terça-feira, 15 de março de 2022

RESTABELECER O CONTATO COM A VIDA UNIVERSAL


Muitas pessoas têm a impressão de ter sido lançadas no mundo como num meio que lhes é estranho e até hostil! Por quê? Porque perderam o contacto com a natureza. Elas já não sentem a amizade, a benquerença de tudo o que existe à sua volta: as pedras, as plantas, os animais, o sol, as estrelas… Mesmo quando se encontram abrigadas nas suas casas, estão inquietas, perturbadas. Mesmo durante o sono, sentem-se ameaçadas. É uma impressão subjetiva, porque, na realidade, nada as ameaça assim tanto; mas, interiormente, algo se degradou e elas não se sentem protegidas. É preciso, pois, que elas restabeleçam o contacto com a vida universal a fim de compreenderem a sua linguagem e de trabalharem em harmonia com ela.

Toda a natureza fala, tudo o que existe no universo possui uma maneira particular de se exprimir. A questão está em trabalharmos sobre as nossas faculdades de percepção a fim de compreendermos todas as manifestações da natureza e as suas formas de linguagem, mas também em encontrarmos em nós próprios meios de expressão para nos dirigirmos a ela ou responder-lhe. Porque a natureza é viva e inteligente. Sim, inteligente; a inteligência não é própria só do homem. É muito difícil de admitir para alguns, eu sei, mas eles devem saber que, à medida que mudamos a nossa opinião sobre a natureza, modificamos o nosso destino. A natureza é o corpo de Deus. Se nós pensamos que ela é morta e estúpida, diminuímos a vida em nós, e se pensamos que ela é viva e inteligente, que as pedras, as plantas, os animais, as estrelas, são vivos e inteligentes, também introduzimos a vida em nós. E porque a natureza é viva e inteligente, devemos estar extremamente atentos a ela, respeitá-la e aproximar-nos dela com um sentimento sagrado.

Muitos de vós pensam: «Que importa se eu ajo em relação à natureza com respeito ou não? Para ela, isso nada muda, eu não lhe faço bem nem mal.» Na realidade, deveis respeitar a natureza não tanto por ela, mas por vós. Se fordes atenciosos com as pedras, as plantas, os animais e os homens, e até com os objetos que vos rodeiam, a vossa consciência da vida desenvolve-se, aprofunda-se, e sois enriquecidos por toda essa vida que respira e vibra em vosso redor. Certamente nunca pensastes nisto, e é essa a razão porque vos sentis muitas vezes desorientados, angustiados, no vazio. Quereis sair dessa situação? Pensai que estais ligados às forças e às entidades luminosas da natureza e que podeis comungar com elas. A verdadeira vida é esta comunhão diária e ininterrupta com uma multidão de criaturas. «Mas – direis vós – como fazer isso?» Pelo amor. Não há outro meio a não ser o amor. Se amais a natureza, ela falará em vós, porque vós também sois uma parte da natureza.

Claro que é necessária toda uma preparação para atingir este estado de consciência. Mas, no dia em que o atingirdes, sentir-vos-eis na luz e em paz, protegidos pela Mãe Natureza que vos reconhece como seu filho, e ela acarinha-vos, toma-vos nos seus braços, dá-vos das suas alegrias… Vós nem sequer sabeis de onde vêm essas alegrias, mas ficais felizes, como se o céu e a Terra vos pertencessem.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: do Fascículo4 - "O Homem no Organismo Cósmico"
10º cap. - "Restabelecer o contacto com a vida universal"
Publicações Maitreya - Porto, Portugal
newsletter@publicacoesmaitreya.pt - www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 14 de março de 2022

DESPERTAR: UMA PERCEPÇÃO


Há um livro de aforismos que nunca foi e provavelmente nunca será publicado. Esse livro diz: “O homem pode nascer, mas para nascer precisa morrer antes, e para morrer, antes precisa despertar”. Outro trecho diz: “Quando o homem desperta, pode morrer. Quando morre, pode nascer”. O que isso significa?

“Despertar”, “morrer”, “nascer” representam três estágios sucessivos de um processo. Volta e meia, encontramos nos Evangelhos referências à possibilidade de “nascer”. São feitas diversas referências à necessidade de “morrer” e muitas à necessidade de “despertar” ou de nos mantermos despertos, como “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora...”. Mas essas três possibilidades — despertar ou não dormir, morrer e nascer — nunca são apresentadas como conceitos correlacionados, apesar de seu relacionamento ser o ponto mais importante.

“Nascer” está relacionado ao primeiro estágio do crescimento da essência, o começo da formação da individualidade e o surgimento de um “eu” unificado e indivisível. Mas, a fim de poder perceber ou mesmo começar a perceber isso, a pessoa precisa morrer no sentido de se tornar livre de uma miríade de apegos e de identificações mesquinhas que a mantém no lugar em que ela está. Estamos apegados a tudo na vida — à nossa imaginação, à nossa estupidez e, talvez mais do que qualquer outra coisa, ao nosso sofrimento. Precisamos nos libertar desse apego às coisas, dessa identificação com as coisas, que mantém vivos milhares de “eus” inúteis em nós. Esses “eus” precisam morrer a fim de que um “eu” maior possa nascer. Mas como? Eles não querem morrer.

É aí que entra em cena a possibilidade do despertar, isto é, do despertar para nossa insignificância. Despertar significa perceber nossa total e absoluta mecanicidade e nosso desamparo. E não basta perceber isso de modo intelectual. Precisamos ver isso nos fatos evidentes, simples e concretos, em nossa própria vida. Quando começamos a nos conhecer um pouco melhor, vemos muitas coisas que nos horrorizam. Ao vermos algo que nos choca, nossa primeira reação é mudar aquilo, livrarmo-nos daquilo. Por mais que tentemos, por mais que nos esforcemos, sempre fracassamos, e tudo permanece como está. Então percebemos nossa impotência, nosso desamparo, nossa insignificância. Ou, novamente, quando começamos a nos conhecer, vemos que não temos nada que nos pertença de fato. Vemos que o que considerávamos nosso — nossas posições, nossos pensamentos, convicções, gostos, hábitos, até nossos defeitos e vícios — não nos pertence. Tudo isso foi formado mediante imitação ou tomado de empréstimo, já pronto, de outra pessoa. Ao percebermos isso, podemos sentir nossa insignificância. E, ao sentir nossa insignificância, devemos nos ver como realmente somos, não apenas por um momento, mas constantemente, sem nunca nos esquecermos.

