domingo, 26 de maio de 2019

A FORÇA DO PENSAMENTO HABITUAL


O fato de que o pensamento reproduz a si mesmo sugere a existência de centros cristalizados de pensamento, mas vemos que eles são mais do que “cristalizados”, se levarmos em conta que tudo é consciente.

Cada pensamento leva alguma forma de vida à ação; o tipo de vida que é despertada e guiada corresponde à natureza do pensamento, e a duração da ação-pensamento depende da energia colocada nela. Penso que o abrandamento da energia direta deixa uma tendência latente nas vidas conscientes, que as faz responder a uma energia similar ou análoga.

Algumas destas impressões podem ser tão profundas que deixem focos correspondentes no cérebro; assim, a lembrança ocorre mais facilmente. Outras impressões, não tão profundas, são apagadas pelas impressões que ocorrem depois delas, e não deixam focos no cérebro, mas permanecem em uma ou outra camada do cérebro, e são lembradas quando há o estímulo adequado, que pode vir de um pensamento similar ou de impressões dos órgãos ou células do corpo.

A Natureza tende a repetir toda ação; o pensamento é o plano da ação – o criador, o preservador e o destruidor dos modos de ação da Natureza. O plano Manásico [1] é o plano do númeno [2]; é o plano da essência do fenômeno; é o aspecto ativo de Atma-Buddhi. [3]


Robert Crosbie



NOTAS:

[1] “plano Manásico” – o plano mental. “Manas”, em sânscrito, é “Mente”. (N.T.)

[2] Númeno: o objetivo sutil, que se conhece pela inteligência e pela intuição, ao contrário do “fenômeno”, que se conhece a um nível experimental. “Númeno” pode ser definido como “o espírito” que habita os objetos. (Webster’s Encyclopedic Unabridged Dictionary). (N.T.)

[3] “Atma-Buddhi”. Atma e Buddhi são os dos princípios mais elevados da consciência humana individual, que inclui sete princípios. Buddhi, o sexto princípio, é a alma espiritual. Atma, o sétimo, é o princípio supremo, que une o indivíduo à essência do universo. (N.T.)



Fonte: "O Teosofista", junho de 2008, pp. 12-13
https://www.filosofiaesoterica.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 25 de maio de 2019

SUPOSTA "DISTÂNCIA" ENTRE O EMANADOR E O RECEPTOR DE LUZ


Por que entramos no ciclo das perturbações? Onde se encontra a ação da Luz do Mundo Infinito? Quando e como a bênção pode chegar ao ser humano? Por que algumas pessoas recebem a bênção e outras não? Existe algum mecanismo que permite que a Luz do Mundo Infinito chegue a nós com mais eficiência?

Para os cabalistas, a verdadeira Luz do Mundo Infinito é imóvel e de natureza eterna. Não se desloca no espaço, portanto ela está neste exato momento atuando imensamente sobre nossas vidas. A Luz não se desloca no espaço e no tempo em função do fato de que não há espaço e não há tempo em que ela não se encontre. Sendo assim, a Luz do Mundo Infinito sempre é. A Luz é um elemento constante e onipresente do Todo Unificado. O nosso sentimento de falta se deve ao nosso esquecimento da natureza onipresente da Luz. Para a Cabalá, este esquecimento é a causa de todo o desequilíbrio e de toda a dor na humanidade.

O que estabelece uma suposta “distância” entre o Emanador e o Receptor desta Luz é o seu sistema de comunicação muitas vezes falho. Se fortalecermos o nosso sistema de comunicação com o Mundo Infinito, evitaremos o esquecimento da unicidade. Segundo nos ensinam os sábios da Cabalá, é esse sistema de comunicação que promove a adesão necessária para que o cabalista perceba constantemente a manifestação desta Presença Divina. Quando perdemos a nossa adesão com o mundo entramos no ciclo robótico das repetições sistemáticas de nossos erros. Esse é o preço do nosso esquecimento da onipresença da Luz – entrarmos no “ciclo das perturbações” de Olam Tohú.

