O misticismo rosacruz emprega a doutrina do carma, mas a aplicação que dela faz é sensivelmente diferente da de seus predecessores orientais.
Para o rosacruz, o carma é comparável à lei da causalidade. Para todo o efeito deve haver uma causa ativa e uma causa passiva. Toda ação mental ou física traz um resultado que tem um valor ligado à própria causa. Assim, se colocamos em movimento uma sucessão de atos criadores, moralmente bons, esses atos acabarão contribuindo vantajosamente para o indivíduo. A lei da causalidade, como ensinamento dos rosacruzes, não conhece, nem no misticismo nem na ciência, nenhuma censura. Os efeitos devem necessariamente seguir-se à causa. Por causa de certas faltas, podemos vivenciar certo sofrimento. Entretanto, o sofrimento que pode ser associado ao resultado de uma ação NÃO É INTENCIONAL. É INEVITÁVEL. Ele provém da necessidade da causa, mas NÃO É PLANEJADO COMO UMA PUNIÇÃO. NÃO SE TRATA DE UMA SANÇÃO. Os efeitos de sofrimento - que também podem ser de prazer - ENSINAM ao homem as consequências de seus atos causativos. Ele sabia o que o esperava quando os executou. Dessa forma, O CARMA DÁ A CADA INDIVÍDUO UMA EXPERIÊNCIA ÍNTIMA DAS DIVINAS LEIS CÓSMICAS. É uma experiência que ele tem de viver em sua própria consciência. Ela não lhe é trazida pelos outros. O carma, consequentemente, faz desaparecerem a fé cega, as dúvidas, o ceticismo, e os substitui pelos conhecimentos necessários para uma vida reta.
Não há desculpa para uma conduta maldosa, mesmo que seja devida à ignorância. Existem consequências cármicas maiores e menores que criamos através de nossas ações. Na verdade, criamos a cada dia consequências cármicas menores quase impossíveis de enumerar. Por exemplo, podemos comer uma coisa qualquer e sofrer uma indigestão. Esse sofrimento não é um castigo infligido pela natureza. Não é uma sanção, mas a consequência natural da lei da causalidade. É como somar certo número de cifras; chegamos a um total, o que provém da necessidade matemática das próprias cifras ou números, não pelo fato de que um cérebro trabalha para exigir ou fornecer esse total. Os efeitos cármicos maiores estão na violação de leis cósmicas e princípios divinos. Essa violação reside em um mal intencionalmente causado aos outros para finalidades egoísticas.
Nem sempre é necessário sentirmos um efeito para sabermos o que procede da causa. Fomos dotados de um barômetro espiritual, que é o senso moral que possuímos, a nossa consciência. Esse barômetro nos avisa todas as vezes que nossos atos ou os atos que pretendemos realizar são contrários às leis e aos princípios cósmicos. Ele pode se manifestar na forma de uma repugnância em continuar certas ações ou em prosseguir numa certa direção que demos ao nosso pensamento. Se persistirmos, a despeito dos avisos desse barômetro que é a consciência, sentiremos, naturalmente, os efeitos desagradáveis que nos ensinarão lições muito amargas.
Ralph Maxwell Lewis, FRC
Fonte: do livro "O Santuário Interior"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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