terça-feira, 7 de outubro de 2014

QUANDO APRENDER É POSSÍVEL?

A palavra “aprender” tem grande significado. Existem dois tipos de aprendizagem. Para a maioria de nós aprender significa o acúmulo de conhecimento, de experiência, de tecnologia, de uma habilidade, de uma língua. Existe também aprendizagem psicológica, aprender pela experiência, ou as experiências imediatas de vida, que deixam certo resíduo, de tradição, de raça, de sociedade. Existem estes dois tipos de aprendizagem de como encontrar a vida: psicológico e fisiológico; habilidade externa e habilidade interna. Não existe realmente linha de demarcação entre os dois; eles se sobrepõem. Nós não estamos considerando, no momento, a habilidade que aprendemos pela prática, o conhecimento tecnológico que adquirimos pelo estudo. Estamos interessados na aprendizagem psicológica que adquirimos através dos séculos ou herdamos como tradição, como conhecimento, como experiência. Isto nós chamamos de aprender, mas eu questiono se é de fato aprender. Não estou falando de aprender uma habilidade, uma língua, uma técnica, mas estou perguntando se a mente aprende psicologicamente. Ela aprendeu, e com o que aprendeu encontra os desafios da vida. Ela está sempre traduzindo a vida ou o novo desafio com o que aprendeu. É isso que estamos fazendo. Isso é aprender? Aprender não implica uma coisa nova, uma coisa que eu não sei e estou aprendendo? Se eu fico apenas adicionando ao que já aprendi, não é mais aprender.

Inquirir e aprender é a função da mente. Por aprender não estou querendo dizer o simples cultivo da memória ou a acumulação de conhecimento, mas a capacidade de pensar claramente e sensatamente sem ilusões, começar com fatos e não com crenças e ideais. Não há aprendizagem se o pensamento se origina de conclusões. Meramente adquirir informação e conhecimento não é aprender. Aprender implica o amor de compreender e o amor de fazer uma coisa por ela mesma. Aprender só é possível quando não há coerção de nenhum tipo. E a coerção assume muitas formas, não é? Existe coerção pela influência, pelo apego ou ameaça, pelo encorajamento persuasivo, ou formas sutis de recompensa. Muitas pessoas consideram que a aprendizagem é encorajada pela comparação, ao passo que o contrário é o fato. Comparação gera frustração e simplesmente encoraja a inveja, o que é chamado de competição. Como outras formas de persuasão, a comparação impede a aprendizagem e gera medo.




J. Krishnamurti




Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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