A percepção contínua de nossa insignificância e de nosso desamparo irá acabar nos dando a coragem de “morrer” — não apenas mentalmente, mas de fato — por meio da renúncia permanente a esses aspectos em nós mesmos, os quais são obstáculos ou não são necessários para nosso crescimento interior. Esses obstáculos são, em primeiro lugar, nossos “falsos eus” e, depois, todas as ideias fantásticas sobre nossa “individualidade”, “vontade”, “consciência”, “capacidade de fazer”, bem como nossos poderes, iniciativas, determinação, e assim por diante.

Porém, a fim de podermos nos conscientizar permanentemente de alguma coisa, precisamos vê-la antes, mesmo que apenas por um instante. Qualquer poder e capacidade de percepção recém-adquiridos aparecem sempre da mesma maneira básica. No começo, aparecem em flashes, em momentos raros e breves, depois com mais frequência e por mais tempo e, finalmente, após muito tempo e esforço, tornam-se permanentes. Isso também se aplica ao despertar. É impossível despertar de modo pleno de uma só vez. Primeiro precisamos despertar por breves momentos, um ou dois momentos de vez em quando. Todavia, após ter feito certo esforço, superado certos obstáculos e tomado uma decisão irrevogável, precisamos morrer de uma vez e para sempre. Isso seria muito difícil ou mesmo impossível caso não fosse precedido por um processo gradual de despertar.

Há, no entanto, mil coisas que nos impedem de despertar, que nos mantêm sob o poder de nossos sonhos. No intuito de agirmos de modo consciente e despertarmos, precisamos conhecer a natureza das forças que nos mantêm em estado de sono. Precisamos compreender que o sono em que existimos não é um sono comum, mas uma espécie de hipnose, um estado hipnótico mantido e reforçado continuamente. Poderíamos pensar que há forças que se aproveitam do fato de estarmos em um estado hipnótico, mantendo-nos nele e impedindo-nos de vermos a verdade e de compreendermos nossa posição.

Existe uma parábola oriental sobre um mago rico que tinha muitas ovelhas. Ele também era muito sovina e se recusava a contratar pastores ou a pagar por uma cerca ao redor de seus pastos. Por isso, volta e meia as ovelhas vagavam pela floresta e caíam em ravinas. E, sobretudo, fugiam, pois sabiam que o mago queria seu couro e sua carne, e elas não queriam isso. Por fim, o mago encontrou uma solução: hipnotizou as ovelhas. Primeiro, fez com que pensassem que eram imortais e que nada lhes aconteceria quando tirassem sua pele, mas que isso seria muito bom para elas e que elas gostariam disso. Segundo, sugeriu que ele era um “Bom Mestre”, que gostava tanto de seu rebanho que faria qualquer coisa neste mundo por elas. Terceiro, sugeriu que, se algo fosse acontecer com elas, não seria naquele momento, ou não naquele dia pelo menos, e que por isso elas não tinham motivo para pensar a respeito. Finalmente, o mago fez com que seu rebanho pensasse que não eram nem mesmo ovelhas. A algumas, sugeriu que eram leões, elefantes ou águias; a outras, que eram homens e, a outras, que eram magos. Depois disso, ele nunca mais precisou se preocupar com suas ovelhas. Elas não fugiram, ficaram esperando pacientemente pelo dia em que o mago precisaria de sua pele e de sua carne.

Essa parábola é uma excelente ilustração da posição do homem. Se pudéssemos ver e compreender de fato o horror de nossa verdadeira situação, não seríamos capazes de suportá-la nem por um segundo. Começaríamos imediatamente a tentar encontrar um modo de escapar e logo o encontraríamos, pois existe uma saída. A única razão pela qual não a enxergamos é que estamos hipnotizados. “Despertar”, para o homem, significa “acordar da hipnose”. Logo, isso é possível, mas, ao mesmo tempo, difícil. Não há motivo orgânico para estarmos adormecidos. Podemos despertar, pelo menos na teoria. Na prática, porém, isso é quase impossível. Assim que despertamos por um momento e abrimos os olhos, todas as forças que nos fizeram adormecer ficam dez vezes mais poderosas. No mesmo instante voltamos a dormir, sempre sonhando que estamos acordando ou que estamos despertos.

No sono comum, às vezes acontece de querermos despertar sem conseguir. Às vezes pensamos estar acordados, mas ainda estamos dormindo, e isso pode acontecer várias vezes até conseguirmos despertar de fato. No sono comum, porém, após despertarmos, nos vemos em um estado diferente. Não é o caso do sono hipnótico. Não há maneira precisa de dizer se despertamos mesmo, pelo menos no começo. Não podemos nos beliscar a fim de ter certeza de que não estamos dormindo. E se, Deus nos livre, alguém tiver ouvido falar de alguma maneira de descobrir se estamos dormindo, nossa fantasia a transformará em sonho na mesma hora.


Georges Ivanovitch Gurdjieff




Fonte: do livro "Em Busca do Ser - O Quarto Caminho para uma Nova Consciência"
Ed. Pensamento, 1ª ed. digital, 2019, São Paulo/SP
www.editorapensamento.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/conto-de-fadas-noite-m%c3%basica-peixe-1180921/

UTOPIA ROSACRUZ


Utopia Rosacruz


Deus de todos os seres humanos, Deus de toda vida, na Humanidade com que sonhamos:

Os políticos são profundamente humanistas e trabalham a serviço do bem comum.

Os economistas gerem as finanças dos Estados com discernimento e no interesse de todos.

Os sábios são espiritualistas e buscam sua inspiração no Livro da Natureza.

Os artistas são inspirados e expressam em suas obras a beleza e a pureza do Plano Divino.

Os médicos são motivados pelo amor ao próximo e cuidam tanto das almas quanto dos corpos.

Não há mais miséria nem pobreza, pois cada qual tem aquilo de que precisa para viver feliz.

O trabalho não é mais vivenciado como uma coerção, mas como uma fonte do desabrochar e de bem-estar.

A natureza é considerada como o mais belo dos templos e os animais como nossos irmãos em via de evolução.

Há um Governo mundial, formado pelos dirigentes de todas as nações, trabalhando no interesse de toda a Humanidade.

A espiritualidade é um ideal e um modo de vida que têm sua fonte numa Religião Universal, baseada mais no conhecimento das Leis Divinas do que na crença em Deus.

