terça-feira, 14 de outubro de 2014

MENTE QUIETA - MENTE SIMPLES - AUTOCONHECIMENTO

Sem conhecer a si mesmo, faça o que fizer, não pode haver o estado de meditação. Quero dizer com “autoconhecimento”, conhecer cada pensamento, cada disposição, cada sentimento; conhecer a atividade de sua mente – não conhecer o ego supremo, o grande ego; não existe tal coisa; o ego superior, o “Atman”, está ainda dentro do campo do pensamento. O pensamento é resultado de nosso condicionamento, o pensamento é a resposta de sua memória, ancestral ou imediata. E simplesmente tentar meditar sem estabelecer primeiro, profundamente, irrevogavelmente, essa virtude que surge através do autoconhecimento, é completamente enganoso e absolutamente inútil. Por favor, é muito importante que aqueles que são sérios compreendam isto. Porque se você não pode fazer isso, sua meditação e o viver atual estão divorciados, apartados – tão apartados que, embora você possa meditar, fazer posturas indefinidamente, pelo resto de sua vida, não enxergará além de seu próprio nariz; qualquer postura que você assumir, qualquer coisa que fizer, não terá significado. É importante compreender o que é esse autoconhecimento, apenas estar cônscio, sem nenhuma escolha, do “eu” que tem sua origem num feixe de memórias – apenas estar cônscio disto sem interpretação, meramente observar o movimento da mente. Mas essa observação é impedida quando você está apenas acumulando através da observação – o que fazer, o que não fazer, o que conseguir; se você fizer isso, porá um fim ao processo vivo do movimento da mente como ego. Ou seja, eu tenho que observar e ver o fato, o presente, o que é. Eu abordo isto com uma ideia, com uma opinião – tal como “eu não devo” ou “eu devo”, que são respostas da memória – então o movimento do que é fica obstruído, bloqueado; e daí, não há aprendizagem.

Quando estamos conscientes de nós mesmos, todo o movimento do viver não é uma revelação do “eu”, do ego? O ego é um processo muito complexo que só pode ser revelado na relação, em nossas atividades diárias, no modo como falamos, no modo como julgamos, calculamos, no modo como condenamos os outros e a nós mesmos. Tudo isso revela o estado condicionado de nosso próprio pensar, e não é importante estar cônscio de todo este processo? Apenas através da conscientização do que é verdadeiro de momento a momento se descobre aquilo que é infinito, o eterno. Sem autoconhecimento, o eterno não pode surgir. Quando não conhecemos a nós mesmos, o eterno se torna uma simples palavra, um símbolo, uma especulação, um dogma, uma crença, uma ilusão para onde a mente pode fugir. Mas se a pessoa começa a compreender o “eu” em todas as suas várias atividades dia a dia, então nessa própria compreensão, sem qualquer esforço, o inominável, o eterno, surge. Mas o eterno não é uma recompensa para o autoconhecimento. Aquilo que é eterno não pode ser perseguido; a mente não pode adquiri-lo. Ele surge quando a mente está quieta, e a mente só pode estar quieta quando é simples, quando não está mais armazenando, condenando, julgando, pesando. Apenas a mente simples pode compreender o real, não a mente que está cheia de palavras, conhecimento, informação. A mente que analisa, calcula, não é uma mente simples.




J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Um Lago no Tibete
Fotografía de Rosa Sorrosal
http://www.good-will.ch/postcards_es.html

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