida, eu preciso demonstrar apreço primeiro – para mim mesmo, meu parceiro, meus pais, meus filhos, amigos e colegas. E também para aqueles que me servem e para as pessoas que não conheço e que encontro na rua. Quanto mais valorizo os atos diários de bondade e consideração de outras pessoas, mais eles irão apreciar os meus. Juntos nós podemos criar um sentimento de cooperação, comunidade, harmonia, seja onde estivermos. (Vivendo Nossos Valores, Brahma Kumaris, 2014)

Como seres humanos somos muito sensíveis ao ambiente ao nosso redor. Podemos entrar em uma casa onde houve uma discussão e imediatamente sentir a tensão no ar, mesmo que ninguém diga nada. Da mesma forma, podemos sentir o ambiente de paz e calma de uma igreja, templo, mesquita ou sala de meditação. Um ambiente negativo pode nos influenciar ou podemos optar por influenciá-lo. Usar as virtudes, ter pensamentos positivos, praticar boas ações são algumas maneiras de criar uma atmosfera positiva onde quer que estejamos. (Vivendo Nossos Valores, Brahma Kumaris, 2014)





Brahma Kumaris







Fonte: www.bkumaris.org.br
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REALIDADE DO ATMA

Cada um tem sua própria força e fraqueza, debilidades e medos, habilidades e desvantagens, por isso, nenhuma receita pode ser sugerida para todos. Você deve proceder a partir de onde está atualmente, no seu próprio ritmo, de acordo com sua própria luz interior. Mas, desde que se tenha um vislumbre da Realidade do Atma, da fonte de onde se surgiu e a meta na qual se fundirá, o objetivo da viagem será alcançado mais cedo ou mais tarde. O fascínio pelo corpo e os sentidos que o dominam, e o mundo que alimenta os sentidos, bem como o encanto pelas aventuras vaidosas em busca de fama e fortuna - tudo isso perderá o sentido e desaparecerá assim que você receber um vislumbre dessa Realidade do Atma, quer através da graça ou através de um Guru ou através de outros meios. A pessoa terá, então, em vez de deha-bhranti (apego ao corpo), que agora o atormenta, o desejo de conhecer e se estabelecer em Dehi, o Morador Divino. (Discurso Divino, 16 de março de 1966)





Sathya Sai Baba







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DE ONDE SURGE A MALDADE?

O significado do termo maldade tem conexão com a qualidade daquele ou daquilo que é mau, com a ação maligna, a iniquidade e a crueldade. Mas por que alguns têm atrativo pela perversidade? O tema sempre inquietou os pensadores dos mais diversos campos do saber e da ação humana: filosofia, ciência, arte, religião.

Historicamente, segundo alguns modelos previsíveis, os males humanos pareciam não mais destinados a preocupar os pensadores, pois que a maldade parecia ser circunscrita. Para alguns estudiosos o “holocausto”, durante a Segunda Grande Guerra, reacendeu-se o debate sobre os limites da barbárie, da perversidade humana, lançando no universo intelectual europeu e mundial uma onda de pessimismo e ceticismo.

Hanna Arendt, filósofa judia, que estudou as questões do mal, escreveu o livro “Eichmann em Jerusalém”, que analisa o julgamento do verdugo nazista, mentor da morte de milhares de pessoas. Tendo como referencial o “caso Eichmann”, a autora justifica que o mal pode tornar-se banal e difundir-se pela sociedade como um fungo, porém apenas em sua superfície. Para Arendt, as raízes do mal não estão definitivamente instaladas no coração do homem e por não conseguirem penetrá-lo profundamente a ponto de fazer nele morada, podem ser extirpadas.

Para muitos, o mal seria mais forte que o bem, e que os espíritos do mal estariam conseguindo sobrepujar os Benfeitores espirituais, frustrando-lhes os desígnios superiores. Em que pese a antiga tradição de tais assertivas, elas são insustentáveis e falsas; diríamos mesmo absurdas. Admitir o triunfo do maligno a prejuízo da humanidade é o mesmo que negar ao Senhor da Vida os atributos da onisciência e da onipotência, sem os quais não poderia ser o Senhor da Vida.

O mal não advém dos Estatutos do Todo-Poderoso como concebem alguns incautos, especialmente aqueles que vivem distanciados do entendimento da Boa Nova. O mal é transitório, não tem raízes. Para o Espiritismo o mal é criação do próprio homem e não tem existência senão temporária, transitória, pois no arranjo maior da Vida não tem sentido a permanência do mal. No capítulo em que trata da escala espírita, o Codificador, ao situar os espíritos imperfeitos na terceira ordem, traça como seus caracteres gerais “Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são consequentes.”. [1]

A humanidade vem nos últimos anos passando por transformações viscerais. A influência do materialismo sobre as questões e a vida social cresce consideravelmente. Os valores morais estão sendo corrompidos com assombrosa velocidade. Nunca o mundo precisou tanto dos ensinos espíritas como nestes tempos atuais. Vivenciamos instantes em que se aguça a revolta nos corações em face das imposições de ideologias falidas, e nos vendavais da tecnologia somos remetidos aos acirramentos das separatividades e isolamentos, estabelecendo-se níveis de revoltas sociais inaceitáveis.

Obviamente não há como se desconhecer a luta pela subsistência. Há as enfermidades, as insatisfações, os conflitos emocionais, os desenganos. As imperfeições próprias daqueles com os quais convivemos. Enfim, as variadas vicissitudes da existência. Nessa autêntica desordem, usando e abusando do livre arbítrio, cada qual vai colhendo vitórias ou amargando derrotas, segundo o grau de experiência conquistada. Uns riem hoje, para chorarem amanhã, e outros que agora se exaltam, serão humilhados depois.