As relações humanas são fundadas no amor, na amizade e na fraternidade, de modo que o mundo inteiro viva em paz e harmonia.

Assim seja!


A  Ordem Rosacruz - AMORC publicou o Manifesto acima, no qual seus dirigentes expressam sua posição sobre a situação geral do mundo, de onde seu título “Positio Fraternitatis Rosae Crucis”[1]. Esse Manifesto, que foi traduzido para cerca de 20 línguas, é concluído por uma utopia cujos autores têm, portanto, nacionalidades, opiniões políticas, crenças religiosas e culturas diferentes. Se para além dessas diferenças eles se puseram de acordo sobre uma mesma visão da sociedade ideal, é precisamente porque a Filosofia Rosacruz traz em si um desejo de universalidade que privilegia a unidade na diversidade.


[1] Historiadores situam o “Positio Fraternitatis Rosae Crucis” na linhagem dos três Manifestos que os rosacruzes publicaram no século XVII: o “Fama Fraternitatis”, o “Confessio Fraternitatis” e as “Bodas Químicas de Christian Rosenkreutz”, publicados respectivamente em 1614, 1615 e 1616.



Fonte do Texto e da Gravura: Ordem Rosacuz - AMORC
https://www.amorc.org.br/utopia-rosacruz/

O LÓCUS* DO INCONSCIENTE


A consciência de si mesmo é o que conhecemos como eu. É a identidade de uma pessoa. Quando afirmamos eu sou fulano, estamos nos referindo àquilo que, de fato, temos consciência que somos. Mesmo assim, sabemos que existem interferências no nosso modo de pensar, sentir e agir, de que não temos consciência, mas que emergem do nosso próprio ser. Afirmamos que se tratam de vetores inconscientes, mas não sabemos se realmente eles se encontram naquilo que chamamos de Inconsciente. Para elucidar melhor a questão, temos de considerar que existe uma outra instância, que é a individualidade humana. O eu ou ego é uma representação construída, ao longo da vida, pelos fatos e impressões que a marcaram e que nos parece ser a nossa identidade essencial. Aquela outra instância, inacessível à consciência, propalada pelas religiões como sendo a alma ou espírito, é a máxima individualidade essencial do ser humano. Essa individualidade é a natureza da Natureza, momento obscuro da criação divina, que se tornou epicentro do processo de ascensão infinita, coagulador dos fenômenos que compõem a vida. Sua singularidade constitui o grande mistério que reúne a unidade e a totalidade num mesmo princípio.

A possibilidade da existência desses dois “senhores” não deve ser motivo de dúvida. Ego e Espírito são indissociáveis até determinado nível de evolução, mas possuem diferentes domínios e consequentes áreas de atuação. É possível ao ego perceber aspectos inerentes ao Espírito? Ou melhor, é possível, conscientemente, o Espírito se revelar além dos limites do ego, tornando-se a ele perceptível? O caminho para tal, passa primeiro pela percepção, pelo ego, de que é independente do corpo e existe sem ele. O segundo passo será a percepção de que a mente é um órgão a serviço do Espírito e que não o abriga nem o limita totalmente.

A inacessibilidade direta e a subjetividade que envolve as hipóteses para os assuntos que dizem respeito à mente são muito grandes, dificultando as certezas e a precisão de conceitos. Isso nos leva a considerar que o “terreno” da mente está longe de ser o corpo físico. A resposta está na dimensão quântica, em que se “situam” as probabilidades e possibilidades inalcançáveis diretamente pela consciência humana.

Engano pensar que, uma vez libertos do corpo pela ocorrência natural da morte, alcançaremos diretamente aquela dimensão. Na dimensão espiritual, também existem as limitações psíquicas e de compreensão da realidade pertinente. Em cada dimensão vibratória encontrar-se-á limites típicos.

Atuar, visando educar e promover o autoconhecimento de uma pessoa, requer que se tenha em mente que a ação deve alcançar o ser na dimensão quântica, que é o lócus alquímico das verdadeiras transformações. A fala, o olhar, o gesto, a tonalidade afetiva, o exercício modelar, bem como a intencionalidade do instrutor ou educador, devem conter a consciência de que existe aquela dimensão e é nela que se processam as modificações profundas na alma. Isso interferirá na forma como se processam as falas, palestras, doutrinações, diálogos, relacionamentos, bem como toda comunicação entre as pessoas. Se o objetivo não é simplesmente uma compreensão da realidade restrita aos limites físicos nem uma simples mudança de hábitos externos, então a comunicação entre os indivíduos deve levar em conta a dimensão quântica em que estão situados.

A Consciência, produto último da evolução humana, é uma coagulação de conteúdos e experiências inconscientes, isto é, o Inconsciente é matriz da Consciência. Imersos no corpo físico, passamos a acreditar que a Consciência a ele se restringe, sem considerar sua origem inconsciente e seu lócus original.

Há quem acredite que a vida após a morte descortina a ignorância do Espírito. É mais adequado pensar que ela a acentua, pois retira as fantasias oriundas da ideia de um mundo macro que convida o ser humano a conhecê-lo, mas que, em face das inúmeras e constantes projeções, mitifica-o. Olhar para fora leva-o a construir aqueles mitos e fantasias. Olhar para dentro o faz acordar para um mundo diferente, convidativo e profundo. Sem os limites do corpo, levado a perceber a grande ilusão que viveu, tendo de encarar sua ignorância, terá certamente dificuldade em conceber o Universo a sua volta. Continuará mitificando, provavelmente divinizando a realidade. Quando se consegue desvestir a consciência dos mitos e projeções simbólicas milenares, pode-se perceber melhor o Universo.

As ideias quânticas tornam-se importantes para o esclarecimento do ser humano, pois reduzem as ilusões e fantasias, levando-o à consciência do véu interposto não só pelos sentidos físicos como também pelos paradigmas da ciência clássica, mecanicista e causalista. Esses paradigmas configuram uma psiquê enrijecida até então. É hora de se buscar modificar esse estado.

A vida verdadeira, propalada pelo Espiritismo como sendo a espiritual, é parte da questão a ser resolvida pelo Espírito. Vir e voltar para o mundo espiritual, cuja existência é questionada pela ciência, é apenas uma das muitas fases da evolução.

