Para que uma celebração de Natal seja satisfatória, deve ser de uma natureza verdadeiramente religiosa. Jesus veio a esta Terra e apresentou seus ensinamentos, mas os seres terrenos esquecem completamente esse fato. Para eles o Natal significa - acima de tudo - fazer compras, gastar dinheiro, comprar presentes e criar confusão. Temos o poder de tornar o Natal significativo, cheio de paz e verdadeiramente religioso mas, em vez de usar esse poder, nós sucumbimos à energia mundana negativa. Saímos para comprar presentes mas geralmente isso não é feito com nenhum sentimento que pareça uma atitude de amor. (...)
A verdadeira religião traz paz e satisfação para a mente. Ações que só geram confusão não desempenham nenhum papel religioso. Ao contrário, elas vêm de uma mente facciosa que pensa: "Se eu der isto, receberei aquilo em troca." Tal mente é extremamente imatura e egoísta. (...)
Se agíssemos de um modo consistentemente maduro e significativo, nossos filhos também se tornariam serenos. Às vezes pensamos que eles são agitados por natureza e que nós somos algo especial, mas não é bem assim. (...)
É típico das pessoas materialistas acreditar que a felicidade e a frustração dependem totalmente de bens e de fenômenos externos. (...) Para essas pessoas, o sucesso ou o fracasso de um feriado religioso dependem inteiramente de coisas materiais; é por isso que são chamadas de materialistas. Não conseguem encontrar paz e felicidade dentro das suas consciências e, em vez disso, procuram algum sinal de amor externo e físico. Não importa o quanto elas possam dizer que são espirituais; suas mentes estão completamente obcecadas pelo nível material e grosseiro da realidade.
Quando, com perspicaz sabedoria, examinamos profundamente coisas como as nossas atitudes e o nosso comportamento durante o Natal, estamos de fato praticando o Dharma. Este é o verdadeiro objetivo religioso. O estudo do Dharma não significa pensar em algo vindo do céu, de um outro mundo. Trata diretamente de questões como a nossa motivação - o que estamos pensando e sentindo exatamente agora em meio a nossa vida cotidiana. Se não nos esforçarmos para controlar e transformar as mentes negativas e confusas de inveja, de ganância e assim por diante, então não existirá Cristianismo. Não haverá Budismo nem Mahayana nem nada que valha a pena. Devemos reconhecer a mente negativa como ela é e depois, aos poucos, começar a encontrar uma solução para a dor que ela causa em nós e nos outros. Dessa forma, a nossa mente pode ser conduzida para um estado de realização interminavelmente tranquilo. Se não fizermos nada para corrigir a nossa motivação e os modos deturpados de pensar, então o Natal só existirá para o ego. Apesar de estarmos supostamente fazendo uma celebração para Jesus, o que estamos fazendo de fato é algo completamente corrompido.
Desde que nascemos, de quantas festas de Natal já participamos? De que forma elas afetaram as nossas mentes? (...)
Por isso, para que a nossa celebração de Natal seja verdadeiramente religiosa, é importante lembrar quem foi Jesus, o que ele fez e o que ele significou. Dessa maneira, temos condições de compreender como ele beneficiou tantos seres e porque sempre foi uma força positiva, não só na sua época como também ao longo dos dois mil anos que se passaram até hoje. Jesus era dotado de uma compaixão excepcionalmente grande. É muito bom averiguar esse fato e considerá-lo em profundidade. Se o pensamento que vier à nossa memória for: "Preciso alcançar as realizações que ele alcançou e tornar-me tão compassivo quanto ele", esta será a mais perfeita base para celebrar o seu nascimento. Com esse sentimento no coração, uma festa de Natal pode ser muito significativa e válida. (...)
Lama Thubten Yeshe
Fonte: do livro "Noite Feliz - Reflexões Sobre o Natal"
Tradução de Humberto A. B. Rodrigues
Ed. Pensamento, SP
Fonte da Gravura:
http://cleofas.com.br/wp-content/uploads/2013/12/Velas-para-o-Natal-5.jpg
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