Sendo assim, para o cabalista, a Luz do Mundo Infinito não “viaja” do Mundo Infinito para o mundo físico. E esse é um dos tantos paradigmas que a Cabalá abala. Outros exemplos poderiam ser descritos como: os semelhantes se atraem; o espaço e o tempo são algo ilusório; você é a causa e o efeito de si mesmo, entre outros tantos. O tempo, como nós o percebemos, só existe na perspectiva das sete sefirot inferiores. Mas não possui nenhuma utilidade nas Três Superiores, ligadas com o Mundo Infinito. É por isso que nas sete sefirot inferiores só vemos o mundo da fragmentação, o ilusório mundo do tempo, do espaço e do movimento, como sendo a totalidade da existência. Aqui reside a causa de muitas das dores deste mundo. Quando nos desligamos da Luz, passamos a nos ligar a uma existência negativa da Luz (o não-Él) e por associação nos tornamos fracos e impotentes diante do caos.

É por causa do esquecimento do passado (principalmente dos ciclos de vidas passadas) que mergulhamos no caos de nossos equívocos cotidianos. Para os cabalistas, o presente, o passado e o futuro estão todos presentes no mesmo instante-espacial. O mundo real está, na verdade, unificado. Há um aspecto de unificação em todas as manifestações do universo. Esta condição é plenamente indicada no aspecto circular de todas as coisas, dos planetas ao átomo, tudo está sujeito à regência da esfera e sua estrutura unificadora. O grande paradoxo é que o mundo verdadeiro deve permanecer oculto, pois o ato de descobri-lo é em si o desenvolvimento do mérito espiritual. Nos mantermos ignorantes diante da Luz nos faz acentuar a reatividade (cujo ponto de concentração energética é a narina) e nos lança às dimensões inferiores do desejo de receber para si mesmo.

Uma consciência fragmentada faz com que o mundo a nossa volta se torne impermanente e incapaz de gerar “frutos”. A Cabalá nos ensina que o AMEN que falamos nas orações possui um poder espiritual de adesão com o Mundo Infinito. Quando falamos “AMEN” nas orações, estando certos de seu poder de adesão, resgatamos as centelhas de nossa consciência que tenham se ligado aos mundos de baixo.

Em função de nossa perspectiva limitada e finita, o tempo parece ser um tirano implacável. Estamos tão acostumados a medir nossa percepção de acordo com o relógio e a aparente sequência de nascimento, vida e morte, que aceitamos a tirania do Satan (Energia Inteligente do Ego) e sua manipulação temporal, e nos submetemos a Olam Tohú como um resultado inevitável. A Cabalá nos direciona a reconhecer que o Infinito se encontra presente no aparente finito e que ao nos conectarmos com nosso próprio aspecto infinito, podemos abrir as portas do Ein Sof (Mundo Infinito). A Cabalá nos ensina a nos retirar do ciclo de negatividade, de luta, de fracasso, e da morte, nos ensinando que estes ciclos são empobrecedores e que devemos nos conectar com o Mundo Infinito. Lá onde o tempo, o espaço e o movimento estão entrelaçados, onde todos os seres e todas as coisas se encontram interconectados, onde o “aqui” é “aí” e onde o “futuro” é “agora”.

Assim, devemos nos manter sempre em estado de alerta e procurar sermos sempre cautelosos com a ilusão que parecem ser as chamadas “fases negativas” em nossas vidas. Trata-se de uma grande armadilha do Satan (Energia Inteligente do Ego) . Uma análise do momento nos faz esquecer o passado e também o futuro, pois apaga de nosso registro de consciência a nossa percepção da eternidade. Esquecendo, nos tornamos prisioneiros, mas, como em qualquer prisão, é possível escapar. Esta é uma prisão construída em sua mente e pode ser destruída por ela também. Para ver melhor o que está do outro lado dos muros altos desta prisão, é necessário fecharmos os olhos e abrirmos o coração...



Rav Mario Meir



Fonte: Academia de Cabala
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 24 de maio de 2019

A AUTORRESPONSABILIDADE E SEU PROGRESSO ESPIRITUAL


Você não supera o sofrimento se não for honesto, a cura e transformação só são possíveis quando você desenvolve a vontade sincera de se comprometer com a verdade. E sem auto-responsabilidade não pode haver progresso espiritual, você culpa o outro pela sua incapacidade de ser gentil, pela sua incapacidade de amar, pela sua infelicidade, pela sua perturbação, ou seja, pela sua incapacidade de viver pacificamente. O que é que te impede de ser verdadeiro consigo mesmo e com o outro?

Tenho dito que alguns valores humanos precisam ser acordados para que você seja bem-sucedido em sua missão maior que é iluminar o amor, deixando para trás os jogos do sofrimento. Estes valores são como os ingredientes alquímicos que possibilitam que o amor desperte, ou seja, que você amplie a sua consciência, libertando-se de crenças e percepções equivocadas que te impedem de ver a realidade de forma objetiva.