Devemos interrogar a própria consciência, passando em revista os atos cotidianos, para a identificação dos desvios dos deveres que deveriam ter sido cumpridos e dos motivos alheios de queixa por conta dos nossos atos. Revisemos periodicamente nossas quedas e deslizes no campo moral, ativando a memória para nos lembrarmos dos tantos espinhos que já trazemos cravados na "carne do espírito"[2], tal como ensina Paulo de Tarso. Estes espinhos nos lembrarão a nossa condição de enfermos em estágio de longa recuperação, necessitados de cautela. O mal não é invencível, pelo contrário.

Não conseguiremos nos livrar das consequências advindas dos males que praticamos. O mal que nasce em nós nos impregna e temporariamente passa a fazer parte de nossa personalidade. Paulo de Tarso, na sua carta aos romanos, tece comentários sobre as lutas que se deve travar para combater o mal em nós mesmos, em frase já célebre: "Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço"[3]. O mal a que se refere Paulo em suas epístolas é o mal trivial que subsiste em nós e é alimentado por nossa vontade. E que, em certa medida, nos proporciona prazer pelo torpor de consciência.

A escuridão é somente ausência da luz. Não é real. Só Deus é Vida; somente o Bem é a finalidade da vida. Para que possamos vislumbrar um mundo sem angústias e nem problemas sociais, livres das misérias econômicas e políticas, apelemos para o amor incondicional, que possui os recursos eficazes para a conciliação, o perdão, a transformação moral, fomentando o bem para o progresso, o que concorre para enriquecer nossa sensibilidade, aprimorar nosso caráter, fazer que se nos desabrochem novas faculdades, o que vale dizer, se dilatem nossos gozos e aumente nossa felicidade.

Em suma, o mal deriva do coração humano e a batalha do bem contra o mal, tema de incontáveis livros e filmes, deve ser travada nos domínios dos nossos próprios corações, acima de tudo.




Jorge Hessen






Fonte: Artigos Espíritas
http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/
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Referências bibliográficas:

[1] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, pergunta 89, RJ: Ed. FEB, 2000
[2] II Coríntios 12:7
[3] Rom 7:19

ESCREVER O LIVRO INTERIOR

Pode-se comparar o ser humano a um livro, um livro que ele próprio está a escrever. E, muitas vezes, é um conjunto de garatujas (rabiscos), uma grande confusão, um amontoado de insanidades, de aberrações… E, quando dois desses livros se encontram e sentem atração um pelo outro, ficam dia e noite ocupados a ler-se. Mas o que é que eles aprendem com essa leitura? Os humanos conhecem certamente muitas coisas, mas ainda não aprenderam a escrever o seu próprio livro. Eles só se preocupam em criar no exterior de si mesmos: esculpir, modelar, desenhar, escrever… sempre no exterior. O interior permanece um terreno inculto. É tempo de eles aprenderem a escrever o seu próprio livro. Então, sempre que se encontrarem, ficarão maravilhados por poderem ler e ver uns nos outros palavras, frases, poemas e desenhos sublimes: as qualidades, as virtudes, os dons que cada um se terá esforçado por desenvolver em si mesmo.





Omraam Mikhaël Aïvanhov






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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A CORRETA DEVOÇÃO ELIMINA A TRISTEZA, A PREOCUPAÇÃO, A ANSIEDADE E O SOFRIMENTO

Hoje todo mundo é atormentado por preocupação e ansiedade. Não há um momento em que você esteja livre de preocupações. "Nascer é uma preocupação, viver na Terra é uma preocupação; o mundo é uma causa de preocupação e a morte também é um motivo de preocupação; toda a infância é uma preocupação e assim é a velhice; a vida é uma preocupação, o fracasso é uma preocupação; todas as ações e dificuldades causam preocupação; até mesmo a felicidade também é uma preocupação misteriosa", diz um poema télugo! O apego ao corpo é a principal causa de todas as ansiedades. É impossível experimentar a felicidade sem sofrer dificuldades e preocupações. O prazer é um intervalo entre duas dores. Você empreende diversas atividades das quais algumas são boas e outras más. Seu pensamento (sankalpa) é a causa fundamental dessa dualidade. Bons pensamentos levam a boas ações e vice-versa. Você é a personificação de resoluções e negações (sankalpas e vikalpas). A verdadeira prática espiritual consiste em controlar seus pensamentos e aberrações. (Discurso Divino, 10 de setembro de 2002)

Se desenvolvermos compaixão e bondade (maitri), Deus parecerá estar perto de nós. Quer sintamos dor ou prazer, quer estejamos em dor ou dificuldade, em todos os momentos devemos expandir nosso coração de tal forma que sejamos capazes de receber Prema de Paramatma (o amor de Deus). Por outro lado, se acolhermos más características como querer cometer pecado, ou ouvir coisas que não se deve ouvir ou ferir e prejudicar os outros, então, justiça, bondade e honestidade nunca passarão perto de nós. Portanto, você deve desenvolver qualidades sagradas. Os Pandavas eram tais pessoas nobres, e é por isso que, por direito, desfrutavam da proximidade do Senhor. Para os Pandavas, Krishna era o sopro vital e, para Krishna, Seu corpo eram os Pandavas. Para os Pandavas, não houve um único momento em que Krishna não estivesse presente. O que quer que eles vissem ou fizessem, foi apenas sob o impulso e a força que eles receberam de Krishna. (Rosas de Verão nas Montanhas Azuis, 1976, Capítulo 12)

Quem quer que a pessoa possa ser, sob qualquer condição, se alguém não dá espaço algum ao desânimo, se a pessoa não tiver medo algum e se alguém se lembrar do Senhor com fé inabalável e sem qualquer outro motivo, todo sofrimento e tristeza desaparecerão. O Senhor nunca indagará a qualquer momento sobre a casta a que pertence ou os preceitos ou tradições que você segue. A devoção não consiste em usar um tecido ocre, organizar festivais, realizar sacrifícios rituais, raspar o cabelo, transportar pote de água ou bastão, trançar o cabelo etc. Em vez disso, as características da devoção são: a mente pura (antah-karana), contemplação ininterrupta de Deus (em tudo aquilo que se possa estar fazendo), a sensação de que tudo é criação do Senhor, e, portanto, a) desapego aos objetos dos sentidos, b) aceitação de todos em idêntico amor, e c) dedicação à verdadeira fala. (Prema Vahini, Capítulo 61)





