sexta-feira, 7 de outubro de 2022

UM GRITO AO CÉU


Muitos acontecimentos penosos dizem respeito ao conjunto da colectividade e é impossível evitá-los: uma inundação, um tremor de terra ou uma guerra, por exemplo. Durante uma guerra, não se pode escapar às provações, às infelicidades, às grandes perdas, mas aquele que ora, que age através da alma e do espírito, transforma interiormente nele próprio estas provações, ainda que exteriormente os acontecimentos sejam os mesmos, onde os outros fraquejam, perdem a coragem ou até se suicidam, ele encontra em si próprio forças, um alimento espiritual, um encorajamento.

Os humanos habituaram-se a receber tudo do exterior. Por um lado, é normal, porque eles não poderiam viver sem as numerosas matérias e energias que recebem da água, do ar, do sol e da terra. Nós somos criaturas e todas as criaturas, toda a Criação é obrigada a receber do exterior aquilo de que necessita para continuar a viver. Só o Criador escapa a esta lei: Ele não necessita de esperar que o alimentem. Sim, mas como Ele deixou uma partícula de Si mesmo em cada criatura, uma centelha, um espírito que é da mesma natureza que Ele, graças ao espírito cada criatura pode tornar-se, ela própria, criadora. O ser humano, em vez de estar à espera de tudo do exterior, pode agir interiormente através do seu pensamento, da sua vontade, do seu espírito, e captar o maior número de elementos de que necessita para se alimentar física e psiquicamente. Por isso, o Ensinamento dos Iniciados foi sempre o ensinamento do espírito criador e aqueles que aceitam este Ensinamento serão sempre fortes, independentes, estarão sempre acima das circunstâncias.

Não se deve suportar as situações passivamente, deixar-se ir, mas sim procurar reagir. Não podereis melhorar tudo, não estais ainda à altura de o fazer, mas a vossa oração é como uma pequena semente que dá frutos imediatos. Vós pronunciastes algumas palavras, concentrastes-vos numa linguagem luminosa, e isso foi como um grito para que venham salvar-vos. Vós não observais a vida em vosso redor, todavia eu estou sempre a dizer-vos que é daí que deveis tirar lições. Olhai uma criança: quem a instruiu, quem lhe revelou que a palavra é uma força? Quando se sente em perigo, ela grita: «Mamã!» Como é que esta criança aprendeu a servir-se de uma palavra mágica? Se ela não tivesse gritado, a mãe não teria sabido que se passava qualquer coisa. Mas ela ouve-a e vai apressadamente salvá-la. Então, porque não pensais vós em lançar pelo menos um grito ao Céu?



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: Opúsculo 305, "A Oração" - Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/mu%c3%a7ulmano-ora%c3%a7%c3%a3o-rezar-mesquita-7059888/

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