Se todos os indivíduos se achassem em revolta, não pensais que haveria caos no mundo?
Escutai, primeiramente, a pergunta; é muito importante compreender uma pergunta, e não, simplesmente, esperar uma resposta. A pergunta é: se todos os indivíduos se achassem em revolta, o mundo não seria levado a um estado de caos?
Ora, acha-se em tão perfeita ordem a presente sociedade, que, se todos se revoltassem, sobreviria o caos? Não há caos agora? É tudo belo e incorrupto? Estão todos vivendo felizes, com plenitude e riqueza? O homem não está contra o homem? Não se vê ambição e encarniçada competição? Por conseguinte, o mundo já se acha no caos, e esta é a primeira coisa que cumpre perceber.
Não suponhais que esta é uma sociedade em que há ordem; não vos mesmerizeis com palavras. Seja aqui na Europa, seja na América, seja na Rússia, o mundo se acha num processo de decomposição. Se percebeis a decomposição, tendes um desafio: estais sendo desafiado a descobrir uma maneira de resolver este urgente problema. E a maneira como "respondeis” ao desafio é importante, não achais? Se "respondeis” como hinduísta ou budista, como cristão ou comunista, vossa resposta é, então, muito limitada, vale dizer, não é resposta. Podeis "responder” plenamente, adequadamente, mas só se não há medo em vós, se não pensais como hinduísta, comunista ou capitalista, porém como ente humano total, interessado em resolver este problema; e não podereis resolvê-lo, se não vos achardes em revolta contra tudo — contra a ambição, a avidez, em que está baseada a sociedade.
Quando vós mesmo não sois ambicioso, ávido, quando não estais apegado à vossa própria segurança — só então sois capaz de "responder” ao desafio e de criar um mundo novo.
J. Krishnamurti
Fonte: do livro "A Cultura e o Problema Humano"
Tradução de Hugo Veloso
3ª ed., 1977, Cultrix, São Paulo/SP
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
Tradução de Hugo Veloso
3ª ed., 1977, Cultrix, São Paulo/SP
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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