segunda-feira, 30 de agosto de 2021

NOTAS SOBRE A COLUNA TRUNCADA


NOTAS SOBRE A COLUNA TRUNCADA
RITO ESCOCÊS RETIFICADO (RER)

A coluna truncada (do grau de Aprendiz no RER), colocada no lugar correto e posta em evidência na Loja, é uma herança simbólica da Estrita Observância, mas levará no RER uma dimensão incomparavelmente superior, tornando-se o símbolo por excelência da “Queda” (de Adão), e constantemente lembrará ao Irmão que ele está em um estado de lamentável miséria, que é apenas um vestígio, as ruínas de um Templo que já foi glorioso.

Há certa ousadia semântica em conferir, ipso facto, à coluna truncada que vem da Estrita Observância, um caráter inteiramente Martinista (por relacionar, como se poderia argumentar algumas vezes, de forma apressada, esta coluna com as diferentes partes da figura universal de Martinez: Imensidão Terrestre, Celeste, Supraceleste e Divina), quando o significado óbvio que lhe foi dado quando os rituais foram criados é claramente, para Willermoz, evocar os restos em ruínas de um edifício que agora deve ser reconstruído e reedificado em sua totalidade, com a ajuda do Divino Reparador.

No entanto, se considerarmos que o homem representa em si mesmo a totalidade do Grande Templo Universal danificado pela Queda, não é inteiramente errado autorizar-se a considerar que esta coluna é como uma imagem emblemática do homem que reproduz a imagem muito mais ampla do Templo Geral Universal. “O corpo do homem é uma Loja, ou um Templo, que é a repetição do Templo Geral, Particular e Universal” (Lições de Lyon, nº 04, janeiro de 1774).

Por outro lado, Willermoz declarou-se "depositário de alguns conhecimentos que poderiam ser adaptados à Maçonaria caso tivessem pertencido a ele em sua origem". No entanto, como Robert Amadou enfatizou, “Willermoz inseriu estes conhecimentos por doses sucessivas e crescentes no ritual de graus da Estrita Observância Templária, após ter contribuído para o continente o mínimo de correções que o conteúdo impunha.

É verdade que a Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa assumiu a forma de Estrita Observância Templária mais próximo do que muitas vezes se supõe, mas mudando seu espírito, substituindo a Doutrina de Reintegração de Martinez de Pasqually pela ideologia templária”. A análise de Robert Amadou coincide assim com a nossa convicção quanto a coluna truncada e a tradução que dela deve ser feita para respeitar o sentido que Willermoz queria dar-lhe e não ultrapassar, por excesso de zelo, o valor exato e o autêntico alcance pedagógico que este símbolo do primeiro grau do Retificado: “Exemplo: no primeiro grau, o quadro representa uma coluna truncada, com a divisa 'adhuc stat'. Interpretação da Estrita Observância Templária: a Ordem do Templo está decapitada, mas o tronco permanece. Você pode ter esperanças! Para os Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, as esperanças também podem ser nutridas, mas em um sentido diferente: o homem está caído, mas ainda possui o direito de viver em seu primeiro estado, bem como o direito de possuir os meios para retornar.” (Robert Amadou, Martinisme)


Jean-Marc Vivenza



Fonte do texto e gravura: "O Elus Coën e o Regime Escocês Retificado"
https://www.masoneriacristiana.net/2015/09/notas-sobre-la-columna-truncada-en-el.html?m=1

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

A TRANSFORMAÇÃO QUE VEM COM A MEDITAÇÃO


A meditação constante, todos os dias de sua vida, é como abrir um caminho na realidade. Uma vez que conhecemos nosso lugar, começamos a ver tudo de maneira diferente sob uma nova luz, porque começamos a ser quem realmente somos. E ao nos transformarmos em quem somos, podemos ver tudo como é.