São essas crenças as bases do julgamento, da separação e do desejo, responsáveis por alimentar a fogueira do pensamento compulsivo, que faz você viajar no túnel do tempo; ficar preso no tempo psicológico, nos labirintos da mente. Assim, dissolvê-las é o único caminho para a expansão da percepção que por sua vez, permite o amor fluir. Perceber a realidade de forma objetiva é sinônimo de liberdade, de espontaneidade. Você só pode realmente ter a liberdade de ser você mesmo, bem como experienciar o prazer positivamente orientado, quando puder se libertar das crenças que te habitam. Dessa forma, se faz necessário ter inclinação para ir além do sofrimento e para desenvolver alguns dos valores humanos nos quais tenho colocado minha energia.

O primeiro deles é a honestidade, porque você não supera o sofrimento se não for honesto; não poderá expandir nem uma vírgula de consciência se não for honesto, em primeiro lugar, consigo mesmo, para assim poder também ser com a vida.  Há que se ter a disposição sincera de se ver diante do espelho.

Eu tenho dito e repetido que a honestidade é a forma de amor mais urgente e necessária neste momento. Quando você pode ser honesto consigo mesmo, pode ser honesto com o outro, pode realmente estar afinado com os códigos divinos da verdade.

Eu estou sempre lhe convidando a tomar consciência daquilo que te impede de ser honesto. O que é que te impede de ser verdadeiro consigo mesmo e com o outro? Muitas vezes, você não é verdadeiro porque acredita que vai machucar o outro, e assim, você se esconde atrás dessa crença e não encara o medo que te habita – o medo que esconde sentimentos, feridas que precisam ser tratadas e curadas.

Honestidade significa um compromisso com a verdade. Só quando você desenvolve esse valor é que pode responder a grande pergunta: “Quem sou eu? Quem habita esse corpo?” A inconsciência a respeito de sua identidade pode gerar muitos acidentes. Identificado com essas crenças, você pode ficar eternamente caindo no mesmo buraco. A cura e transformação só são possíveis quando você desenvolve a vontade sincera de se comprometer com a verdade.

Outro valor que precisamos desenvolver para expandir a consciência é a autorresponsabilidade. Há que se ir além do egoísmo e dos jogos de acusações; há que se ter disposição para renunciar a vítima que te habita. Sem essa disposição, você inevitavelmente continuará circulando no mesmo lugar. A autorresponsabilidade é a pedra fundamental em que se edifica a consciência. Sem autorresponsabilidade não pode haver progresso espiritual.

Sem autorresponsabilidade não pode haver evolução da consciência. Você vai ficar eternamente andando em círculos, porque o jogo de acusações é um círculo vicioso – você culpa o outro pela sua incapacidade de ser gentil, pela sua incapacidade de amar. Acusa o outro pela sua infelicidade, pela sua perturbação, ou seja, pela sua incapacidade de viver pacificamente.

Portanto, a expansão da consciência só é possível se houver honestidade e autorresponsabilidade. Por mais evidente que seja o erro do outro em qualquer circunstância, se você ficou perturbado, deve olhar o grão de defeito que está em você. Essa é a base. Essa é a fase zero do processo. Sem essa base não adianta fazer malabarismos com a vida porque nenhuma austeridade vai surtir efeito.

Eu já procurei outro caminho porque sei que este é difícil. Poderia haver um caminho mais fácil, ter uma pílula que dissolvesse condicionamentos e crenças, mas até hoje, ninguém inventou isso. Até hoje você dissolve os condicionamentos através do caminho da autorresponsabilidade.

Assim, quando as coisas ficam difíceis em qualquer situação ou relação que você mantém, se faz necessário encontrar a autorresponsabilidade para olhar objetivamente o que fez a energia cair. Se puder fazer isso junto com a outra pessoa envolvida, melhor ainda, mas não se engane achando que sua liberdade depende da percepção do outro assumindo a parte que lhe cabe no conflito.

Vá atrás da sua parte porque te garanto que, quando você assumir sua responsabilidade no episódio, naturalmente a energia começará a subir de novo. É instantâneo. Coloque em prática que você vai compreender o que eu estou falando.



Sri Prem Baba


Fonte: www.sriprembaba.org
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal