domingo, 17 de março de 2024

O QUE É A "EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA"


É corrente em meios esotéricos ouvir falar em «expansão de consciência». Mas que significa realmente esta expressão?

A expansão de consciência é um processo de ampliação do contexto de observação dos fenômenos. Um ser dotado de consciência limitada situa‑se sempre num raio curto de observação. Apenas consegue ver aquilo que se encontra à sua frente, de modo avulso, sem contexto ou perspectiva. Mas quando a sua consciência se amplia, seres ou objetos que, num determinado momento, pareciam isolados ou separados, subitamente, revelam-se como partes de um todo mais vasto e englobante que lhes confere um sentido diferente. Estes novos contextos modificam o sentido dos fenômenos observados e conduzem a interpretações radicalmente diferentes da sua natureza e função. Vejamos alguns exemplos:

• Um exemplo clássico é o da subida a uma alta montanha, por dois montanheiros, separados por uma certa distância de segurança. À medida que vão subindo, embora observem o mesmo cenário, vêem coisas diferentes. O que vai mais abaixo tem uma visão mais parcelar e limitada, vendo certos objetos separados e desligados, como por exemplo, outros cumes de montanhas ou telhados de casas. Mas, o seu colega que segue mais à frente consegue uma perspectiva mais ampla e global, compreendendo que aqueles cumes fazem, afinal, parte de uma cordilheira maior ou de que aqueles telhados eram apenas a parte visível de uma aldeia distante e remota.

• Para se compreender o comportamento de alguém não basta analisá‑lo como ser individual, mas é necessário compreender o modo como o seu contexto social e familiar e o seu percurso de vida moldaram o seu carácter e personalidade.

• Quando se descobriu que a Terra não se encontrava no centro do cosmos mas num recanto isolado de uma pequena galáxia, a ideia de que o homem fosse um ser especial deixou de fazer qualquer sentido: uma mudança de perspectiva implicou uma interpretação totalmente diferente da sua importância no universo.

• O estado de saúde de um indivíduo não depende apenas de seu componente físico mas está diretamente ligado à qualidade dos seus estados afetivos, emocionais e mentais. Esta situação ajuda a compreender o aparecimento inesperado de doenças graves em pessoas aparentemente saudáveis.

• Quando compreendemos a lógica da Globalização, apercebemo-nos que eventos que decorrem no outro lado do mundo podem ter uma influência direta no nosso quotidiano. Por exemplo, o preço do petróleo ou outras matérias-primas pode depender de desastres climáticos, crises políticas ou conflitos militares em partes remotas do globo.

O mesmo se passa à escala espiritual. Olhar para a vida segundo uma perspectiva espiritualista é completamente diferente de a observar segundo uma lógica materialista.

Do ponto de vista materialista, o ser humano esgota­‑se numa dimensão puramente física e numa vida única que acredita ser marcada pela competição e pela ausência de sentido transcendente; assim, faz todo o sentido buscar o máximo de prazer e de conforto e de assumir uma postura egocentrada em relação aos interesses e conveniências pessoais, não hesitando no confronto e agressividade em sua defesa; mas se mudarmos o enfoque e nos colocarmos numa perspectiva espiritualista, aceitando o homem como sendo uma mônada que evolui reencarnando em diferentes corpos físicos numa lógica de aprendizagem espiritual, fará agora sentido que se coloque a ênfase nos valores que a facilitam: o altruísmo, o desapego, a compaixão, a busca da paz interior. Mudando o contexto, muda o sentido e a importância que atribuímos aos fenômenos.

A principal diferença entre um homem vulgar e um homem espiritual reside no modo como interpretam o mundo exterior. Ao olhar do homem vulgar, as realidades do mundo parecem‑lhe distintas e separadas de si próprio, algo que existe no seu exterior e que pode ser potencialmente ameaçador ou agradavelmente sedutor. Desta dualidade emergem os sentimentos de agressividade e de posse que perpetuamente o dominam. Mas o homem espiritual considera tudo o que existe como partes de si próprio, como extensões do seu próprio ser. Esta visão global desativa quaisquer sentimentos de violência ou egocentrismo pois ninguém teme ou se deseja a si próprio. O homem espiritual encara a imaturidade dos outros como uma imperfeição do seu próprio ser que é necessário corrigir com amor e paciência. Do mesmo modo que nenhum homem normal agrediria partes doentes do seu corpo, procurando, ao invés, curá‑las com o mínimo de agressividade, assim também o homem espiritual considera a violência e o egocentrismo alheios como imperfeições a corrigir e não como inimigos a abater. E desta mudança de perspectiva brotam os sentimentos de altruísmo, compaixão e tolerância que o caracterizam.


José Caldas



Fonte: do livro «ROTEIRO PARA UMA NOVA ERA - Tomo II», de José Caldas, inserido na coleção "Saberes". Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/rosto-alma-cabe%C3%A7a-fuma%C3%A7a-luz-658678/

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