A verdadeira maravilha da meditação é que também começamos a ver Deus como Deus. Portanto, a meditação é uma forma de estabilidade. Aprendemos, tanto com a prática quanto com a experiência, a estar alicerçados em nosso eu essencial. Aprendemos que estar enraizado em nosso ser essencial é estar enraizado em Deus, o autor e Princípio de toda a realidade. E não é nada pequeno entrar na realidade, transformar-nos em seres realmente reais, porque nesta experiência nos libertamos de todas as imagens que nos invadem constantemente. Não temos que ser a imagem de outra pessoa, mas apenas a pessoa que somos.

A meditação é praticada na solidão, que é a ótima maneira de aprender a se relacionar. A razão deste paradoxo é que, tendo contactado a nossa própria realidade, temos a confiança existencial para estar com os outros, para os encontrar no seu nível real. Então, o elemento solitário da meditação é misteriosamente o antídoto para o abandono. Ter contatado o acordo com a nossa própria realidade permite-nos deixar de nos sentir ameaçados ao nos oferecermos aos outros. Estamos fazendo que o amor busque a realidade do outro. Na experiência de encontrar a realidade do outro, descobrimos nossa existência enriquecida e aprofundada.


Dom John Main, OSB



Fonte: Do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido (ao espanhol) por Lucía Gayón, para a disseminação gratuita da Meditação Cristã
Via: FIQUE EM SEU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón
www.permanecerensuamor.com
permanerensuamor@gmail.com
Ixtapa, México
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

O HOMEM DE DESEJO E O HOMEM DA TORRENTE


[...] A partir do momento em que um homem te diz: "Eis o livro sagrado, eis o único, o verdadeiro livro; eis o Credo que se faz mister saber, vinde ao Meu Templo…", esteja certo de que tens diante de ti um homem que o orgulho, o erro ou, ainda mais frequentemente, o interesse, fazem falar. Não discuta, fuja, fuja aterrorizado!

A partir do momento que em tuas pesquisas teus olhos caem sobre um livro intitulado Críticas de tal religião, exposição de tal doutrina, ensaio sobre a evolução dos dogmas etc., não o abras, foge, foge desgostoso.

Mais ainda, quando tua razão se mostra inquieta, levanta objeções sobre a antinomia da Fé e da Ciência, afasta esse fantasma, reencontra o bom cantinho, a natureza, o mundo vivente, harmonioso; foge da tua razão! foge dos demônios que deixaste penetrar em ti. Porque não são os homens, nem os livros, nem tua Ciência que irão te fornecer a solução do problema; nem o saber, nem a paz.

É certo que se pode escrever volumes sobre volumes sem esgotar a história das loucuras, das crueldades humanas. É certo que houve segredos, conchavos, autos-de-fé, predicações e ritos desde a aurora dos tempos até nossos dias. Mas de que serviram todos esses atos, que adiantaria para ti estudá-los? Que ganharíamos com isto?

[...] Há duas categorias de seres humanos, apenas duas. Temos, de um lado, aquele que ainda possui, desenvolvido, o estado de espírito original de seus primeiros dias e que chamaremos o espírito religioso: esse ímpeto de amor que ele havia potencialmente engendrado. Ele pode pertencer a não importa que seita, confissão ou sociedade; ele busca, deseja a felicidade para si e para os outros; ama e gostaria de ser amado. Essa emoção que o emudece diante do belo, empurra-o para o bem, é um movimento irreversível espontâneo, diante do qual ele esquece inteiramente de si. Amo, desejo, quero compreender (isto é, tomar em mim, reunir à unidade em mim). Busco por detrás do objeto da ideia sua tradução em minha língua pessoal, seu eco em meu coração, seu parentesco com aquele desconhecido que persigo por todo o Universo, sob todos os fenômenos.

[...] Aqueles que mantiveram em si esse fogo divino - por menos numerosos que sejam em alguma família, em algum lugar que o destino os tenha colocado, pessoas importantes no mundo ou simples camponeses, sacerdotes ou soldados - fazem parte do mesmo grupo.

Através do espaço, ignorando inclusive suas existências, eles estão unidos em um mesmo ideal. Nenhuma seita os prende, e nenhuma raça, nenhuma profissão interpõe barreira entre eles.