Sathya Sai Baba







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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

USO INADEQUADO DA MENTE, ESFORÇO, POSIÇÃO E RIQUEZA

Todo ser recebe socorro e alívio somente de Deus, de quem você se originou. Tome o caminho espiritual com um sentimento de urgência, pois a morte está esperando para arrebatar a vida de você! Esqueça todos os desejos mesquinhos. Não se deleite e desperdice momentos preciosos com os prazeres vazios. A razão de fazer isso é somente porque você se identifica com o corpo. O corpo é apenas um lugar de habitação, um veículo e um invólucro. Veja-se como um residente no mesmo, e, quase que imediatamente, sua dor desaparecerá. Você ficará menos egocêntrico e sentirá afinidade com os outros; aqueles que gostam de você são meros residentes em seus corpos. (Discurso Divino, 20 de fevereiro de 1966)

Sem remover a servidão aos sentidos e nosso corpo, não podemos progredir na vida. Por isso, devemos controlar nossos sentidos. Para obter resultados eficazes, é preciso primeiro comprometer-se a promover amor, compaixão e sacrifício. Quando preenchermos nosso coração com essas três qualidades, ele florescerá em um belo jardim com flores exuberantes (Nandanavana). Por outro lado, se preenchê-lo com características como ódio, ciúme e raiva, então ele se tornará uma piscina fedorenta. Devemos olhar interiormente e decidir se queremos que o nosso coração seja um Nandanavana ou uma piscina imunda, malcheirosa. As pessoas devem fazer todos os esforços para preencher seus corações com qualidades sagradas. Quando vemos pessoas felizes, devemos nos sentir felizes por sua felicidade. Quando vemos sofrimento e dificuldades, devemos também compartilhar seus sofrimentos. Esta atitude é chamada maitri-bhava. Faça todas as tentativas para promover a compaixão e a bondade. (Rosas de Verão nas Montanhas Azuis, 1976, Capítulo 12)

Hoje as pessoas não estão fazendo uso adequado de sua mente, esforço, posição e riqueza (mati, gati, sthiti e sampatti). Como resultado, elas perdem a energia sagrada que Deus deu e também estão sujeitas a miséria e sofrimento por causa de maus traços como desejo, raiva e ganância (kama, krodha e lobha). Você não tem absolutamente nenhum controle sobre seus desejos. Quando um desejo é realizado , você começa a ansiar por outro! A raiva é outra má característica que estraga as pessoas. "Uma pessoa com raiva não será bem sucedido em qualquer empreendimento. Ela vai cometer pecados e ser ridicularizado por todos", diz um poema Telugu. O ódio é ainda mais perigoso do que a raiva. Ela dá origem a muitas más qualidades que intervêm no caminho de experimentar a Divindade. Não se transforme em um animal, permitindo que essas qualidades malignas dominá-lo. Constantemente lembre-se de que você é um ser humano e mantenha sob controle suas tendências animais. (Divino Discurso, 10 de setembro de 2002)





Sathya Sai Baba







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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

A DOR É EFEITO DE NOSSAS AÇÕES, PORTANTO NÃO EMANA DE DEUS

Se compreendêssemos melhor os mecanismos da Lei de ação e reação evitaríamos infortúnios, ambições e desonras que, definitivamente, não estariam em nosso roteiro, seríamos mais comedidos nas ações diárias. Precisamos refletir a Lei de causa e efeito com o máximo discernimento, a fim de nos conscientizarmos sobre a sua imposição rígida e fatal, que desfere tanto reparações chocantes, quanto gratificações surpreendentes, sempre, justas, judiciosas e controladas, as quais expressam a resposta da Natureza, ou da Criação, contra a desarmonia constituída ou submissões aos códigos divinos em seus suaves aspectos.

“Quão severa e temível é a lei que rege os destinos da Criação! Os homens terrenos precisam ser avisados destas impressionantes verdades, a fim de que melhor se conduzam durante as obrigatórias travessias das existências.”[1] A Lei de ação e reação ou causa e consequência também popularizada como Lei do “carma” [2], é conhecida desde as civilizações mais antigas.

Ninguém está sujeito ao império aleatório do “acaso”, pois este não existe. A casualidade não tem espaços nos dicionários espíritas, portanto não traz poder capaz de reger nossos destinos. É a Lei do “carma”, Lei de “causa e efeito” ou a Providência divina, que tudo ordena, corrige e atua, interferido tanto nas dimensões infinitesimais do microcosmo, como na imensidade colossal do macro universo. Tal divino ditame objetiva exclusivamente administrar o aprimoramento incessante de todas as coisas e seres que estruturam a harmonia da Lei do Criador.

A Lei de causa e efeito tonifica a contabilidade divina com o seu saldo credor ou devedor para conosco. Os altivos regulamentos do Pai demonstram que “a semeadura é livre, mas a colheita obrigatória”, e “a cada um será dado conforme as suas obras”, portanto, não permitem exceções a ninguém, mas ajustam as criaturas à disciplina individual e coletiva, tão necessárias ao equilíbrio e harmonia da Humanidade.

O principal meio de modificar para melhor o chamado “carma” ou conta do destino criada por nós mesmos reside no controle dos nossos desejos, pensamentos, palavras e ações, pois, à medida que nos melhorarmos, reduziremos ou modificaremos os débitos do passado e criaremos um novo “carma” para o futuro.

