A vitória da justiça e da fraternidade pode ocorrer tão logo haja o número necessário de cidadãos honestos. Até lá, deve-se aceitar o fato de que a natureza humana é imperfeita e precisa ser aprimorada de dentro para fora. É sábio implementar a estratégia da alma imortal, e desenvolver a política do coração. Moshe Cordovero, um rabino que viveu no século 16, pode ensinar lições sociológicas de grande importância.
Séculos atrás, membros da comunidade judaica de Safed estudaram a tradição da Cabala seguindo um curso apresentado por Moisés, ou Moshe Cordovero (1522-1570).
O ensinamento transmite a mesma ética e sabedoria presentes no que há de melhor em outras religiões e filosofias, e nas comunidades saudáveis ao redor do mundo. [1]
As lições consistiram em pontos práticos e mostraram treze níveis de misericórdia do indivíduo equilibrado em relação aos seus semelhantes, incluindo os adversários:
1) Calmo autocontrole em face do insulto.
2) Paciência ao suportar a maldade.
3) Perdão, a ponto de esquecer a maldade sofrida.
4) Identificação total com o seu próximo.
5) Ausência completa de raiva, combinada com a prática da ação correta.
6) Compaixão, a ponto de relembrar apenas as boas qualidades daquele que nos atormenta.
7) Eliminar todo desejo de vingança.
8) Esquecer o sofrimento causado a si pelos outros e lembrar o bem.
9) Compaixão pelos que sofrem, sem condená-los.
10) Sinceridade.
11) Compaixão além da letra da Lei com os bons.
12) Ajudar os injustos a melhorar, sem condená-los.
13) Ver todos os seres humanos sempre na inocência de sua infância.
Esses princípios fundamentais podem inspirar uma atitude equilibrada em relação aos problemas sociais. As tentativas de aplicá-los mecanicamente a cada nação e a todos os aspectos da sociedade seriam inúteis, mas avançar passo a passo em direção a eles é sábio.
Como comentário ao item 10, “Sinceridade”, cabe lembrar algumas frases de Helena P. Blavatsky.
A teosofista russa escreveu:
“O nosso lema é e será sempre ‘não há religião superior à verdade’. O que procuramos é a verdade, e, uma vez encontrada, nós a colocamos diante do mundo, aconteça o que acontecer”. [2]
A verdade, naturalmente, é imparcial e não deseja derrotar ninguém. O ódio é uma ilusão passageira. Por outro lado, o respeito incondicional e a cooperação realista são partes duradouras da realidade.
NOTAS:
[1] “Teachings of the Jewish Mystics”, Compiled and Edited by Perle Besserman, Shambhala Inc., Boston & London, 1998, 150 pp., veja p. 46.
[2] “Collected Writings”, H. P. Blavatsky, TPH, Adyar/Wheaton, Volume IX, p. 7.
Fontes: O texto acima traduz um trecho do artigo “Moshe Cordovero and Social Activism”: https://www.carloscardosoaveline.com/moshe-cordovero-and-social-activism/.
O texto original também está disponível no blog teosófico de “The Times of Israel”: https://blogs.timesofisrael.com/moshe-cordovero-and-social-activism/
Outros textos: https://www.filosofiaesoterica.com
Fonte da Gravura: Capa do livro "Tamareira de Devorá", de Moshe Cordovero, Ed. Sêfer, São Paulo
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