Esse estado de espírito não se limita a ser um sentimento improdutivo. Os que o possuem agem; seus atos são simultâneos, intercambiáveis e fecundos. Do sentimento nasce o saber, o conhecimento real, o discernimento dos espíritos (discernir os espíritos é reconhecer em cada indivíduo seu mandato, seu nome, a função para a qual ele foi criado e ajudá-lo no cumprimento de sua obra). Sua vida é caridosa por seu exemplo. O caminho se revela diante deles e eles podem indicá-lo aos outros. Esse caminho é a renúncia ao "Eu", o abandono ao espírito, o caminho da Cruz.

Mas não se trata aí de uma religião, menos ainda de uma ciência ou filosofia. A religião formula seu Deus, seu Credo. É Manu, Jeová ou o Sol. Ela cria ritos, castas, sanções, constroem templos e celas. Ela entra no mundo para a conquista desse mundo. O espírito religioso não formula nada, não limita nada, conhecedor que é da fragilidade de sua razão, da mobilidade da sua imaginação. Ele encontra o UM presente tanto na floresta quanto na cidade. Ele não materializa o espírito nas palavras ou em pedras; ao contrário, ele transmuta a matéria em espírito, sabendo que dessas pedras Deus pode fazer nascer os Filhos de Abraão. Ele faz sacrifício em todos os Templos e mesmo em lugares públicos. Fato capital que diferencia o espírito religioso do espírito do mundo, seja em meio aos acadêmicos ou às Igrejas; é que o espírito religioso é um sentimento e em nada revela ostentação. É um amor, é o Amor, enquanto que o espírito do mundo é científico, repousa sobre a experiência, sobre o raciocínio, recusando qualquer elemento emotivo.

Os que compõem esta segunda classe da humanidade são as pessoas práticas positivas: homens de negócio, de ação, os struggle for life, que observam, classificam, pensam tudo e buscam tirar o melhor partido possível de tudo o que os cerca para a ampliação do seu Eu. Eles podem atingir, no homem de ciência, no homem de estado, uma grandeza considerável, elevar-se a alturas metafísicas que, à primeira vista, se confundem com o espírito religioso, mas que dele diferem inteiramente pelo fato de partirem da sensação, atribuindo ao mundo exterior uma importância primordial; apoiam-se na razão, na lógica, como meio, e têm um único objetivo: o desenvolvimento do seu Eu ao máximo de suas possibilidades, mesmo que às expensas de outrem. É o Ser racional que não abre nele os diques do amor, a não ser que esteja seguro de auferir daí um proveito imediato ou futuro.

[...] É assim que a humanidade se encontra dividida em duas categorias de seres que, mesmo falando a mesma linguagem, mesmo que intimamente misturados em sua vida cotidiana e sob o verniz da mais perfeita cortesia, são e permanecerão eternamente inimigos. É exatamente quando têm o ar de estarem no mais perfeito acordo, é quando pronunciam as mesmas frases, que estão mais distanciados do coração.

Em todos os países, em todas as raças e religiões, pode-se encontrar uns - em pequeno número - e outros em massa, porque o egoísmo, a luta pela vida, reinam na humanidade. Mas essa grande massa que se inclina diante da ciência, diante da razão, a última deusa, não tem o poder que se poderia supor. Interesses, ambições, crenças, fazem de cada um o inimigo daquele que deveria ser seu companheiro de armas na batalha contra os defensores do espírito. Os homens de ação, de luta, destroem incessantemente pela própria prática de seus princípios, essas nações que eles construíram pela conquista, cercadas de fronteiras, de leis, nações sempre perturbadas por trustes, greves, guerras, revoluções, até o ponto em que não restem senão as agulhas das coníferas.

Entre eles, semeados pelo mundo, estão os outros, aqueles que chamamos "homens de espírito religioso". Artesãos, camponeses, padres ou soldados, pouco importa, são os justos de que fala o Zohar, aqueles dos quais basta um para salvar uma cidade. São os operários do Senhor, os sustentáculos do Mundo. [...]