O Inconsciente não se estrutura de forma padronizada, cronológica ou convencional. Imagens, vibrações e configurações complexas compõem seu conteúdo. Palavras, sons e raciocínios lógicos dele não fazem parte. Tudo que dele sai recebe a conformidade da Consciência, portanto, de acordo com protocolos convencionais.

Quando analisamos sob o paradigma espírita, temos de considerar a complexidade da relação entre o Inconsciente e o Espírito. À primeira vista, pode-se pensar que o Inconsciente é o próprio Espírito. A distinção clara está na individualidade deste último. O Inconsciente surge da relação entre o Espírito e o meio. O Espírito precede ao Inconsciente que, por sua vez, gera a Consciência, campo de atuação do primeiro através do ego, estrutura que lhe representa.

A frequência vibratória do Inconsciente o situa fora dos limites do corpo e isso permite que seja acessado fora dos limites da consciência, isto é, por meios não convencionais. Nisso se baseiam as técnicas psicológicas projetivas, as relações mediúnicas, as comunicações telepáticas, bem como qualquer outro modo de apreensão da realidade sem a utilização dos cinco sentidos.

O corpo não tem condições de abrigar o Inconsciente em face das características físico-químicas do cérebro. A frequência vibratória do Inconsciente necessita de outro tipo de estrutura, razão pela qual a frequência vibratória do Perispírito abriga o Inconsciente.

O termo perispírito surge com o Espiritismo. É o corpo espiritual que serve de abrigo à mente e de veículo de manifestação do Espírito. Em breve a ciência perceberá sua existência, provavelmente dando-lhe outra denominação e origem.

A psiquê não é dissociada do todo e das coisas. O Inconsciente se conecta ao mundo real independentemente da Consciência e do ego.

* Lócus (local, lugar, posição) - Nota deste blog.



Adenáuer Novaes



Fonte: do livro "Psicologia e Universo Quântico", pp. 121-4, 1ª ed., 2009
Fundação Lar Harmonia - Salvador/BA - www.larharmonia.org.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/psicologia-linhas-de-campo-5872032/

REALEZA E AUTODOMÍNIO


A realeza está ligada à ideia de autodomínio.

Um rei que domina os outros e não consegue dominar-se a si mesmo não é um rei, mas um escravo.

O verdadeiro rei é aquele que sabe ser senhor de si mesmo.

Quando o discípulo estabelece como ideal para si mesmo escapar ao domínio das suas tendências egoístas e controlar, orientar os seus pensamentos e os seus sentimentos, está no caminho da realeza.

Então, os Espíritos da Natureza inclinam-se quando ele passa, segredando entre si: «Aproxima-se um rei…», e fazem-lhe uma festa, apressam-se a rodeá-lo, muito contentes.

Isto porque do seu sangue real emana um fluido de uma grande pureza, impregnado por uma influência curativa, apaziguadora, como uma nascente divina que corre e vivifica todos os seres em seu redor.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

domingo, 13 de março de 2022

A GRANDE INVOCAÇÃO - ASPIRAÇÕES E APELOS ESPIRITUAIS


A Grande Invocação

Do ponto de Luz na Mente de Deus

Que flua luz às mentes dos Homens,

Que a luz desça à Terra.


Do ponto de Amor no Coração de Deus

Que flua amor aos corações dos homens,

Que Cristo retorne à Terra.


Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida,

Que o propósito guie as pequenas vontades dos homens,

Propósito que os Mestres conhecem e servem.


Do centro a que chamamos raça dos homens,

Que se realize o Plano de Amor e de Luz

E se feche a porta onde se encontra o mal.


Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam

O Plano Divino sobre a Terra,

Hoje e por toda a eternidade. Amém.

 

Muitas religiões acreditam num Mestre do Mundo ou Salvador, conhecendo-o sob diversos nomes como o Cristo, Lord Maitreya, Imam Mahdi, Bodhisattva e Messias e esses termos são usados em algumas das versões cristãs, hindus, budistas e judias da Grande Invocação.

Na “Grande Invocação”, o Cristo é invocado como Ele é conhecido pela Hierarquia. A Invocação não foi somente direcionada para membros de várias religiões, mas também para pessoas sem ligações com religião. O uso do nome Cristo, como aparece na Invocação não é uma limitação da compreensão espiritual, mas uma expansão.

A segunda guerra mundial teve um efeito profundo em todo o planeta, pois ao lado de um imenso sofrimento, ela também abriu completamente as consciências humanas como resultado da destruição das antigas e desgastadas instituições e formas de viver e de formas-pensamento cristalizadas que afetavam a humanidade. A agonia da guerra e o desespero de toda a família humana levou Cristo a dar ao mundo uma das orações mais antigas já conhecidas, cuja utilização não havia sido permitida exceto pelos Seres espirituais mais elevados. O próprio Cristo usou a mensagem pela primeira vez na Terra em junho de 1945.

Como resultado da colaboração de Alice Bailey e de um Mestre Tibetano da sabedoria, “sete palavras-forma” muito antigas foram traduzidas em frases “entendíveis e adequadas”, para o inglês.

A Grande Invocação é essencialmente um oração que sintetiza os mais elevados desejos, aspirações e apelos espirituais da própria alma da humanidade, e deve ser usada com esse propósito em mente.

A Grande Invocação é essencialmente o próprio mantra de Cristo e seu som abrangeu todo o mundo através de sua enunciação por Cristo e através de seu uso pela Hierarquia. Cada discípulo deveria fazer da sua divulgação bem como de seu uso diário um dever e uma obrigação, pois ela pode ser usada com profunda eficácia. A contribuição mais importante de todas é a preparação do caminho de Cristo para ensinar a humanidade a usar a grande Invocação, de modo que ela se torne uma prece mundial que focaliza o apelo invocativo da humanidade.

Quando se usa a palavra “homens” refere-se a todos os seres sencientes. A raça dos homens inclui todos os que são sensitivos para impressões de níveis tanto “acima” como “abaixo” do nível humano. À medida que a humanidade se acostuma a invocar a impressão da Hierarquia, as civilizações e culturas criadas pelo homem irão progressivamente aderir ao Pano Divino. Aqui novamente emerge outra razão para a importância do “centro a que chamamos a raça dos homens” e uma indicação da crise da humanidade, pois o homem está agora no ponto em que o intelecto está sendo tão fortemente despertado que nada pode impedir seu progresso no conhecimento, que poderia ser usado perigosamente ou aplicado egoisticamente se nada fosse feito para salvaguarda-lo. Os homens devem ser ensinados a responder a valores espirituais mais elevados ou o crescente estágio de integração de muitos milhões de seres humanos será simplesmente direcionado, mais efetivamente, para propósitos egoístas e materialistas.

