quinta-feira, 14 de maio de 2020

ANSEIO POR RECEBER INSTRUÇÃO DO MESTRE


Não há dúvida de que o anseio por receber instrução do Mestre é legítimo. Porém não podemos nos esquecer de duas máximas do ocultismo. A primeira é que: “Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece.” Será que realmente estamos prontos para sermos instruídos pelos verdadeiros Mestres? Estamos prontos para enfrentar uma disciplina de treinamento mais exigente e rigorosa do que a dos atletas olímpicos, não só por alguns meses ou anos antes da competição, mas por toda nossa vida? Estamos prontos para assumir o compromisso de servir à humanidade, sem nenhuma distinção, por séculos e milênios sem fim, até que o último ser humano seja salvo? Estamos prontos para renunciar ao nosso conforto, aos nossos interesses pessoais e até mesmo aos nossos bens, para executar o trabalho do Mestre? Estamos prontos para continuar a servir, mesmo quando vilipendiados e injuriados? Estamos realmente conscientes de todas as implicações de nossa eventual aceitação como discípulo do Mestre?

A segunda máxima, uma extensão da Lei do Karma, é de que “Cada um tem o Mestre que merece.” Somente o próprio indivíduo pode avaliar o grau de sua pureza de coração, de seu altruísmo, de sua entrega a Deus, de seu amor incondicional por todos os seres, de sua humildade e de seu discernimento, para saber que tipo de Mestre ele merece.

O livro apropriadamente intitulado Aos Pés do Mestre, de Krishnamurti, menciona que existem quatro qualificações para Senda. “A primeira dessas qualificações é o Discernimento, usualmente tomado no sentido da distinção entre o real e o irreal, que conduz o homem a entrar na Senda. É isso; mas é também muito mais, e deve ser praticado não somente no início da Senda, mas a cada passo, todo o dia, até o fim.”[1] Os Grandes Instrutores alertam repetidamente que todo discípulo está se preparando para tornar-se um Mestre e, portanto, deve desenvolver seu intelecto, percepção e discernimento ao ponto de jamais ser enganado pelas ilusões do mundo. Se aspiramos a nos tornar discípulos, devemos também desenvolver o discernimento, investigando todos os ângulos da doutrina que nos for apresentada. Essa era uma recomendação constante do Senhor Buda: submetermos sempre ao crivo da mente e do coração os ensinamentos que nos são passados pelos sábios e pelas Escrituras, incluindo até mesmo a doutrina que ele havia ensinado. A fé cega leva ao fanatismo e à estagnação. A fé consciente, ao contrário, leva ao crescimento e, no seu devido tempo, à iluminação.

Que a Luz Divina ilumine nossas mentes e fortaleça a nossa determinação, para que possamos trilhar o árduo Caminho da Perfeição que finalmente leva aos pés do Mestre.


Raul Branco


Nota:

[1] Aos Pés do Mestre, Editora Teosófica, 8ª ed. 2010


Fonte: Os Mestres e suas Mensagens / Raul Branco (ed. digital)
1ª Edição, Brasília: Editora Teosófica, 2013
Fonte da Gravura: Mais Yoga

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