É a estes "homens dotados" que falamos, que lembramos a frase de Lao-Tsé: "Retornai à simplicidade primitiva", e o ensinamento do Cristo: "Se não vos tornardes crianças, não conhecereis o Reino de Deus".

Porque na simplicidade primitiva o homem possuía esse poder de amor que engendra o homem de desejo, depois o Homem-Espírito. A porta superior do seu coração se abre: o Espírito penetra nele, ele se torna UNO nesse espírito com o Senhor. Ele tem toda liberdade, todos os poderes, como disse o apóstolo Paulo: "O Senhor é espírito; lá onde está o espírito, está também a liberdade". Aí se encontra o único problema que se coloca e que se faz mister resolver; é o único caminho a seguir; é a boa nova (Evangelho) que, de idade em idade, sob formas diversas, os anjos vêm repetir, da qual eles testemunham por vezes ao custo de sua vida, sempre ao custo da sua paz e da sua felicidade, quando não se elevam a esta suprema santidade que Nosso Senhor Jesus Cristo foi o único a atingir, nas alturas da sua Cruz.



Marc Haven (Dr. Emmanuel Lalande)



Fonte: HERMANUBIS - MARTINISTA http://www.hermanubis.com.br/artigos/BR/1234562021OHomemdeDesejoeoHomemdaTorrente.htm
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DESAFIOS DA EXISTÊNCIA HUMANA


O curso da existência humana é assinalado pelas conquistas do dia a dia.

A busca do que se denomina felicidade é, sem dúvida, a que todos aspiramos.

A multiplicidade de roteiros, seja do ponto de vista ético, seja do sociológico e comportamental, nem sempre permite as escolhas corretas para o êxito.

Por mais bem desenhada que seja a jornada, no entanto, ela é constituída de surpresas perturbadores que exigem cuidados especiais, nem sempre utilizados no momento adequado.

É por essa razão que em existências róseas, perfumadas pelas bênçãos, de um instante para outro altera-se a paisagem com insucessos inesperados, situações asfixiantes, problemas na área da saúde e do comportamento.

Não preparados para tais acontecimentos, o indivíduo que supunha jamais terminarem as opções formosas entrega-se à rebeldia, ao desespero, quando não às fugas psicológicas perigosas, usando drogas perversas e deixando-se arrastar pelo pessimismo, tombando em efeitos mais danosos.

No sentido oposto, em pessoas que nasceram em redutos de abandono, sofreram na infância e na juventude, de repente surgem-lhes oportunidades saudáveis e compensadoras, transformando dificuldades em conquistas valiosas, e sofrimento em paz.

Naturalmente que uma transformação de tal natureza exige conduta muito segura, a fim de converter incertezas em segurança, podendo contribuir para o próprio e o progresso da sociedade.

Eis por que se cunhou o conceito: Não há felicidade que sempre dure, nem desgraça que um dia não se acabe.

Infelizmente, a escala de valores que se apresenta em toda parte é portadora de ambições desmedidas, interesses pelo prazer veloz a qualquer preço, não se oferecendo lucidez para a conduta responsável e a busca da vivência equilibrada e honesta.

A cada instante o carro da morte conduz milhares de viajantes liberados do corpo, e os que sobrevivem pensam na imortalidade do corpo, acreditando-se invulneráveis à desencarnação.

Esse ledo engano contribui para que as desgraças sejam mais recordadas que as bênçãos, e os sentimentos vis predominem no cardápio das aspirações.

Desse modo, torna-se indispensável que, seja qual for a situação em que cada um se encontre, haja a reflexão em torno da impermanência do corpo, da rapidez com que se passa a existência e amealhe-se valores morais, mediante comportamentos compensadores pelo amor e pela fraternidade.

A existência física é, quase sempre, aquilo que se faça dela.

