segunda-feira, 30 de março de 2015

RAIVA, VIOLÊNCIA E SEGURANÇA

Pergunta: Como lidamos com a violência em outra pessoa? Krishnamurti: Meu vizinho é violento: como lido com isso? Dou a outra face? Ele vai achar bom. Que devo fazer? Você faria essa pergunta se fosse realmente não violento, se não houvesse nenhuma violência em você? Escute bem essa pergunta. Se no seu coração, na sua mente, não houver violência alguma, ódio algum, nem amargura, nem sentimento de realização, nem desejo de ser livre, nenhuma violência, você faria essa pergunta sobre como lidar com o vizinho violento? Ou você saberia o que fazer com ele? Outras pessoas poderão chamar de violência o que você faz, mas você pode não ser violento; naquele momento em que o seu vizinho age violentamente, você saberá como lidar com a situação. Mas uma terceira pessoa, observando, poderá dizer: “Você também é violento”. Mas você sabe que não é violento. Portanto, o que importa é ser completamente livre de violência – e não o que outra pessoa diga de você. (Beyond Violence, pp 83-84)

Quando se defronta com a violência, o cérebro passa por uma rápida mudança química; ele reage muito mais rapidamente do que o golpe. O corpo todo reage e há resposta imediata; a pessoa pode não revidar, mas a própria presença da raiva ou do ódio causa essa resposta e existe ação. Na presença de uma pessoa com raiva, veja o que acontece quando se está ciente disso sem que haja resposta a isso. No momento em que se está cônscio da raiva de outrem, e não se reage, há uma resposta muito diferente. O instinto da pessoa é responder ao ódio com ódio, à raiva com raiva; há uma injeção química que enseja reações nervosas no sistema. Mas acalme tudo isso na presença da raiva, e uma ação diferente se manifestará. (Questions and Answers, p 23)

Será que existe raiva justa? Ou só há raiva? Não há boa influência ou má influência, só há influência; mas, quando você está influenciado por algo que não me agrada, chamo isso de má influência. No momento em que você protege sua família, seu país, um pano colorido chamado bandeira, uma crença, uma ideia, um dogma, a coisa que você exige ou possui, essa mesma proteção indica raiva. Então, será que você pode olhar para a raiva sem nenhuma explicação ou justificação, sem dizer: “Preciso proteger os meus bens”, ou “Eu estava certo em ficar com raiva”, ou “Como fui estúpido em ficar com raiva”? Você consegue olhar para a raiva como se ela fosse algo em si mesma? Consegue olhar com completa objetividade, o que significa sem a defender nem a condenar? (Freedom from the Known, p 52)

Psicologicamente, em nosso relacionamento com ideias, pessoas e coisas, queremos segurança, mas será que existe segurança em algum relacionamento? É claro que não. Querer segurança psicológica é negar a segurança exterior. Se quero estar psicologicamente seguro como hindu, com todas as tradições, superstições e ideias, identifico-me com o grupo maior, que me dá grande conforto. Assim, adoro a bandeira, a nação, a tribo, e me isolo do resto do mundo. Essa divisão, obviamente, traz insegurança física. Quando adoro a nação, os costumes, os dogmas religiosos, as superstições, isolo-me dentro dessas categorias e, então, é claro, preciso negar a segurança física para todos os outros. A mente busca segurança física, a qual é negada quando ela busca segurança psicológica. (The Flight of the Eagle, pp 57-8)



J. Krishnamurti






Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura:
http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/


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