Sofremos após a desencarnação os resultados de todas as imperfeições que não conseguimos corrigir na vida física. A Lei divina institui que felicidade e desdita sejam reflexos naturais do grau de pureza ou impureza moral. A completa felicidade reflete a purificação completa do Espírito, enquanto a imperfeição causa sofrimento e privação de alegria. Portanto, toda perfeição alcançada é fonte de gozo e atenuante de sofrimentos.

Pela justiça de Deus sofremos não apenas pelo mal que fizemos mas pelo bem que deixamos de fazer seja na Terra ou no Além-túmulo. O sofrimento (expiação) varia segundo a natureza e gravidade da falta, podendo a mesma falta produzir expiações distintas, segundo as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida. Para a Codificação espírita não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração da penalidade: - a única lei geral é que toda falta terá punição, e todo ato meritório terá gratificação, segundo o seu valor.

Em face do livre arbítrio somos sempre juízes do próprio destino, podendo delongar os sofrimentos pela persistência no mal, ou atenuá-lo e até anulá-los pela prática do bem. Um dos mecanismos que suavizam o sofrimento é a contrição. Entretanto não nos basta o arrependimento, pois são imprescindíveis a expiação e a reparação. Allan Kardec explana o seguinte: “arrependimento, expiação e reparação constituem as três condições necessárias para aplacar os traços de uma falta e suas implicações. O arrependimento suaviza os amargores da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito distraindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.”[3]

O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo. Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são consequentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal. A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Em que pese a diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos Espíritos imperfeitos, a Lei de Deus estabelece que o sofrimento seja inerente à imperfeição.

Toda imperfeição, assim como toda falta dela decorrente, traz consigo a própria punição nas consequências naturais e inevitáveis. Assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo. Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura felicidade. A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: - tal é a lei da Justiça Divina. [4]





Jorge Hessen





Fonte do Texto e da Gravura:
ARTIGOS ESPÍRITAS - JORGE HESSEN
https://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br/




Referências bibliográficas:

[1] Pereira, Ivone. Dramas da Obsessão, ditado pelo espírito Bezerra de Menezes, RJ: Ed. FEB, 2004

[2] Expressão hinduísta exprimindo o efeito que nossas ações geram no futuro (tanto nesta como em outras encarnações) 

[3] Kardec, Allan. O Céu e o Inferno, As penas futuras segundo o espiritismo, seção: código penal da vida futura, RJ: Ed. FEB 1977

[4] Idem

SIGNIFICADO MAIS PROFUNDO DA VIDA

Nesta longa jornada chamada vida, você deve viajar com menos bagagem (desejos). Daí a citação: "Menos bagagem, mais conforto, faz da viagem um prazer". Assim, a partir de hoje, pratique e adote a nobre máxima do limite aos desejos. Aspire abreviar seus desejos diariamente. Você está sob a noção equivocada de que a felicidade reside na satisfação dos desejos. Mas, na verdade, a felicidade começa a despontar quando os desejos são totalmente erradicados. Quando reduz seus desejos, você avança rumo ao estado de renúncia. Você tem muitos desejos. O que obtém deles? Você é obrigado a enfrentar as consequências quando imagina algo como seu. Quando reivindica um pedaço de terra como seu, então você terá de fazer a colheita. Esse instinto de ego e apego o colocará em sofrimento. Você será feliz no momento em que desistir do ego e do apego. (Discurso Divino, 14 de março de 1999)

Os Vedas nos ensinam que nosso coração é como um céu e, no céu de nosso coração, a mente é a lua, os olhos e a inteligência são como o Sol. No céu do seu coração, trate seus pensamentos como nuvens passageiras. Se no céu de seu coração há milhões de nomes do Senhor brilhando como estrelas, e sua mente brilhando como a lua, então você está bem posicionado para alcançar a felicidade. A felicidade é a união com Deus. Treine sua mente para ser como a lua cheia e purifique seu coração. O Senhor Krishna deseja que você mantenha sua mente pura e aceite a verdade e a honestidade como seus princípios de vida fundamentais. Nossa própria conduta é responsável pela decadência ou o envelhecimento do nosso corpo. Nossos desejos conduzem nosso comportamento. Não viva no mundo para simplesmente satisfazer seus desejos. Dor e prazer são como nuvens passageiras que se movem em nosso coração. Então, trate-os como tal, e nada mais. (Rosas de Verão nas Montanhas Azuis 1976, Capítulo 11)

Quando você se torna consciente da luz, adquire sabedoria e percebe o sentido da existência, você é transportado da agonia ao êxtase. Luz aqui não significa a luz do Sol, da Lua ou da lâmpada, mas a do coração. A sabedoria não se refere ao conhecimento científico, mas à iluminação provocada pela transformação do coração. E quanto à existência? A consciência da sua verdadeira realidade é o sentido apropriado da existência. A consciência de sua realidade está na percepção de que você não é o corpo, a mente ou os sentidos. Verdadeira realização consiste em compreender o fato de que você é fundamentado em um princípio transcendental que ultrapassa os limites da matéria. Deve-se investigar seriamente a presença da Divindade na vida humana. A consciência do próprio dever da pessoa é o mesmo que a consciência da Divindade na vida humana. (Chuvas de Verão, Capítulo 1, 20 de maio de 1996)

Para um observador superficial, a vida parece girar em torno de comer e beber, trabalhar e dormir. Mas, na verdade, a vida tem um significado muito mais profundo. A vida é um sacrifício (yajna). Cada pequeno ato é uma oferenda ao Senhor. Se os seus dias forem gastos em obras realizadas neste espírito de entrega, seu sono será uma imersão total na Consciência Divina (Samadhi)! A maioria das pessoas comete o grande erro de identificar-se com o corpo e elas acumulam uma variedade de coisas para sua manutenção e conforto. Quando o corpo se torna fraco e decrépito com a idade, elas ainda tentam reforçá-lo por um meio ou outro. Por quanto tempo pode a morte ser adiada? Quando o mandado de Yama (Senhor da Morte) chega, todos devem sair. Posição, orgulho e poder - todos desaparecem diante da morte. Lembre-se, você não é esse corpo! É seu veículo para servir a todos. Percebendo isso, esforce-se dia e noite, com pureza no corpo, mente e espírito, para realizar o Eu Superior. (Prema Vahini, Capítulo 6)




Sathya Sai Baba






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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTOS DE FADA

“A criança pequena não separa a si mesma da realidade circundante – sua consciência “eu-mundo” é integrada. Durante essa fase, ela vivencia lenta e gradativamente a separação, ou seja, adquire a noção de sujeito – ela própria – e objeto – o mundo. Confiante no mundo, a criança se entrega a ele e vive na ação. Seus sentidos poucos especializados recebem, sem crítica, as impressões que possibilitarão o desenvolvimento de sua capacidade de percepção. Ela vive a realidade de si mesma e do mundo de forma una, profunda e total. A importância dos contos de fada está na condição de sementes que, lançadas na alma, produzirão sentimentos, ideias, ideais. Ao se tornarem adultas, enfrentando as dúvidas e dificuldades da vida poderão resgatar, conscientemente ou não, a força de suas verdades. A vivência dessas histórias contadas, a própria energia dos símbolos, representam um tesouro que se transformará em qualidades para atuar e compreender o mundo e a si mesmo.”



A criança vive os contos de fada desde o momento em que começa a dizer eu até aproximadamente os sete anos, podendo contá-las, dependendo da história e de seu próprio desenvolvimento, até por volta dos nove anos.

Neste período ela não separa a si mesma da realidade circundante – sua consciência “eu-mundo” é integrada. Durante essa fase, ela vivencia lenta e gradativamente a separação, ou seja, adquire a noção de sujeito – ela própria – e objeto – o mundo.

Confiante no mundo, a criança se entrega a ele e vive na ação. Seus sentidos poucos especializados recebem, sem crítica, as impressões que possibilitarão o desenvolvimento de sua capacidade de percepção. Ela vive a realidade de si mesma e do mundo de forma una, profunda e total.

De início há uma vivência inconsciente, principalmente a da luta entre as forças da matéria (impulso natural ou libido) e as forças da forma (impulso individual e formativo) que atuam em seu corpo físico. Essa atuação, às vezes de maneira calma, outras vezes turbulenta, orientam seu desenvolvimento corpóreo segundo leis de crescimento, maturação, equilíbrio, proporção e harmonia. Há um predomínio das energias vitais, denominadas “corpo etérico”, cujo objetivo é o desenvolvimento físico.

Nessa fase, a criança constrói uma imagem de si mesma e do mundo. Essas representações são exteriorizadas por meio do desenho e da modelagem, expressando a atividade de seu próprio corpo em crescimento ou a realidade externa como ela a percebe.

O trabalho educativo nesse período, objetiva proporcionar conteúdos para especializar, sensibilizando seu corpo de percepção, e desenvolver sua habilidade motora – um lado do processo. O outro lado, tão importante quanto o primeiro, é o desenvolvimento da linguagem e da imaginação por meio dos contos de fada, preferencialmente os coletados pelos Irmãos Grimm, em virtude de sua maior fidedignidade à tradição oral. Os contos de fada são narrados com a certeza de que nada tem a ver com a questão da percepção sensorial. Como um pequeno Adão, a criança inicia seu reconhecimento do mundo a partir da força da palavra, nomeando a si e às coisas do mundo, mas o nome (signo) e o ser (significado) estão integrados, da mesma forma como a própria criança com o mundo. A palavra com significado pleno, o logos, forma a própria linguagem da criança, bem como a base ético-moral, hábitos e costumes, sua confiança no mundo.

Para qualquer criança, ouvir contos de fada seria como um retorno a um país de origem, país em que se situa o berço da humanidade. Os conteúdos dos contos de fada são próprios para os pequenos. Sua importância está na condição de sementes que, lançadas na alma, produzirão sentimentos, ideias, ideais. Ao se tornarem adultas, enfrentando as dúvidas e dificuldades da vida, tais pessoas poderão resgatar, conscientemente ou não, a força de suas verdades. A vivência dessas histórias contadas, a própria energia dos símbolos, o momento mágico, a intimidade da relação adulto-criança, a confiança depositada no educador e, portanto, no mundo, representam um tesouro que se transformará em qualidades para atuar e compreender o mundo e a si mesmo.





Sueli Pecci Passerini






Fonte: do livro "O Fio de Ariadne – Um caminho para a narração de Histórias", Editora Antroposófica, via http://www.antroposofy.com.br/forum/consideracoes-sobre-os-contos-de-fada/
Fonte da Gravura: http://www.antroposofy.com.br/forum/consideracoes-sobre-os-contos-de-fada/

OS FRUTOS QUE RECEBEMOS CORRESPONDEM ÀS SEMENTES QUE PLANTAMOS

Nem tristeza, nem prazer jamais poderão ser permanentes para qualquer um. Tudo o que fazemos, bom ou mau, consciente ou inconscientemente, produzirá resultados. Por isso, é necessário que façamos o bem para que as consequências também sejam boas. Quando uma criança nasce do ventre da mãe, ela não vem com uma grinalda ou uma corrente de ouro. No entanto, a criança vem com a sua corrente invisível de 'Karma' - o resultado de todas as ações (karma) que se tem feito em seus nascimentos anteriores. Mas esse ornamento é invisível. Para nos ajudar a viver esta vida bem e de forma a não ter uma corrente de reações ruins em torno do nosso pescoço, quando nascermos na nossa próxima vida, é necessário reconhecermos, como uma lição primária, que devemos fazer boas ações em nossas vidas diárias. Por isso pratique, 'faça o bem, seja bom e veja o bem.' Somente isso o levará a Deus! (Rosas de Verão nas Montanhas Azuis, 1976, capítulo 8)

