[...] a gênese da maioria das enfermidades crônicas humanas se encontra na matriz perispiritual, que se utiliza da roupagem orgânica (física-vital) para drenar os desequilíbrios anímicos ali armazenados. Segundo a Doutrina Espírita, as enfermidades físicas e psíquicas de longa data têm as suas causas profundas nos recessos da alma endividada, que pode plasmar na mente, através do arrependimento mórbido, “zonas de remorso”, desequilibrando o perispírito e, consequentemente, o princípio vital, criando as predisposições mórbidas para as moléstias crônicas se manifestarem. Libertando-nos de uma visão fatalista e predestinada, frisemos que os débitos passados (dívidas cármicas) podem ser resgatados por uma infinidade de “acontecimentos reparadores”, exonerando as distonias mentais antes que os distúrbios físicos correspondentes sejam gerados; neste capítulo, encaixam-se todas as iniciativas dignificantes voltadas ao bem comum.
“De modo geral, porém, a etiologia das moléstias perduráveis que afligem o corpo físico e o dilaceram guardam no corpo espiritual as suas causas profundas. A recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no Espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de «zona de remorso», em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veículo fisio psicossomático ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria. Estabelecida a ideia fixa sobre esse «nódulo de forças mentais desequilibradas», é indispensável que acontecimentos reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo ou exatamente redimidos perante a Lei. Essas enquistações de energias profundas no imo de nossa alma, expressando as chamadas dívidas cármicas, por se filiarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da Lei Divina em qualquer idade da nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros. É assim que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade [...]. Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os resíduos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamento à higiene moral.” (Evolução em Dois Mundos, André Luiz, cap. XIX, pp. 213-4)
Inferindo uma energia própria ao pensamento humano, Manoel Philomeno de Miranda associa a ação do mesmo nos “tecidos sutis do perispírito”, que plasmará o corpo físico do Espírito reencarnante. Caso tenhamos desequilibrado o psicossoma com uma força mental desagregadora empregada na prática dos atos infelizes da criatura humana, destruindo as matrizes perispirituais, esta distonia será transferida ao corpo físico em formação, criando suscetibilidades que poderão permitir o desenvolvimento de enfermidades futuras.
“- Os atos infelizes deliberadamente praticados, em razão da força mental de que necessitam, destroem os tecidos sutis do perispírito que, se ressentindo do desconcerto, deixarão matrizes na futura forma física, na qual se manifestarão as deficiências purificadoras, e a queda do tom vibratório específico permitirá que os envolvidos no fato, no tempo e no espaço, próximos ou não, se vinculem pelo processo de uma sintonia automática de que não se furtarão. Aí se estabelecem as enfermidades de qualquer porte. Os fatores imunológicos do organismo, padecendo a disritmia vibratória que os envolve, são vencidos por bactérias, vírus e toda a sorte de micróbios patológicos que logo se desenvolvem, dando gênese às doenças físicas. Por sua vez, na área mental, os conflitos e mágoas, os ódios acerbos, as ambições tresvariadas e os tormentosos delitos ocultos, quando da reencarnação, por estarem ínsitos no Espírito endividado, respondem pelas distonias psíquicas e alienações mais variadas. [...] Eis porque é rara a enfermidade que não conte com a presença de um componente espiritual, quando não seja diretamente esta o seu efeito. O corpo e a mente refletem a realidade espiritual de cada criatura [...]. (Painéis da Obsessão, Manoel Philomeno de Miranda, cap. VI, pp. 48-9)
Dr. Marcus Zulian Teixeira
Fonte: do livro "A Natureza Imaterial do Homem"
2a. Edição, São Paulo, Edição do Autor, 2015
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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