O mantra¹ deve ser pronunciado continuamente, independentemente do que estejamos sentindo: “Em tempos de guerra e em tempos de paz”, conforme indicado no livro “A Nuvem do Não Saber”. “Em tempos de prosperidade e em tempos de adversidade”, como destaca Juan Casiano. E “do início ao fim de cada meditação”, como aconselhou John Main.
Com a prática diária, o mantra introduz suas raízes em nosso ser, cada vez mais profundas, facilitando a harmonia entre a consciência e o inconsciente. Sutil e gradualmente desce da cabeça ao coração. A princípio pronunciamos o mantra, mas com o tempo ele começa a ressoar dentro de nós e depois o ouvimos com menos esforço e maior atenção.
Naturalmente, haverá dias em que teremos mais dificuldades e os tempos de meditação ficarão tão áridos que parecerá impossível pronunciar o mantra. Procuramos qualquer desculpa para não sentar e meditar. E então o mantra é levado pelas ondas do pensamento e da emoção. Mas se, pelo contrário, perseverarmos ou recomeçarmos, como na parábola da semente que cresce nas trevas das entranhas da terra, o mantra nos guiará com fidelidade e maior profundidade. E com esta profundidade vem a clareza, a quietude, o autoconhecimento, o grande dom da compaixão e da quietude profunda, necessária para alcançar a atenção plena e a transcendência. O mantra progride imperceptivelmente através do espaço de quietude, entre as ondas do pensamento e da vida interior.
Eventualmente, isso nos leva à verdadeira pobreza, onde aprendemos a simplesmente ser. Experimentar esta bela realidade de vez em quando nos permite suportar muitos contratempos e decepções ao longo do caminho. Haverá momentos de derrota. Mas mesmo quando parecemos estar retrocedendo, o crescimento acontece se houver fé. Na noite mais escura, uma luz invisível ainda brilha.
Desenvolve-se uma atitude de não possessividade e confiança que substitui sentimentos de ganância e medo. E isso nos leva a experimentar uma paz cada vez mais inquebrantável. Sob todas as turbulências das nossas vidas, esta paz flui para o verdadeiro conhecimento e para o crescimento interior que ele acarreta.
Trecho do livro “JESUS: THE INNER TEACHER” de Laurence Freeman (Nova York. Continuum, 2000), pp. 226-227.
Transcrição de Carla Cooper
Notas:
Para mais detalhes ver:
* CAMINHO DO MANTRA: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2022/09/mantra-duas-maneiras-de-ser-particula-e.html
* JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2020/05/john-main-e-meditacao-crista.html
(1) Mantra, aqui neste contexto, é uma ou mais palavras, numa determinada língua, que tenha algum significado na condução da nossa meditação. (Nota deste blog)
Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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