Começa agora a tua reflexão e pensa no amanhã, apoiando-te nos exemplos de mulheres e homens valorosos que se tornaram modelo de felicidade, por haverem construído um mundo melhor para todos.

Alegra-te com a tua existência e torna-a melhor a cada dia, valorizando os bons e os maus momentos da evolução.


Divaldo Pereira Franco



Fonte: Artigo publicado no jornal "A Tarde", coluna Opinião, em 8.7.2021.
Via: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=687
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A DIVINA FORMA HUMANA


Podemos aqui descobrir a fonte natural de todas aquelas representações antropomórficas das quais o mundo está cheio. Se os escultores representam todas as virtudes terrestres e celestes, sob formas humanas, seja masculina ou feminina; se os poetas personificam todos os deuses e deusas do Empíreo, além de todos os poderes da natureza e dos elementos; se sectos religiosos enchem seus templos com estátuas humanas, o princípio de origem destas práticas não é, de forma alguma uma ilusão, assim como são os efeitos.

A forma humana primitiva deve, de fato, mostrar-se e reinar em todas as regiões. O Homem, sendo a imagem e extrato do centro generativo de tudo o que é, sua forma é o lugar onde todos os poderes de cada região vinham exercitar e manifestar suas ações; em uma palavra, era o ponto de correspondência para todas as propriedades e virtudes. Assim, toda representação que o Homem faz de si mesmo, reproduz apenas a figura daquilo que poderia e deveria ser, recolocando-o, figurativamente, numa posição (medida) na qual ele não está.

Vamos observar, que quando os sábios comparam o corpo humano com o dos animais, o que chamam de anatomia comparativa, nosso corpo real não entra nesta comparação anatômica, o que de fato nos ensina que somos como outros animais. Seria melhor que comparassem nosso corpo superior, que não é animal, com nosso próprio corpo animal, se quisessem obter nossa verídica anatomia comparativa; não é suficiente observar coisas em sua similitudes, é essencial observá-las também em suas diferenças.

Da comparação de nossa forma atual com a primitiva, podemos obter resultados úteis sobre a questão de nosso destino original; mas na falta desta importante comparação, que de fato estaria ao alcance de poucos, devemos ao menos extrair indícios luminosos sobre nosso estado anterior, das maravilhosas obras que ainda produzimos através de nossos órgãos corporais; coisas que apesar de nossa condição de queda e dos meios artificiais aos quais estamos restritos, devem abrir nossos olhos às maravilhas naturais que poderíamos ter engendrado se tivéssemos preservado os direitos pertencentes a nossa forma primitiva.


Imagens religiosas e suas origens

O abuso do antropomorfismo religioso que encheu os templos com imagens humanas rapidamente se transformou em objetos de adoração e idolatria pelo simples fato de ter surgido do exato movimento do coração de Deus para a restauração da humanidade, no momento de nossa queda, quando este coração divino se tornou Homem Espírito.

Como o pacto da restauração é implantado em todos os homens através de sucessivas gerações, eles estão sempre prontos a vê-lo germinar e a olhar os ídolos humanos como a expressão e o cumprimento deste pacto ou a necessidade que tanto sentem de cumpri-lo, embora isto seja desordenado. Além do mais, os homens estão sempre prontos a formar para si próprios, tanto interna como externamente, modelos perceptíveis de acordo com a obra a ser realizada por eles.

Assim, a necessidade de ter um Homem-Deus por perto e a prontidão em acreditar segundo seu desejo, tem sido a origem dos ídolos humanos e sua adoração. Depois disso, ficou fácil operar, através da fraude, sobre a fraqueza e a ignorância a fim de propagar a superstição, seja de forma absurda ou até criminosa; é sempre necessário, até mesmo neste caso, excluir a origem espiritual ativa do antropomorfismo, como mostramos acima.



Louis-Claude de Saint-Martin – O Filósofo desconhecido



Fonte:HERMANUBIS
http://www.hermanubis.com.br/artigos/BR/ARBRADivinaFormaHumana.htm
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/rosto-de-sol-arte-sol-1436096/

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

ACEITAÇÃO - CRISES


Uma das lições mais difíceis que precisamos aprender durante nossa vida é a aceitação.