A manifestação – mente, emoção e cérebro – deve corresponder a amor, sabedoria e propósito direto.

A Grande Invocação fornece, como resultado de seu uso correto, um fluxo espiritual diretamente no próprio coração da humanidade, provindo das fontes mais elevadas.  Recebendo a Grande Invocação, com seu uso e divulgação, a humanidade está participando de um evento cósmico de tremenda importância.


Fonte: www.lucistrust.org - www.fcavatar.org.br
Fonte da Gravura: www.fcavatar.org.br

O TRABALHO DE TRIÂNGULOS


O trabalho de Triângulos é simples. São necessários apenas alguns momentos diariamente e, com a prática, pode ser realizado quase que em qualquer lugar e ocasião. Os trabalhadores devem descobrir os métodos que melhor se adaptem para si mesmos.

É sempre preferível utilizar um local de trabalho onde se possa estar quieto e sem interrupção durante alguns instantes. Então, sentado, com a coluna em posição vertical, relaxado, olhos fechados, afastar os pensamentos e sentimentos dos afazeres diários, focalizando a mente apenas na tarefa de servir à humanidade através da Rede de Triângulos.

Una-se mentalmente a cada membro de seu Triângulo no mais elevado ponto de consciência que consiga atingir, “vendo” cada Triângulo como uma unidade através dos “olhos da mente”. A visualização é uma grande força criadora. Alguns criam facilmente um quadro mental. Outros constroem esse quadro pela imaginação, pela repetição mental dos nomes de seus companheiros de Triângulos ou apenas pensando em cada Triângulo. Alguns combinam diversos métodos. Baseados no princípio de que a energia segue o pensamento, podemos confiar no fato de que ao pensarmos em nossos companheiros são criadas ligações que serão mantidas em atividade mesmo através do trabalho cotidiano.

Foi construída em torno do planeta uma Rede Viva e Radiante de Triângulos pelo trabalho diário dos participantes desse serviço. Procure visualizar o Triângulo no qual participa como parte essencial dessa Rede Mundial de Triângulos.

Visualize a LUZ e a BOA VONTADE fluindo sobre cada um dos três pontos de seu Triângulo e circulando de ponta a ponta, conectando-se, a seguir, com a Rede de Triângulos total e dela para os corações e mentes dos homens e mulheres do mundo inteiro. A Alma ou o Princípio Crístico pode ser encontrado como um ponto central no interior de cada Triângulo. Muitas pessoas visualizam esse ponto central como a fonte de Luz e Boa Vontade utilizada nesse trabalho. À medida que a Luz e a Boa Vontade são distribuídas, tome consciência de que aumenta o brilho de toda a Rede. A conseqüente radiação tem um inevitável efeito construtivo e curativo, elevando e transformando a consciência e estabelecendo as corretas relações humanas.

Pronuncie A GRANDE INVOCAÇÃO, silenciosamente ou em voz alta. Ao recitar cada estrofe, visualize a Rede atuando como ligação entre o mundo das realidades espirituais e a humanidade e como um canal por onde a LUZ, o AMOR e o PODER (VONTADE, PROPÓSITO) divino fluem sobre o mundo humano.


A GRANDE INVOCAÇÃO


Do ponto de LUZ na mente de Deus,

Flua Luz às mentes humanas;

Que a luz desça à Terra.


Do ponto de AMOR no coração de Deus,

Flua Amor aos corações humanos;

Que Aquele* que vem volte à Terra.


Do centro onde a VONTADE de Deus é conhecida,

Guie o propósito todas as pequenas vontades humanas;

O propósito que os Mestres conhecem e a que servem.


Do centro a que chamamos a raça humana,

Cumpra-se o Plano de Amor e Luz,

E que ele vede a porta onde mora o mal.


Que a LUZ, o AMOR e o PODER, restabeleçam o Plano na Terra.




Não é necessário que os membros sincronizem a ocasião em que farão o trabalho diário de Triângulos. Uma vez construídas as ligações dos Triângulos com substância mental, eles podem ser “ativados” quando qualquer membro realizar o trabalho. A verdadeira sincronização está no propósito e na intenção dos que realizam o trabalho e não na questão de tempo.


Se qualquer membro de seu Triângulo interromper o trabalho por falta de interesse, ou por qualquer outra razão, deverá ser substituído por outro interessado.


(*Aquele que vem: Messias no judaísmo; Cristo no cristianismo; Bodisatwa no budismo; Iman Mahdi no islamismo etc.)



Fonte: www.lucistrust.org - www.fcavatar.org.br
Fonte da Gravura: www.fcavatar.org.br

ONDE ENCONTRAMOS A ESPERANÇA?


Estamos vivendo tempos difíceis e desafiantes. A questão de onde e como encontrar a esperança atinge as profundezas do nosso ser. Até que ponto olhamos para o futuro: através de óculos cor de rosa? O que parece ser realista e possível? Muitas coisas ao nosso redor parecem caóticas, desorientadas, divididas e confusas. O barulho das críticas e reclamações pode fomentar o cinismo e sobrecarregar nosso senso do que é certo e bom.

É precisamente por isso que devemos procurar as sementes da esperança plantadas profundamente em nosso ser. Somente quando prestamos atenção a elas podemos entrar em contato com uma vibração de esperança real, e só então essa vibração pode ressoar através de nossos pensamentos e interações. Através deste trabalho interior silencioso, nossas meditações podem irradiar as energias essenciais de esperança em nossos Triângulos e em toda vivente Rede de Triângulos*, revitalizando a esperança e a fé no futuro em todo o campo da consciência humana.

A Rede de Triângulos trabalha com causas em vez de efeitos, e a rede distribui energias inspiradoras através da luz e da boa vontade. Esperança, como a fé no futuro e a visão de possibilidades futuras, vem da alma, aquela parte essencial e iluminada do nosso ser, muitas vezes conhecida como a natureza de Buda, ou como "Cristo em ti, a esperança de glória". Neste sentido, a esperança é a evidência de coisas não vistas. Independentemente de qual caminho viajamos em nossa jornada espiritual, a meditação dos Triângulos nos leva a confrontar com a área mais profunda da psique onde a luz sagrada de todas as tradições espirituais se conecta com todos os aspectos mentais, emocionais e de vontade do eu pessoal encarnado.

A esperança brota eterna desse centro iluminado. Ela decorre da percepção do ser humano sobre a realidade, tanto como alma quanto como personalidade, porque a alma está sempre presente. A potência redentora da consciência crística interior é uma parte da natureza humana e também faz parte do mundo dos assuntos e relações humanas.

A narrativa desses tempos difíceis pode ser considerada como uma preparação para o próximo passo da evolução espiritual da humanidade, uma iniciação coletiva em um nível ou outro. O teste é que cada um de nós encontre a templo interior, a força inerente para comprometer-se com a integração da alma e a personalidade, orientando conscientemente a mente e o coração à capacidade da alma de curar, redimir e transformar. Essas vibrações caracterizam o serviço que os Triângulos de luz e boa vontade distribuem para o bem maior de todos os reinos da Terra.


* Detalhes constam nas seguintes publicações: "O Trabalho de Triângulos" e "A Grande Invocação", publicadas em 13/março/2022.



Fonte: Boletim "Triângulos", nº 219, março 2022
www.triangles.org
Fonte da Gravura: https://slideplayer.com.br/slide

BUSCANDO A NÓS MESMOS


Quando Heráclito disse, “Busquei por mim mesmo”, ele produziu uma das mais férteis máximas e, no que concerne ao místico, uma diretiva para todos os tempos, pois estudante algum da Senda está totalmente desperto para o significado dessa busca até que chega a decisão de buscar por si mesmo. Não importa que ensinamentos sejam colocados em suas mãos ou que professores ele possa ter tido, vai acabar se deparando exatamente com essa mesma injunção do filósofo grego de 500 a.C.

É surpreendente pensar o quanto os antigos nos deixaram da verdade interna da vida e do eu, e quão pouco geração após geração parecem ter-se beneficiado disso. Suponho que isso aconteça porque eles escreveram há tanto tempo, que, pela própria antiguidade, seus ensinamentos parecem ter pouca aplicação para os dias atuais, já que as pessoas estão hipnotizadas pelas descobertas e experiencias da ciência em todo o campo da vida exotérica.

Quanto a nós, contemplamos esses primeiros pioneiros do pensamento com reverência. E aqueles que atingiram certo estágio em nossos estudos (rosacruzes) sabem que tudo vem de lá. Não que maiores ensinamentos e ajuda invisível sejam negados a eles, mas que um aspirante tem que se voltar para si mesmo para colocar em prática a instrução que recebeu; e ele acaba percebendo que isso significa procurar dentro de si mesmo o caminho do Mestre.

Pois existem estágios definidos do caminho em que o aspirante precisa encontrar seu próprio caminho. O verdadeiro desenvolvimento interior não consiste em simplesmente ir empilhando conhecimento e mais conhecimento de várias fontes de instrução. Vem de uma compreensão e aplicação mais profunda e sincera do que é disponibilizado para a vida e para ação no mundo. Ele precisa deliberadamente se submeter a testes na vida e nas circunstâncias e aprender lições que não podem ser aprendidas de outra forma.

O mesmo princípio se aplica em qualquer arte ou ciência. Chega o momento em que o estudante tem que dar as costas para os livros-textos de fatos acumulados e provar seu valor em sua própria vida através da meditação e da experimentação.

Heráclito enuncia a mesma verdade de sua própria maneira quando diz: “Viajando por todas as estradas, não vamos conseguir descobrir as fronteiras da alma..., ela tem um logos tão profundo”. As fronteiras da alma não estão na diversidade de instrução, mas dentro de nós; e o propósito da instrução é nos esclarecer e fortalecer suficientemente para pesquisarmos internamente as fronteiras do eu interior, nos esforçarmos para conhecer nossa missão individual na vida e nos comprometermos com um serviço dedicado.

Sei que, para alguns, isso pode parecer simplesmente um ideal esperançoso dentro do quadro mundial com que nos deparamos atualmente. Mas não podemos ignorá-lo se nossa intenção é ir para frente e para o alto. Sei também que manter e alimentar esse ideal, com tanta oposição que nos quer desviar dele, nos leva a julgamento de muitas formas e, muitas vezes, torna o caminho mais duro. Mas todo avanço tem seu preço, e este é um avanço especialmente forte e pessoal.

Mas há uma recompensa para cada espiral de caminho percorrido com propósito e compaixão inabaláveis. Para cada aspirante, cada espiral tem uma historia e carma individual diferentes e, se aceitado no silêncio e na alma da pessoa que ora, traz uma percepção cada vez mais forte de que estamos chegando cada vez mais perto do mundo do Mestre.

Buscar a nós mesmos, em seu sentido mais verdadeiro, significa entrar cada vez mais na vida de abnegação, de uma liberação das amarras que nos detém; e alcançar isso será de fato maravilhoso, se pudermos nos entregar ao fogo no altar secreto de nosso coração.


Raymund Andrea, FRC



Fonte: do livro "A Flor da Alma", 1ª ed., 2011, pp. 735/7
Este texto consta ainda na edição de nov/1963 do Boletim do Capítulo Francis Bacon.
Biblioteca da Ordem Rosacruz - AMORC - www.amorc.org.br
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PLANOS DE CORRESPONDÊNCIA (CAIBALION)


«O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima.»


O Segundo Grande Princípio hermético explica a verdade que há uma harmonia, uma correlação e correspondência entre os diferentes planos de Manifestação, Vida e Existência.

Esta afirmação é uma verdade porque tudo o que está incluído no Universo emana da mesma fonte, e as mesmas leis, princípios e características se aplicam a cada unidade, ou combinação de unidades de atividade, assim como cada uma manifesta seus fenômenos no seu próprio plano. Para um fim de conveniência do pensamento e do estudo, a Filosofia Hermética considera que o Universo pode ser dividido em três grandes classes de fenômenos, conhecidas como os Três Grandes Planos denominados:

I – O Grande Plano Físico.

II – O Grande Plano Mental.

III – O Grande Plano Espiritual.