Todos devem enfrentar as consequências de seus erros, um dia ou outro, porque cada ação tem uma reação, ressonância e reflexão. A consciência deste fato por todos trará paz e harmonia abundantes. Os seres humanos são dotados de força infinita. Seus corpos são de fato um enorme gerador. Seus rostos são como um aparelho de televisão, com expressões vívidas. Mas os seres humanos perderam seu valor no mundo de hoje. É o ser humano quem dá valor a um diamante. É um ser humano que descobre uma pedra bruta e transforma-a em um diamante de valor inestimável após processamento e polimento. Embora as pessoas tenham sido capazes de transformar uma pedra bruta barata em um diamante de valor inestimável, elas próprias escolhem não ter nenhum valor intrínseco, apesar de contribuir muito para a adição de valor ao diamante. (Chuvas de Verão, Capítulo 1, 20 de maio de 1996)

O Mahabharata nos ensinou uma lição na qual devemos considerar nossas ações como responsáveis pelas nossas tristezas ou alegrias. Mas, como um ser humano, você deve realizar quaisquer ações que tiver que executar. Não pense que conseguirá isso ou aquilo, e não pense que será capaz de fazer grandes coisas sem a graça de Deus. Não se canse com esse processo. O tipo de semente que você plantou, que lhe trouxe para a posição em que você está hoje, irá determinar os resultados que você obterá mais tarde. Você pode ser muito inteligente e esperto. No entanto, toda sua inteligência e esperteza não lhe permitirá superar o seu próprio Karma. Brahma, o Criador, prepara uma guirlanda de todo o bem e mal que você tem feito, como eles são, e Ele coloca isso ao redor do seu pescoço quando você nasce. É necessário reconhecermos esta relação causal. Nós somos responsáveis pelo bem e o mal que fazemos, e que os nossos desejos são, de fato, meramente consequências disto. (Rosas de Verão nas Montanhas Azuis, 1976, capítulo 8)

Você nunca deve ocupar-se em debater sobre o bem e o mal nos outros. Se você acolher más características em sua mente, ela o levará a um caminho ruim e você certamente irá cair. As pessoas que acolhem ideias ruins certamente serão destruídas no decorrer do tempo, apesar de toda riqueza ou conhecimento que possam ter. Um indivíduo que se esforça para manter afastado de si o mau e tenta promover o bem, fará um progresso real. Se você usar mil olhos para localizar os defeitos nos outros e gastar todo o seu tempo neste processo, seu coração ficará impuro e você desenvolverá ideias ruins. Nosso coração é como uma lente de câmera. O objeto no qual concentramos nossa atenção fica impresso na mente. Jovens e idosos igualmente devem tentar cuidar para que características como inveja, ódio e falta de tolerância nunca entrem em suas mentes. (Rosas de Verão nas Montanhas Azuis, 1976, Capítulo 2)

Se você compreende erroneamente que Deus (Brahman) externamente está lhe causando bem ou mal, ou que Ele está lhe dando alguma punição, essa não é a atitude apropriada. Este poder ou força que tentamos descrever pela palavra "Brahman" não é algo que é externo ou fora de você. Ele está presente em você e está em seu próprio ser. Os frutos que você recebe corresponderão a todas as sementes que você plantar. Se a semente é de um tipo e se você tem ambição de obter um fruto diferente, como é possível? Você pode ser muito inteligente, mas toda a inteligência não serve para nada se você não abandonar as características ruins. Qualquer que seja o bem ou o mal que você tenha feito, o aspecto de Brahman não quebrará o bem e o mal em partes isoladas. Deus lhe dará uma guirlanda ininterrupta de todo o bem e todo o mal que você tem acumulado. (Chuvas de Verão em Brindavan, 1974, Volume 1, Capítulo 3)





Sathya Sai Baba






Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

IOGA É A SUPRESSÃO DAS TRANSFORMAÇÕES DO PRINCÍPIO PENSANTE

Os Ioga Sutras dizem:

"Ioga é a supressão das transformações do princípio pensante". [1]

Isso não pode ser feito de fora para dentro, ou desde a periferia da mente. Tentativas de controlar totalmente a mente desde as suas camadas externas são neuróticas na melhor das hipóteses. A eficiência é obtida quando a capacidade de parar ou movimentar a mente é feita desde o próprio centro do princípio pensante.

Isso depende da pureza do coração.

Um coração puro é aquele nível da mente-e-coração do ser humano que está livre de desejo pessoal.

Quando a alma sente-se totalmente "em casa" na ausência de desejos ou medos de eu inferior, quando a alma deseja apenas a Bondade em si mesma, então a Ioga acontece. E não acontece como uma meta sendo alcançada por algum ser pessoal. Ocorre como a cura de todo sofrimento e como a estabilidade que contém o melhor de qualquer movimento possível.

É percebido como o sentimento de um cachorro velho que volta para perto do seu dono: tudo é feito de paz quando a mente está ao lado do seu mestre, a alma espiritual. Então não é necessário pensar para saber entender todas as coisas.




Carlos Cardoso Aveline 





Fonte: SerAtento@yahoogrupos.com.br
Fonte da Gravura: Tumblr.com

Outros Textos em:
www.FilosofiaEsoterica.com
www.TeosofiaOriginal.com
www.VislumbresDaOutraMargem.com




Nota:

[1] Sutra 2 da Seção ou Livro um, em "Ioga Sutras de Patanjali". Uma das melhores edições disponíveis é “The Yoga Sutras of Patanjali”, with translation, Introduction, Appendix, and Notes based upon several authentic commentaries, by Manilal Nabhubhai Dvivedi, Published by Tookárám Tátyá for the Bombay Theosophical Publication Fund, 1890, 107 páginas.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

SERVIR AOS SEMELHANTES É SERVIR A DEUS

Todos devem desenvolver o espírito de sacrifício (tyaga). Você deve servir as pessoas com seu corpo. Você deve valorizar bons e nobres pensamentos em sua mente. Você deve usar sua riqueza para apoiar instituições de ensino e outras para ajudar as pessoas. Alimente os famintos. Este é o caminho para levar uma vida com propósito e sublime. A vida lhe foi dada não para se engordar. O corpo é o instrumento básico para a prática da retidão (Dharma). Dedique todo o seu tempo ao serviço e ao bom desempenho dos seus deveres. Só Deus pode transformar seus esforços espirituais em uma experiência transcendental. Deus é onipresente; Ele está em toda parte e dentro de você. Você é Divino! Certifique-se de que suas práticas espirituais (Sadhana) não sejam por qualquer motivo egoísta. Elas devem promover o bem dos outros. Abandone o egoísmo, cultive o amor altruísta pelos outros e santifique sua vida. Então, você experimentará Sakshatkara, a visão do Divino dentro de você. (Discurso Divino, 7 de julho de 1990)

Serviço a outros seres humanos é mais necessário que serviço ao próprio Senhor. Na verdade, esse serviço é igual ao serviço a Deus. Esse é o caminho da devoção real. Pois que maior modo pode haver para agradar a Deus do que agradar a seus próprios filhos? O Purusha Sukta fala do Divino (Purusha) como tendo mil cabeças, mil olhos e mil pés. Isso é para dizer: "Todos são Ele!" Embora haja menção a mil cabeças, mil olhos e mil pés, não há nenhuma menção de mil corações! Há apenas um coração! O mesmo sangue circula por todas as mãos, olhos, pés e pernas. Quando você cuida da integridade física, você está realmente cuidando de todo o corpo. Da mesma forma, quando você serve seus semelhantes, você está realmente servindo a Deus! (Palavras de Sathya Sai, Volume 6, Capítulo 2, Março de 1966)






Sathya Sai Baba







Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Tumblr.com

A LUZ E O MUNDO DIVINO

Dentre todas as realidades visíveis, a luz é a que melhor exprime o mundo divino. Ela permite-nos ver, mas, em si mesma, é impossível de apreender. Por isso, Deus é, muitas vezes, assimilado à luz. Diz-se que Deus é luz, mas que luz?... Na realidade, nós não conhecemos a luz; aquilo que assim denominamos no mundo físico não passa, ainda, da materialização grosseira de uma força situada muito para além e que aceitou manifestar-se sob a forma de radiações, de vibrações. Deus está, pois, ainda muito para além daquilo que a luz pode revelar-nos d’Ele. Nada pode defini-l’O, nada pode dar-nos uma ideia dele, exceto aquilo que conseguimos descobrir em nós, quando nos pomos ao seu serviço. Mas, mesmo nesse momento, ainda que possamos dizer aquilo que vivemos, aquilo que sentimos, não podemos dizer aquilo que Ele é.





Omraam Mikhaël Aïvanhov






Fonte: www.prosveta.com
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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA

Você eleva a esperança das pessoas e mostra a elas o caminho da felicidade. Nada pode chateá-lo ou fazê-lo perder o humor. Para você, nenhuma tarefa parece pesada ou difícil. Você devolve o sorriso aos desanimados, dá coragem para eles fazerem o melhor e enriquece a vida deles. Você acende a luz da esperança nas mentes daqueles sem esperança. Você transforma fracasso em sucesso ao cavalgar nas asas do poder, imaginação e criatividade. Você é um herói do entusiasmo. (BK Padmapriya, What spiritual hero/heroine you are?, The World Renewal, December 2014)

Quando a neblina baixa na estrada, o motorista reduz a velocidade do carro instantaneamente. E se a neblina torna-se muito densa, por mais habilidoso que seja ao volante, ele se sente inseguro para continuar a viagem e acaba parando no acostamento. Quando há dúvidas, há um bloqueio na nossa percepção e paramos de progredir. Para recuperar a visibilidade perdida precisamos usar o terceiro olho. É a visão de longo alcance que trará a clareza para prosseguir.

De onde vem a pureza? Ela vem de dentro. Quando há pureza, automaticamente há paz e então amor. E assim pode haver felicidade. Não há nutrição como a felicidade. Não há doença como a preocupação. Onde há preocupação há tristeza. Ninguém deveria ter o pensamento “ninguém me ama”. Não, Deus me ama. Quando Deus dá amor, Ele também dá bênçãos. (Dadi Janki)

Quando nos conectamos com Deus nos sentimos não apenas leves mas com profunda compaixão e entendimento. Há uma mudança na atitude e visão em relação aos outros. É por isso que quando pessoas com comportamento muito violento se referem a Deus, Alá ou Pai, podemos inferir que elas estão distantes de Deus. Aquele que é Puro não pode ser violento, não pode dar tristeza. É no silêncio que podemos ter um encontro com o Ser Benevolente. Assim nossa consciência é elevada e nos tornamos compassivos e reconciliadores.





Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
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terça-feira, 15 de novembro de 2016

NATUREZA DO CONHECIMENTO ESPÍRITA

O Conhecimento Espírita transcende ao caráter puramente científico. Pela sua essência deságua numa estrutura de conhecimento filosófico que implica num redimensionamento da postura do sujeito com relação ao universo conhecido, objeto de suas reflexões.

Como forma de conhecimento o Espiritismo precisa acompanhar a posição da Ciência, e divide com ela fatias do seu objeto de pesquisa, já que na atualidade é tendência que o "elemento espiritual" possa fazer parte das conjecturas científicas, que deixam de ser estritamente "materiais".

