Tal como as pedras, as plantas e os animais, o ser humano faz parte do universo. Mas, enquanto ser pensante, ele tem aí um papel particular a desempenhar: deve participar na construção do edifício que é a vida coletiva. Àqueles que trabalham unicamente para si mesmos nada de bom pode advir. Alguém dirá: «Como? É trabalhando para mim que eu ganho alguma coisa!» Não, pois esse “eu” a que ele consagra todos os seus esforços, esse eu egoísta, separado dos outros, é um sorvedouro, e se se concentrar só nos seus interesses ele lança nesse sorvedouro todas as suas riquezas, sem se aperceber. Pensa que ganha, mas, na realidade, perde.
Raros são os humanos que têm consciência de tudo o que poderiam adquirir trabalhando para a coletividade; e por “coletividade” não se deve entender somente a coletividade humana, mas todas as criaturas do universo, até ao próprio Deus. Para ser compreendido mesmo pelos materialistas mais empedernidos, eu direi que essa coletividade cósmica, essa imensidão na qual nós devemos trabalhar, é comparável a um banco no qual se depositam capitais: tudo o que fazemos por ela voltará um dia a nós amplificado.
Aqueles que se sentem insatisfeitos, infelizes, têm tendência para atribuir esse mal-estar à falta de algo e esperam que uma pessoa ou um objeto venha preencher essa falta. Mas a solução não está aí. A solução é que, apesar da sensação de mal-estar, de falta de algo, o próprio se decida a levar alguma coisa aos outros, a ajudá-los, a apoiá-los, a consolá-los, a participar nas suas atividades. Nesse momento, uma nova vida começa a circular nele e a sensação de falta desaparece pouco a pouco. Ele compreende que, ao procurar levar algo de bom àqueles que o rodeiam ou mesmo a desconhecidos, ele próprio recebe, desde logo, uma força, um apoio... Ao passo que aqueles que não levam nada a ninguém, seja o que for que lhes deem, eles nada recebem. A vida está assente nas trocas: receber e dar, dar e receber. E, mesmo que não vos deem nada em troca daquilo que vós destes, pelo simples fato de terdes dado já recebeis.
Todos os seres humanos fazem parte do grande corpo da natureza e devem esforçar-se por viver em harmonia com ele. Embora percebendo-se como entidades individuais que têm uma vida própria, eles pertencem a um conjunto, e a questão que se lhes coloca é a de conciliarem as exigências da sua vida pessoal com as da vida coletiva. Cada indivíduo é particular, foi a Inteligência Cósmica que quis esta diversidade de criaturas e não se deve tentar nivelá-las. Cada um tem o direito de se manifestar com as suas diferenças, a sua originalidade, mas na condição de se harmonizar com o Todo.
Este Todo com o qual todos devemos harmonizar-nos não é unicamente o da coletividade humana: para além dela, nós estamos ligados aos diferentes reinos da natureza, assim como à coletividade cósmica no seio da qual temos, enquanto seres pensantes, um papel importante a desempenhar. Todos os dias nós devemos tomar consciência de que participamos na construção desse edifício que é a vida cósmica na qual estão compreendidas todas as criaturas, os anjos, os arcanjos... até ao próprio Deus, pois a criação não está terminada, continua em construção.
Omraam Mikhaël Aïvanhov
Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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