Estas divisões são mais ou menos artificiais e arbitrárias, porque a verdade é que todas as três divisões não são senão graus ascendentes da grande escada da Vida, o ponto mais baixo da qual é a Matéria não diferenciada, e o ponto mais elevado o Espírito. E, aliás, os diversos Planos penetram uns nos outros, assim esta não sólida e exata divisão pode ser colocada entre os mais elevados fenômenos do Plano Físico e o mais inferior do Plano Mental; ou entre os mais elevados do mental e os mais baixos do Físico. Enfim, os Três Grandes Planos podem ser considerados como três grandes grupos de graus de Manifestação Vital. Apesar do fim deste pequeno livro não nos permitir entrarmos em extensa discussão ou explicação do objeto destes diferentes planos, contudo, pensamos ser bom dar aqui uma descrição geral dos mesmos.

A princípio devemos considerar bem a pergunta tantas vezes feita pelo neófito, que deseja ser informado a respeito do significado da palavra “Plano”, termo que tem sido muito usado e pouco explicado em muitas obras de ocultismo. A pergunta é geralmente expressa assim: “Um Plano, um lugar tem dimensões, ou é simplesmente uma condição ou estado?” Respondemos: “Não; não é um lugar, nem uma dimensão ordinária do espaço; é ainda mais que um estado ou uma condição e, apesar disso, o estado ou a condição é um grau de dimensão, em escala sujeita à medida.” Um tanto paradoxal, não é verdade? Porém examinemos a matéria. Uma “dimensão”, vós o sabeis, é “uma Medição em linha reta, em relação à medida” etc. As dimensões ordinárias do espaço são comprimento, largura e altura, ou talvez comprimento, largura, altura, espessura ou circunferência. Há uma outra dimensão das coisas criadas, ou medida em linha reta, conhecida pelos ocultistas, como também por cientistas, apesar destes últimos não a chamarem com o termo “dimensão”; e esta nova dimensão, que futuramente será a mais investigada como Quarta Dimensão, é a marca usada na determinação dos graus ou Planos.

Esta Quarta Dimensão pode ser chamada a Dimensão da Vibração. Este é um fato bem conhecido para a moderna ciência, como para os hermetistas, que estabeleceram a verdade no seu Terceiro Princípio Hermético, que “tudo se move, tudo vibra, nada está parado”. Desde as manifestações mais elevadas até às mais baixas, todas as coisas vibram. Não somente elas vibram em diferentes coeficientes de movimento, mas também em diversas direções e de diferentes maneiras. Os graus de coeficiente das vibrações constituem os graus de medição na Escala de Vibrações, ou em outras palavras, os graus da Quarta Dimensão. E estes graus, formam o que os ocultistas chamam “Planos”. O mais elevado grau de vibração constitui o plano mais elevado e a mais elevada manifestação da Vida que ocupa este plano. Assim, apesar de um plano não ser um lugar, nem ainda um estado ou uma condição, ele possui as qualidades de ambos. Desejaríamos dizer mais sobre o assunto da escala das Vibrações nas nossas próximas lições, em que consideraremos o Princípio Hermético de Vibração.

Deveis lembrar-vos agora que os Três Grandes Planos não são as divisões atuais dos fenômenos do Universo, mas simplesmente termos arbitrários empregados pelos hermetistas para facilitar o pensamento e o estudo dos vários graus e formas da atividade e da vida universal. O átomo de matéria, a unidade de força, a mente do homem e a existência do arcanjo são graus de uma escala, e fundamentalmente a mesma coisa, a diferença sendo simplesmente uma questão de grau e coeficiente de vibração; todas são criações do todo, e só têm sua existência na Infinita Mente do todo.

Os hermetistas subdividem cada um destes Três Grandes Planos em Sete Planos menores, e cada um destes são também subdivididos em sete subplanos, todas as divisões sendo mais ou menos arbitrárias, penetrando umas nas outras, e adotadas somente para conveniência do estudo científico e para a ideia.



Os Três Iniciados




Fonte: Partilha do texto aleatoriamente selecionado. Livro «O CAIBALION - Os Três Iniciados - Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia - Universalismo», inserido na coleção "Saberes".
Parte do Capítulo VIII - Os Planos de Correspondência (pp. 73 a 75)
Publicações Maitreya - Porto, Portugal
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Fonte da Gravura: Publicações Maitreya


sábado, 12 de março de 2022

A FELICIDADE VAI CURAR O MUNDO


Todos nós temos um interesse global em criar uma felicidade que seja verdadeira e duradoura. Para muitos, a expressão “a felicidade vai curar o mundo” parece artificial e ilusória. É mesmo verdade que um bom sentimento ou uma sensação de contentamento pessoal não curam o mundo, longe disso. Mas, em um nível básico, pessoas felizes não escolheriam desenvolver armas químicas, começar movimentos terroristas, cometer atos de tortura e iniciar guerras. Mesmo que um grupo pequeno de pessoas encontrasse seu eu verdadeiro e com isso atingisse a felicidade constante, elas viveriam em um nível profundo de consciência. A partir desse nível, a influência irradiada para as redondezas seria profunda.

Elas adicionariam um elemento à consciência, denominado “coerência”. (Na era da fé, poderíamos chamar isso de sagrado, pureza ou a paz que transmite entendimento.) Esse é o estado fundamental de todos, pois a coerência é natural; nenhuma célula no seu corpo poderia continuar viva por três segundos se a vida não fosse sistemática, organizada, equilibrada e interconectada. No nível da consciência, ser coerente consigo mesmo significa que você está:

Em paz.
Desprovido de violência.
Desperto e consciente.
Destemido.
Sem conflito e ilusões.
Resiliente.
Independente, livre de influências externas.

Essas não deveriam ser qualidades raras. Mas são quando as pessoas tornam-se infelizes, e sua incoerência é irradiada aos que estão ao redor. A incoerência individual avança o estado de caos, confusão e conflito. A partir desse estado, que todos nós conhecemos em nossa vida pessoal, os problemas infelizes do mundo seguem-se tão naturalmente quanto a noite segue o dia. Quando perguntado como impedir a guerra, J. Krishnamurti proferiu algo profundo. Ele disse: “Mude-se. Sua raiva e violência são a causa de todas as guerras.” O mundo deixou que a incoerência se espalhasse como uma pandemia. Agora temos de testar se a coerência pode ter o efeito positivo, dando um fim ao caos, ao conflito e à confusão em uma escala global.

Sempre foi verdade que dependemos uns dos outros para o nosso bem-estar emocional e físico. Uma palavra rude de alguém pode causar uma devastação física e emocional em seu corpo. Uma palavra carinhosa pode transformar a devastação em harmonia. Emoções como amor, compaixão, empatia e alegria levam o corpo de volta ao estado de equilíbrio conhecido como homeostase: mecanismos de autorregulagem são disparados; o resultado é uma resposta de cura biológica. Se você está nesse estado de bem-estar e eu estou próximo a você, serei afetado da mesma forma. Minha fisiologia espelhará a sua.

