Toda multidão é uma multidão heterogênea, mas nenhum indivíduo o é. Cada indivíduo é uma consciência autêntica. No momento em que ele se toma parte da multidão, ele perde a sua consciência; então ele é dominado pelo coletivo, pela mente mecânica.
Estou fazendo uma coisa simples - tirando indivíduos para fora das multidões, devolvendo-lhes a sua individualidade e dignidade.
Eu não quero multidão alguma no mundo. Não importa se eles se juntaram em nome de religiões, ou em nome de nacionalidades, ou em nome de raças. Como tal, a multidão é feia, e as multidões cometeram os maiores crimes no mundo, porque a multidão não tem consciência. Ela é uma inconsciência coletiva.
A consciência torna a pessoa um indivíduo - um pinheiro solitário dançando ao vento, um solitário e ensolarado pico de montanha em sua completa glória e beleza, um solitário leão e seu rugido tremendamente belo que ecoa por quilômetros nos vales.
A multidão é sempre de ovelhas, e todo o esforço do passado tem sido o de converter cada indivíduo em uma peça de engrenagem, em uma parte morta de uma multidão morta. Quanto mais inconsciente ele é, e quanto mais o seu comportamento é dominado pela coletividade, menos perigoso ele se torna. Na verdade, ele se torna quase inofensivo. Ele não pode destruir nem mesmo sua própria escravidão.
Pelo contrário, ele começa a glorificar sua própria escravidão - sua religião, sua nação, sua raça, sua cor. Essas são as suas escravidões, mas ele começa a glorificá-las. Como indivíduo ele não pertence a nenhuma multidão. Toda criança nasce como um indivíduo, mas raramente um homem morre como um indivíduo.
Meu trabalho é fazer com que você encontre a sua morte com a mesma inocência, com a mesma integridade, com a mesma individualidade que você tinha ao nascer. Entre o seu nascimento e a sua morte, a sua dança deveria permanecer um consciente, um solitário alcançar as estrelas... sozinho, incorruptível - um espírito rebelde. A menos que você tenha um espírito rebelde, você não tem espírito algum. Não existem outros tipos de espíritos.
E você pode ficar descansado que eu não irei parar! Essa é a minha única alegria - tornar o maior número possível de pessoas livres de seus cativeiros, de suas celas escuras, de suas algemas, de suas correntes, e trazê-las para a luz, de tal forma que elas também possam conhecer as belezas deste planeta, a beleza deste céu, as belezas desta existência.
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Em uma coletividade, em uma multidão, você simplesmente se apega aos cadáveres do passado. Um homem, vivendo de acordo com a multidão, parou de viver. Ele está simplesmente seguindo como um robô.
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Mas o homem na multidão tem sempre agido cegamente. Se você puxa o mesmo homem para fora da multidão e lhe pergunta: “O que você estava fazendo? Você pode fazer isso sozinho, por você mesmo?” Ele se sentirá embaraçado. E você ficará surpreso ao ouvir a sua resposta: “Por minha própria conta não posso fazer uma coisa tão estúpida, mas quando estou numa multidão, algo estranho acontece.”
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O homem perde tão facilmente sua pequena consciência no oceano coletivo da inconsciência. Essa é a causa de todas as guerras, de todos os motins, de todas as cruzadas, de todos os assassinatos.
Indivíduos cometeram muito poucos crimes comparados aos da multidão. E as razões dos indivíduos que cometeram crimes são totalmente diferentes - eles nasceram com uma mente criminosa, nasceram com uma química criminosa, necessitam de tratamento. Mas o homem que comete um crime porque ele é parte de uma multidão nada tem que deva ser tratado. Tudo o que é necessário é tirá-lo da multidão. Ele deveria ser limpo; limpo de todas as escravidões, limpo de todo o tipo de coletividade. Ele deveria se tomar um indivíduo novamente - assim como era quando veio ao mundo.
As multidões devem desaparecer do mundo.
Somente indivíduos deveriam permanecer.
Então, os indivíduos podem ter encontros, os indivíduos podem ter confraternizações, os indivíduos podem ter diálogos. No momento, sendo parte de uma multidão, eles não são livres, nem mesmo conscientes para terem um diálogo ou uma comunhão.
Meu trabalho é tirar os indivíduos para fora de qualquer multidão - cristã, muçulmana, hindu, judia... qualquer multidão política, qualquer multidão racial, qualquer multidão nacional - indiana, chinesa, japonesa. Eu sou contra a multidão e absolutamente pelo indivíduo, porque somente o indivíduo pode salvar o mundo. Somente o indivíduo pode ser o rebelde e o novo homem, a base para uma humanidade futura.
(...)
As pessoas são imitadoras. Não estão agindo por conta própria; estão reagindo. O marido abandonou-a; isso se tomou uma reação nela, uma vingança - ela está voltando à ação. Essa não é uma ação vinda da consciência, não é uma indicação de individualidade.
É assim que a mente coletiva funciona - sempre de acordo com alguma outra pessoa. Contra ou a favor, não importa; conformista ou não-conformista, não importa. Mas ela está sempre dirigida, motivada, comandada por outros. Deixada por si mesma, ficará completamente perdida - o que fazer?
Estou ensinando o meu povo a ser meditador: a ser pessoas que possam desfrutar a solidão, que possam respeitar a si mesmas sem pertencerem a qualquer multidão, que não vendem as suas almas por recompensa, honraria, respeitabilidade e prestígio algum que a sociedade possa lhes dar. A sua honra, o seu prestígio e o seu poder estão dentro de seus próprios seres - na sua liberdade, no seu silêncio, no seu amor, na sua ação criativa - e não em sua reação. O que os outros fazem não é o que determina a sua vida.
A sua vida emerge do seu próprio interior. Ela tem as suas raízes na terra e os seus ramos no céu. Ela tem a sua aspiração própria de alcançar as estrelas.
Somente tal homem tem beleza e graça. Somente tal homem cumpriu o desejo da existência ao dar-lhe nascimento, ao dar-lhe uma oportunidade. Aqueles que permanecem parte da multidão perderam o trem.
Osho
Fonte: do livro "O Rebelde: O Verdadeiro Sal da Terra"
http://www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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