O objetivo da meditação é a experimentação do Divino.
"Antes que os olhos possam ver, não deverão mais poder chorar. Antes que o ouvido possa escutar, deverá ter perdido sua sensibilidade. E antes que a Voz possa falar em presença dos Mestres, deverá ter perdido o poder de ferir". É o que podemos ler no Lumiére sur le Chemin (Luz do caminho). Poderíamos acrescentar, é claro: "Antes que a voz do Mestre possa ser ouvida, o aspirante deverá ter calado as vozes do medo, da cólera, da avidez, da inveja, da luxúria e todas as outras vozes pelas quais a Sombra confunde o espírito do buscador".
Mas, em nossa época de recompensas imediatas e de compensações rápidas, é difícil suprimir a necessidade inconsciente de iluminação instantânea. Consequentemente, muitos estudantes bem intencionados pensam que aplicando com fé as técnicas antigas, serão recompensados com o presente último, o presente da iluminação espiritual, como prometido pelos sábios que desenvolvem e praticam essas técnicas desde muito tempo. Então, se escutarmos atentamente, poderemos ouvir a queixa, velada mas clara, da maioria dos estudantes que não fizeram progresso ao menos como desejavam.
Infelizmente, esse fenômeno está mais fortemente ligado ao fenômeno moderno de ruptura com o passado do que à incapacidade do estudante sincero em se aplicar a sua tarefa. Pois, da mesma forma que a ciência, uma vez liberada do elemento filosófico, que a ancora ao conjunto da vida e dos Valores humanos, deixa de ser a "ciência" em seu sentido tradicional, e é transformada em escravo servil à tecnologia, assim também às técnicas esotéricas antigas, privadas dos elementos fisiológicos aos quais estavam ligadas para a eficácia, tornam-se simples robô nas mãos daqueles que estão desconectados de suas raízes psíquicas e espirituais.
Já é bem sabido que, para os pitagóricos, o problema da espiritualidade não era, na verdade, tornar-se divino mas, antes, tomar consciência do divino nos princípios universais. O processo pitagórico concentrava-se essencialmente sobre isto, pois eles sabiam que exatamente o que detém o aspirante em seu desenvolvimento da consciência divina, nos princípios universais, tanto quanto hoje como ontem, é um estado interior de cegueira relacionado com a psicologia de cada um.
Não nos esqueçamos de que, naquela época, não havia realmente uma classe média, mas sim unta classe superior e uma classe inferior. E embora houvesse certamente traumas psicológicos entre as pessoas da alta sociedade, estes não eram tão numerosos quanto os que podiam ser encontrados na classe inferior, Além do mais, entre os pitagóricos, os aspirantes provinham em grande parte das classes abastadas; e apesar disto, antes de serem aceitos na escola, eles eram severamente testados no que tocava a sua predisposição psicológica. E uma vez aceitos, não havia garantia de progresso, pois isto deveria ser conquistado, e não concedido. A preparação psicológica era, e continua a sê-lo, um imperativo vital para o trabalho espiritual.
Após ter sido aceito entre os pitagóricos, o aspirante era primeiramente submetido a um período de silêncio que durava cinco anos. Durante esse "período de silêncio", o aspirante deveria aprender a guardar para si mesmo as suas próprias opiniões, a reconhecer e suspender suas próprias tendências em tecer considerações sobre cada assunto. Em outras palavras, o aspirante deveria aprender a ser silencioso interiormente, para ser capaz de escutar. De tal maneira que, quando viesse a falar, estivesse extremamente consciente de suas motivações e do significado de suas palavras. O medo havia sido vencido, os traumas psicológicos regulados e, enfim, a vontade teria se tornado verdadeiramente livre.
No mundo de hoje, embora os testes para o aspirante sejam muito mais sutis, a maior parte dos estudantes trabalha com a concepção errônea de ter investido determinado numero de anos no estudo dos ensinamentos de tal filosofia ou escola de mistério ou de que "o tempo de serviço" deve ser uma garantia de seu progresso. Nada pode estar mais longe da verdade! Pois antes e a menos que se tenha obtido êxito em comer porções substanciais de nossa própria sombra, permaneceremos privados desses elementos psicológicos que são indispensáveis ao avanço espiritual.
Saiba que o segredo de desenvolver a ciência de penetrar no silêncio deve ser encontrado na consciência de si, na interrogação de si, e na honestidade frente a frente a si mesmo. Primeiramente, deve-se estar consciente de suas reações interiores às circunstâncias e acontecimentos exteriores. Depois, deve-se ser capaz de se perguntar por que as reações em questão são experimentadas. E, enfim, deve-se ser suficientemente honesto consigo mesmo e aceitar examinar em detalhes todas as respostas que podem surgir para este auto-interrogatório. Esta abordagem demonstrou ser muito eficaz para integrar as energias discordantes que rivalizam para manter nossa atenção na cena de nossa consciência.
(Autor não especificado)
Fonte: HERMANUBIS MARTINISTA
http://www.hermanubis.com.br/artigos/artigos.htm
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