A verdade fundamental parece inegável: minha felicidade pode curar outra pessoa da mesma maneira com que me cura. A contribuição mais importante que posso fazer para a cura do nosso planeta é, portanto, ser feliz. Ao espalhar essa felicidade aonde quer que eu vá, crio uma resposta curativa. É crucial perceber que isso não requer que se faça nada de especial – não é preciso que você foque ações de gentileza, embora, se elas forem expressões espontâneas de sua felicidade, isso seja maravilhoso. Não é dizendo ou fazendo que criamos a mudança mais profunda ao nosso redor. Como Ralph Waldo Emerson disse certa vez: “O que você é grita tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz.” Quanto mais intenso for o seu estado de felicidade, maior é seu efeito de cura.

A influência curativa da felicidade viaja literalmente na velocidade da luz. Como um único pensamento inspirador que viaja pela internet e atinge milhões de pessoas em questão de horas, a felicidade de uma pessoa não tem restrições. Ela se multiplica exponencialmente como uma infecção benigna, criando uma ordem maior no lugar da desordem, maior união no lugar da separação. Portanto, em vez de ficar preso a uma identidade limitada, veja-se em uma escala global. Se você estiver no caminho da consciência una, já é um pequeno passo imaginar a felicidade em uma escala global como parte ampliada do corpo, mente e espírito da humanidade. A matriz que nos une está além de qualquer campo de energia ou campo de informação. É um campo espiritual. Isso é a manifestação do que as religiões chamam de mente de Deus.

Agora a visão está completa. Como disse Plotino: “Nossa preocupação não deve ser a de simplesmente não ter pecados, mas de ser Deus.” A existência mais feliz que qualquer um pode imaginar é viver na mente de Deus, uma mente totalmente humana, que era a intenção de Deus o tempo todo. Tudo o que tememos no mundo e queremos mudar pode ser transformado por meio da felicidade; o desejo mais simples que tivermos, e também o mais profundo.


Deepak Chopra



Fonte: do livro "O Caminho para a Felicidade Suprema"
Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2012
www.rocco.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

PARSIFAL - A IMAGEM DO ADEPTO À CAMINHO DA INICIAÇÃO


A partida de Parsifal à conquista do Graal é a imagem eterna do adepto no caminho da Iniciação. Tal como Parsifal, que devia atravessar florestas escuras, combater inimigos e gigantes temíveis, escapar a armadilhas, o discípulo tem de enfrentar a escuridão, travar combates e vencer as tentações. Uma vez ultrapassadas todas as provas, Parsifal chega a um castelo maravilhoso, com as paredes cobertas de ouro e pedras preciosas, onde é acolhido solenemente, e é ali que lhe é dado contemplar o Santo Graal. A visão do Graal é a suprema recompensa para aquele que alimenta sem parar, na mente e no coração, o ideal de obter os dons inestimáveis do Espírito.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/c%c3%a1lice-cruzadas-cruz-de-s%c3%a3o-jorge-3653632/

SOU RESPONSÁVEL...


PELA GUERRA…

Quando orgulhosamente faço uso da minha inteligência para prejudicar o meu semelhante.

Quando menosprezo as opiniões alheias que diferem das minhas próprias.

Quando desrespeito os direitos alheios.

Quando cobiço aquilo que uma outra pessoa conseguiu honestamente.

Quando abuso da minha superioridade de posição, privando outros de sua oportunidade para progredir.

Se considero apenas a mim próprio e a meus parentes pessoas privilegiadas.

Quando me concedo direitos para monopolizar recursos naturais.

Se acredito que outras pessoas devem pensar e viver da mesma maneira que eu.

Quando penso que sucesso na vida depende exclusivamente do poder, da fama e da riqueza.

Quando penso que a mente das pessoas deve ser dominada pela força e não educada pela razão.

Se acredito que o Deus de minha concepção é aquele em que os outros devem acreditar.

Quando penso que o país em que nasce o indivíduo deve ser necessariamente o lugar onde ele tem de viver.


PELA PAZ…

Se direciono correta e construtivamente os poderes da minha mente.

Se concedo ao meu semelhante o direito pleno de se expressar, de acordo com seu próprio entendimento das verdades da vida.

Se reconheço que os meus direitos cessam quando se iniciam os direitos de outros, e aceito isso como um mínimo indispensável de disciplina.

Se faço uso dos poderes interiores para criar as minhas próprias oportunidades.

Se consigo promover a evolução dos que me cercam, sem considerar ameaçada a minha posição, e entendo que esta é a minha maior fonte de sucesso.

Se compreendo que as Leis Divinas diferem das criadas pelo Homem, e que nenhum direito divino especial é concedido a alguém unicamente por seu berço.

Se reconheço que os recursos naturais devem servir indistintamente a todas as formas de vida, e que não me cabem direitos exclusivos sobre eles.

Se compreendo que nada é mais livre do que o pensamento e que o pensamento construtivo transforma o Homem, direcionando-o à sua verdadeira meta.

Quando sinto que toda felicidade depende do simples fato de existir… de estar de bem com a vida.

Se percebo que todo ser humano pode vir a ser um grato amigo, quando convencido pela argumentação sincera.

Se considero que “a Alma de Deus adquire personalidade no Homem”, e que este só pode conceber Deus a partir de sua própria percepção da Divindade.

Se reconheço a mim e ao meu semelhante como partes integrantes do universo e que a cada um cabe a busca do lugar onde melhor possa servir.


“Se estou em paz, eu promovo a paz dos que me cercam. Por sua vez, eles promovem a paz daqueles que estão à sua volta e que também farão o mesmo. Então, a paz começa por mim! E sem ela não pode haver a necessária transformação social.”



Ralph Maxwell Lewis, FRC




Ralph Maxwell Lewis, FRC (1904 - 1987), Rosacruz, escritor, místico; deu sequência à obra do pai, Harvey Spencer Lewis, sendo o segundo Imperator da Ordem Rosacruz – AMORC (Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis). Na Fédération Universelle des Ordres et Sociétés Initiatiques, FUDOSI, ele era conhecido com o nome místico de Sâr Validivar. (Fonte: Wikipedia)




Ordem Rosacruz - AMORC
www.amorc.org.br