Uma das maiores causas de tristeza e de sofrimento é a inabilidade em se comunicar. Muito frequentemente aquilo que tentamos dizer, ou o meio de expressão, distorce o que sentimos e o que queremos significar. O repetido fracasso em comunicar-se pode acumular um terrível sentimento de que não conseguiremos comunicar o que verdadeiramente sentimos e o que queremos dizer. Se sentirmos que o nosso eu verdadeiro está permanentemente isolado dos outros e que nossos mais profundos sentimentos estão impossibilitados de comunicação para além de nós mesmos, então estamos naquele isolamento onde reside toda solidão e medo. Um dos efeitos mais poderosos da meditação é que ela confronta, diretamente, esta amarga sensação de isolamento...
Pela meditação nós a realçamos... não há lugar onde se esconder. Não haverá como nos distrairmos, se estamos meditando. A meditação expõe, como uma dura e essencial verdade, que se você quer ser completamente humano você precisa encarar o fato de que se não podemos comunicar nosso verdadeiro eu aos outros é porque nós mesmos não entramos em contato com o nosso ser. Se nos sentimos isolados daqueles que nos cercam é porque estamos isolados de nós mesmos. Apenas quando soubermos quem somos é que poderemos ser quem somos e poderemos nos comunicar com os outros. À medida que você medita, você entra em contato com o seu verdadeiro e comunicativo ser.
Fazer isto requer uma grande quantidade de trabalho real de perseverança na meditação. A perseverança nos fará perguntar, "O que de fato nos isola do nosso verdadeiro ser?" A meditação nos dá uma resposta simples. Não uma resposta fácil, mas simples: "Nada". Nada nos separa de nosso verdadeiro eu. Nada, exceto a falsa ideia de que alguma coisa se interpõe entre eles. Esta falsa ideia é o que chamamos de ego. [...]
A cada meditação, pela manhã e à tarde, nós nos livramos de outra camada de auto-consciência. Primeiro deixamos para trás todas as ideias. Então, na próxima camada de consciência nos desprendemos da imaginação e deixamos todas as imagens para trás. Quando tivermos feito isto seremos simplesmente nós mesmos, sem camadas e nus. A isto, Jesus chamou de "pobreza de espírito." [...]
É uma bela pobreza de espírito. É um revitalizante caminho a seguir. Se há momentos difíceis, eles não impedem que seja feliz, belo e pacífico. É uma pobreza grandiosa porque nos liberta para vermos a luz de nosso verdadeiro ser e sabermos que somos aquela luz. O mantra nos faz atravessar as camadas do pensamento, da linguagem e da imaginação, até a luminosidade pura da plena consciência. O mantra é muito simples, é como o 'bip' que guia um avião para aterrissar em meio à névoa, pois ao seguir o 'bip' o avião mantém o rumo. É como o cursor na tela do computador que ao mesmo tempo segue e guia a mente. Onde está o cursor também está o operador. O mantra é simplesmente o ponto focal onde brilha a luz do verdadeiro eu.
Ao seguir meditando, podemos não sentir que isto ocorre durante os momentos da meditação, mas não se preocupe e não espere que algo aconteça... Mas, se perseverar, então sua própria vida brilhará, lenta, mas profundamente, com essa luminosidade interior... e saberá que a luz está ali, em tudo.
Dom Laurence Freeman, OSB
Fonte: "A Luz do Ser" - Leitura de 01/06/2008
Light Within: The Inner Path Of Meditation (New York: Crossroad, 1989) pp. 85-87.
Tradução de Roldano Giuntoli
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - http://www.wccm.com.br/
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/buda-medita%C3%A7%C3%A3o-est%C3%A1tua-religi%C3%A3o-1281249/
Nenhum comentário:
Postar um comentário