Vale ressaltar que uma tendência à qual a Doutrina Espírita não está inclinada é a de estabelecer seus princípios como verdades incontestáveis. O Espiritismo, desde Kardec, reconhece seu caráter representativo e atualizável. É Kardec mesmo que propõe aos opositores do Espiritismo que expliquem melhor, isto é, com um modelo mais adequado o conjunto de fenômenos que o Espiritismo explica.

A estrutura da Doutrina Espírita é de origem humana e espiritual, já que é um conhecimento oriundo dos Espíritos, mas a sua representação, validação e sistematização são de caráter essencialmente humanos, confeccionados pelos homens. Por este mesmo motivo não está isenta de erros, inerentes à interpretação e representação das questões. A pedra de toque utilizada para a validação dos princípios, mais do que as ideias, são os fatos.

A postura espírita perante o Universo é bastante semelhante à postura das outras ciências: O Espiritismo, partindo de alguns pressupostos fundamentais, como a existência de Deus e da Alma, em observando fatos objetivos, compõe um modelo explicativo para o fenômeno e testa se o modelo é adequado aos fatos observados. Tal modelo é aceito até que a experimentação demonstre que ele está equivocado, então, outro modelo é proposto.

Enquanto ciência o Espiritismo interpreta um conjunto objetivo e restrito de fatos, para a partir das leis que estes demonstram, e que os homens interpretam, edificar um conjunto de conhecimentos filosóficos capazes de simbolizar o universo na ideia humana. Importante perceber que na elaboração da Filosofia Espírita entram não somente os dados da Ciência Espírita, mas de todo o conhecimento científico, daí o afirmar Kardec que a Ciência e o Espiritismo se completam. Com base nesta elaboração filosófica é que decorre, por uma necessidade de coerência entre teoria e prática, uma mudança de comportamento ético, decorrente da Filosofia Espírita. Para aquelas que se detém na ciência espírita, a mudança de comportamento é uma abstração carente de sentido pois somente o caráter filosófico do Espiritismo induz a uma nova postura ética. Daí o afirmar Kardec:

"Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso." 1

O aspecto religioso do Espiritismo ressalta dos seus pressupostos: Deus, existência da alma etc. E principalmente pelo caráter de revivescência da ética cristã, igualmente decorrente de sua filosofia. Além disso, a proposta de levar o homem a uma experiência existencial de auto-realização pelo progresso; pelo desenvolvimento dos potenciais intuitivos e pela comunhão e integração consigo, com o próximo e com Deus - que o Espiritismo propõem, caracterizam-no como uma religião transcendente aos ritos e dogmas.

O conhecimento espírita é um conhecimento de tríplice aspecto. Está fundamentado na Ciência, edifica-se na Filosofia e evidencia-se na prática. É a prática, coerente com a filosofia, o caráter fundamental da religião espírita. A religião espírita não se mostra no culto realizado no templo, mas como expressão de viver, como atividade prática, exercício de vida, na coerência entre saber e agir, um mecanismo profundo de sentir e experienciar a vida.

O não entendimento deste aspecto tríplice do Espiritismo tem levado alguns a posições extremadas e atitudes incoerentes com a essência da Doutrina Espírita. A tendência eminentemente religiosa ou a pura especulação filosófica ou ainda a fria pesquisa científica são aspectos isolados que não possuem a coerência que o Espiritismo lhes dá. A estrutura de conhecimento do Espiritismo é uma proposta de educação integral para personalidade humana.

Uma dimensão do conhecimento que não pode ser desprezada pelo Espiritismo é a Arte. Como mecanismo de conhecimento e vivência, a arte desperta realidades para a alma de maneira inexprimível em argumentos lógicos. Kardec preocupava-se com a questão. Encontramos em "Obras Póstumas" as seguintes afirmações a respeito do assunto:

"Assim como a arte cristã sucedeu à arte pagã, transformando-a, a arte espírita será o complemento e a transformação da arte cristã" 2

E complementa:

"Sem dúvida, o Espiritismo abre à arte um campo inteiramente novo, imenso e ainda inexplorado." 3

De fato, a opinião de Kardec vai até aí: esta profunda influência que o Espiritismo teria sobre a Arte. Sua opinião é de que a Filosofia Espírita erigiria uma Arte Espírita, mas como uma demonstração descritiva.

Entretanto, a simples preocupação com o caso, por parte do Codificador do Espiritismo, deixa-nos ainda mais à vontade para apontar a Arte como um dimensão extra para a Natureza do conhecimento espírita. Ciência, Filosofia, Religião e Arte seriam, pois, aspectos de percepção para tornar o Espírito educado para a realidade da vida.

A proposta de educação integral que o Espiritismo vem apresentar à humanidade pretende colocá-la no plano do desenvolvimento de todas as potencialidades para uma íntima integração do ser consigo, com o próximo e com Deus. Mas essa integração não é apenas de caráter racional; é também de conotação profundamente afetiva. 4



1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB. 56a. ed. Rio de Janeiro. 1982. p. 484.

2 KARDEC, Allan. Obras Póstumas. FEB. 22a. ed. Rio de Janeiro. 1987. p.158.

3 KARDEC, Allan. Obras Póstumas. FEB. 22a. ed. Rio de Janeiro. 1987. p.158.

4 Em Setembro de 1993, tivemos a oportunidade de trocar ideias com um companheiro das lides espíritas, o Dr. André Luiz Peixinho, que, na ocasião, nos apresentou a Arte como um elemento adicional à natureza do conhecimento espírita. Na época, o confrade nos apresentou o modelo, que reproduzimos abaixo, sobre as percepções do homem.


O esquema nos mostra que tipo de percepção predomina em cada ramo do conhecimento. O modelo parece ser uma proposta de concepção holística, proveniente da teoria do hólon de Arthur Koestler. Mas não nos foi dado identificar, efetivamente, a fonte.





André Henrique Siqueira





Fonte do Texto e da Gravura: do livro "A Revolução do Espírito"