A encarnação é uma punição?
Não há senão espíritos culpados que a ela estejam obrigados?
A passagem pela vida corporal é necessária para que possam cumprir os desígnios de Deus; ela é necessária a eles mesmos porque a atividade a que estão obrigados desenvolvem sua inteligência. Deus, que é soberanamente justo, considera igualmente todos os seus filhos, dá a todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações e a mesma liberdade.
A encarnação é para todos, um estado transitório; uma tarefa que Deus lhes impõe como prova para uso do seu livre arbítrio. Aqueles que as cumpre com zelo, vencem mais rapidamente, menos penosamente e gozam mais cedo dos frutos do seu trabalho. Os que retardam o seu adiantamento, prolongam indefinidamente a necessidade de reencarnar; isso porém não é castigo, não é nenhuma punição, mas sim a obrigação de recomeçar o mesmo trabalho para sua própria experiência e aprendizado.
A encarnação tem um fim útil. Quis Deus que encontrando-se os espíritos em novas reencarnações, tivessem ocasião de reparar os seus erros recíprocos, melhorarem suas relações anteriores, assentar os laços de família sobre base espiritual, e apoiar sobre uma lei natural os princípios de solidariedade, fraternidade e de igualdade. (Baseado em "O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 4, item 25)
PROBLEMAS DA EVOLUÇÃO
Em cada etapa nova, remanescem as ocorrências da anterior, em uma cadeia sucessória natural. A criatura humana, encarna-se e reencarna-se, repetindo as façanhas existenciais até atingir o clímax que a aguarda; e através desse mecanismo, abrem-se espaços a conquistas, mais amplas e complexas, assim como um fracasso em determinado comportamento estabelece processos que impõem problemas no desenvolvimento.
Pelas evocações inconscientes, ou sem elas, a criatura caracteriza-se, psicologicamente, por atitudes de ser fraco ou forte, podendo, bem ou mal, enfrentar os dissabores ou propostas de crescimento. Graças a essa conduta, se torna feliz ou atormentada. Ninguém está isento do patrimônio de si mesmo, como resultado dos próprios atos, o que constitui para o ser, um grande estímulo liberando-o dos processos de transferência de responsabilidade para outrem ou para fatores circunstanciais, sociais. Mesmo quando os imperativos genéticos insculpem situações orgânicas ou psíquicas constritoras, esses ainda derivam da conduta pessoal anterior, devendo serem considerados como estímulos e métodos corretivos, educadores, a que as leis da vida recorrem para o seu aprimoramento.
O estado de humanidade já é conquista valiosa, no entanto é o passo inicial de nova ordem de valores. O psiquismo evolve da insensibilidade inicial à percepção primária, dessa à sensibilidade, ao instinto, à razão, em escala ascendente, passando à intuição, e atingindo níveis elevados de interação com a Mente Cósmica.
Em se considerando o estágio de humanidade, os indivíduos mergulhados no processo do crescimento, raramente se dão conta de que o sofrimento é fator de aprimoramento e constitui instrumento de evolução. Quando imaturo, o ser lamenta-se, teme e transforma o instrumento de educação em flagelo que o dilacera, tornando-se desventurado pela rebeldia ou entrega-se ao desanimo, negando-se à luta e autodestruindo-se, sem dar-se conta. Surge então da falta de valor moral, os transtornos depressivos, lamentável auto-abandono, portanto de autocídio.
É lícito e natural que cada pessoa se considere humana, isto é, com direitos aos erros e aos acertos; porém não incólume, não especial. Quando erra, repara; quando acerta cresce. A evolução ocorre através de vários e repetidos mecanismos de erro e acerto, desde os primeiros passos até a firmeza de decisão e de marcha.
A estrutura psicológica social - soma de todas as experiências, culturais, históricas, políticas, religiosas - exerce uma função compressiva no comportamento do homem, que se deve libertar mediante o amadurecimento pessoal. Reflexão e diálogo, honestidade para consigo mesmo e para com o seu próximo, esforço constante para a identificação dos seus limites e ampliação deles, constituem terapias e métodos para transformar os problemas em soluções, as dificuldades em experiências vitoriosas, crescendo sem cessar.
Os problemas, as dificuldades naturais, fazem parte do desempenho pessoal e da sua estruturação psicológica. A vida são todos as ocorrências, agradáveis ou não, que trabalham pelo progresso. Importante, desse modo, é manter-se o equilíbrio entre ser e exteriorizar o que se é, sem conflitos, eliminando os estados de tensão resultantes da insatisfação ou do comodismo, realizando-se interior e exteriormente.
Nesta luta, os conteúdos ético-morais da vida têm prevalência, devendo ser incorporados à conduta que os automatiza, não mais gerando áreas resistentes à auto-realização, e liberando-as para um estado de plenitude relativa, naturalmente em razão da transitoriedade da existência física. A integridade e a segurança defluem do que se é jamais do que se tem.
Há aqueles que afirmam ter problemas, e os cultiva sem cessar, há aqueles que têm problemas, e não se encontram dispostos a enfrentá-los, a solucioná-los, esperando que outros o façam, porque se consideram isentos de acontecimentos dessa ordem, há os que vivem sob problemas, preservando-os mediante transferências psicológicas continuadas, adiando as soluções no tempo e no lugar, ignorando-os e ignorando-se.
Na maioria das vezes, porém, as pessoas são os problemas, que não solucionam pequenos desafios, mas os transformam em impedimentos, deixando-se consumir por desequilíbrios íntimos nos quais se realizam psicologicamente.
O ser psicológico, amadurecido, ama e confia, fitando o alvo e avançando para ele, Sem Ter, Nem Ser problema na própria trajetória. Já não se compadece da própria fraqueza, porém busca fortalecer-se; tampouco de considera inferior em relação aos demais, por saber-se detentor de energias equivalentes. Mergulhado na harmonia geral, contribuí conscientemente para mantê-la, observando-a e com ela se identificando, observado e em sintonia, diante do conjunto que também o envolve no ato de observar.
É indispensável, assim, que tome consciência de si, o que lhe independe da inteligência, da atividade de natureza mental. A consciência expressa-se em uma atitude perante a vida, um desvendar de si mesmo, de quem se é, de onde se encontra, analisando, depois, o que se sabe e quanto se ignora, equipando-se de lucidez que não permite mecanismos de evasão da realidade. Não finge que sabe, quando ignora; tampouco aparenta desconhecer, se sabe. Trata-se portanto, de uma tomada de conhecimento lógico.
Marisa de Mello
Psicóloga
(Desconheço a fonte do Texto)
Fonte da Gravura: http://www.morguefile.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário