Para ser livre, você tem que examinar a autoridade, todo o esqueleto da autoridade, despedaçando toda a coisa suja. E isso requer energia, verdadeira energia física, e também, demanda energia psicológica. Mas a energia é destruída, é gasta quando a pessoa esta em conflito. Assim, quando há a compreensão da totalidade do processo de conflito, há o fim do conflito, há abundância de energia. Então você pode prosseguir, despedaçando a casa que você construiu através de séculos e que não tem absolutamente significado. Você sabe, destruir é criar. Devemos destruir, não os prédios, não o sistema social ou econômico – isto acontece diariamente – mas as defesas psicológicas conscientes e inconscientes, as seguranças que se construiu racionalmente, individualmente, profundamente, e superficialmente. Devemos romper tudo isso para ficar totalmente sem defesas, pois você deve estar indefeso para amar e ter afeição. Então você vê e compreende a ambição, a autoridade, e começa a ver quando a autoridade é necessária e em que nível – a autoridade do policial e não mais. Então não existe autoridade de aprender, nem autoridade de conhecimento, nem autoridade de capacidade, nem autoridade que a função assume e que se torna status. Para compreender toda autoridade – dos gurus, dos Mestres e outros – é preciso uma mente perspicaz, um cérebro claro, não um cérebro turvo, não um cérebro embotado.
Pode a mente estar livre da autoridade, o que significa livre do medo, de modo que não seja mais capaz de seguir? Se puder, isto põe um fim à imitação, que se torna mecânica. Afinal, virtude, ética, não é uma repetição daquilo que é bom. No momento em que se torna mecânico, deixa de ser virtude. A virtude é uma coisa que existe de momento a momento, como a humildade. A humildade não pode ser cultivada, e a mente que não tem humildade é incapaz de aprender. Então a virtude não tem autoridade. A moralidade social não é moralidade de fato; ela é imoral porque admite competição, ganância, ambição, e assim, a sociedade está encorajando a imoralidade. A virtude é uma coisa que transcende a moralidade. Sem virtude não há ordem, e a ordem não existe segundo um padrão, segundo uma fórmula. A mente que segue uma fórmula se disciplinando para ter virtude cria para si mesma os problemas da imoralidade. Uma autoridade externa que a mente objetiva, tirando a lei, como Deus, como moral, e assim por diante, se torna destrutiva quando a mente está buscando compreender o que é a virtude real. Nós temos nossa própria autoridade como experiência, como conhecimento, que vamos tentando seguir. Há esta constante repetição, imitação que todos conhecemos. A autoridade psicológica – não a autoridade da lei, o policial que mantém a ordem – a autoridade psicológica, que cada um tem, se torna destrutiva da virtude porque a virtude é uma coisa que está viva, em movimento. Como você não pode cultivar a humildade, como você não pode cultivar o amor, assim também a virtude não pode ser cultivada; e há grande beleza nisso. A virtude não é mecânica, e sem virtude não há base para o pensar claro.
J. Krishnamurti
Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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