A vida evolui por etapas. Ela inicialmente constrói formas na matéria hiperfísica, e então a chamamos de vida elementar. Depois, utilizando a experiência construtora que assim adquiriu, ela "anima" os elementos químicos, transformando-se então na alma-grupo mineral. Em seguida ela forma o protoplasma, anima as formas vegetais, e mais tarde as formas animais. No estágio seguinte, nós a encontramos no homem, na atividade de edificar indivíduos capazes de pensar e de amar, de sacrificar-se e ter idealismo, pois "o humilde, ao se esforçar por tornar-se um homem, gravita por cada uma das espirais da forma". Mas o homem não é o último elo da cadeia.
Para bem compreendermos todo o processo cósmico que vai do átomo ao homem, há um elemento que devemos levar em consideração. Embora a matéria evolua do homogêneo para o heterogêneo, do indefinido para o definido, do simples para o complexo, a vida não evolui da mesma forma. A evolução da matéria é uma reorganização; a evolução da vida é uma libertação e um desabrochar. De um modo incompreensível para nós, na primeira célula de matéria viva encontravam-se Shakespeare e Beethoven. Possivelmente são necessários milhões de anos para que a natureza reorganize a substância, durante os quais a seleção continua, até que seja encontrada a agregação conveniente e que Shakespeare e Beethoven possam sair do seio da natureza para desempenhar seus papéis numa cena de seu drama. Entretanto, no decorrer desses milhões de anos, a vida guardou misteriosamente esses gênios em seu seio. Em sua evolução, a vida não recebe, ela dá; pois atrás dela, formando seu coração e sua alma, há alguma coisa ainda maior: uma Consciência. Na plenitude de seu Poder, de seu Amor e de sua Beleza, que são imensos, essa Consciência dotou a primeira parcela de vida de tudo que ela é. Assim como para um ponto invisível podem convergir todos os raios luminosos que emanam do panorama grandioso oferecido por uma cadeia de montanhas, assim cada germe de vida é o lar dessa existência sem limites.
Como já mencionamos, a vida humana, em seus estágios anteriores, foi vida animal, vida vegetal, vida mineral e vida elemental. Contudo, uma parte dessa mesma vida mineral é desviada para um outro canal, passa através de formas vegetais, animais, depois através de formas de "consciência da natureza" (as fadas da tradição) para chegar aos Anjos ou Devas. Existe uma outra corrente paralela, da qual pouco se sabe, a da vida das células, com as fases precedendo e seguindo esse estágio. Também existe, provavelmente, uma corrente de vida distinta que passa pelos elétrons, os íons e os elementos químicos. Ainda outros tipos de evolução existem em nosso planeta, mas a insuficiência de informações a seu respeito nos obriga a deixá-los de lado.
C. Jinarajadasa
Fonte: do livro "Evolução Oculta da Humanidade"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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