O que quer que estejamos vivendo, por mais doloroso que seja, será mais facilmente suportado se conseguirmos aceitá-lo com todo o nosso coração.

Mas, chegar a este estágio, não é algo que aconteça repentinamente, ou sem alguma resistência de nossa parte. Ao contrário, quando um acontecimento nos causa grande sofrimento, tendemos a rejeitá-lo com todas as forças e a sermos invadidos pelos sentimentos de inconformismo e revolta.

Somente quando conseguimos alcançar um estado de consciência no qual percebemos de modo claro que todas as situações que vivenciamos são providenciadas pela existência, porque constituem lições essenciais ao nosso crescimento interior, é que o processo da aceitação começa a se tornar natural.

Até que isto aconteça, experimentamos inúmeras crises que, em sua maioria, tornam ainda mais duras as provas que temos de enfrentar.

A maturidade e a sabedoria trazem consigo o precioso dom da aceitação.

A partir do momento em que a desenvolvemos, a vida se torna um caminhar mais tranquilo, onde vamos enxergando em cada fato uma lição a ser aprendida.

Quanto mais cedo chegarmos a este entendimento, maiores serão as chances de nos libertarmos da angustia e do inconformismo.

Qualquer situação em que você esteja, é uma situação dada por Deus - não a rejeite.. É uma oportunidade, uma ocasião para crescer. Se você escapa da oportunidade, você não crescerá.

As pessoas que vão para as cavernas do Himalaia e começam a viver lá, tornam-se muito ligados às cavernas, permanecem não crescidas. Eles permanecem infantis. Eles não se tornam experientes. Se você as trouxer ao mundo, elas vão ser destruídas, não serão capazes de suportar.

... Sim, é bom de vez em quando se mover para as montanhas, é bonito. Mas, tornar-se viciada, começar a pensar em renunciar ao mundo é totalmente errado - porque é nas tempestades do mundo que surge a integridade. É nos desafios do mundo que se cristalizam.

Lu-tsu disse: aceite a situação em que você está. Deve ser a situação ideal para você, por isso você está nela.

A existência cuida de você.

Ela é dada a você não sem uma razão.

Não é por acaso.

Nada é acidental.

Tudo o que você precisa é dado a você.

Se fosse a sua necessidade estar no Himalaia, você teria estado no Himalaia.

E quando surgir a necessidade, você vai achar que você quer ir para o Himalaia ou o Himalaia virá até você.

Acontece... quando o discípulo está pronto, o mestre chega.

E quando o seu silêncio interior está pronto, Deus chega.

E o que for necessário no caminho é sempre fornecido.

A existência cuida como mãe.

Então, não se preocupe.

Em vez disso, aproveite a oportunidade.

Este mundo de desafios - esta agitação constante no exterior - tem de ser usado. Você tem que ser uma testemunha disso, vê-lo. Aprenda a não ser por ele afetado. Aprenda a permanecer inalterado, tocado por ele - como uma folha de lótus na água.

E então você será grato, porque é só por estar alerta de todo o tumulto que um dia, de repente, "os deuses estão no vale." Você vê o desaparecimento do mercado, muito longe, tornando-se um eco. Esse crescimento é real.

E se você pode ser meditativo nas ocupações normais da vida, não há nada que não possa acontecer com você. A luz vai começar a circular, apenas seja vigilante.

Medite na parte da manhã e, em seguida, fique perto de seu centro.

Caminhe pelo mundo, mas mantenha-se perto do seu centro, vá lembrando-se de si mesmo.

Permaneça consciente do que você está fazendo...

E quando as coisas surgirem, aja, mas, não se identifique com a ação.

Continue a ser um espectador...

Faça o que for necessário, apenas como um reflexo.

Faça o que for necessário, mas não se torne um fazedor, não se envolva com o fazer.

Faça-o e finalize com ele, como um reflexo.



OSHO



Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal