terça-feira, 22 de março de 2022

EM TODO LUGAR E EM TODA OBRA


Como organizar-se no início de uma semana?

Às vezes é tão difícil para mim ordenar-me. Começo com pressa e com o passar dos dias fico cada vez mais complicado e confuso. Chego ao fim de semana sem energia e muitas vezes, por isso, o desperdiço.

A segredo é ter prioridades muito claras. E estas devem ser formuladas em sua expressão espiritual e material. Elas sempre têm que ser poucas. O prioritário é o que não deve faltar; mesmo que todo o resto não possa ser feito ou dê errado, o ponto do meu foco tem que ser o que defini como prioridade. Um exemplo grosseiro: o principal é ter o que comer e não os condimentos; ter um lugar para morar e não se tiver carpete, parquet ou mosaico no chão. Depois de ter alcançado o essencial, você pode dar atenção ao resto.

Temos que lembrar disso: quanto mais simples, mais foco e poder. O complicado nos confunde e nos tira as forças. Tudo deve ser organizado levando em conta os dois aspectos da nossa vida. O tangível e o intangível. O tangível é a caminhada que planejei; o intangível é que quero fazê-la com o corpo relaxado e rezando enquanto caminho, respirando o sagrado que me envolve. Em geral, realizamos a parte externa, perdendo a profundidade interna, que é o que dá sentido à ação.

Outra ferramenta que pode ajudar bastante é ter um aforismo de fundo (pensamento semente) que nos guie de maneira geral. Além da oração que se pratica, pode-se ter uma frase que serve de guia, que nos devolve ao centro quando o perdemos. Suponha que você se sinta particularmente fraco mentalmente ou mesmo fisicamente, então diga a si mesmo: "O Senhor está comigo, não temerei mal algum"... Desse modo, você deveria lembrar-se disso toda vez que a fraqueza se manifesta.

E assim estamos prontos para andar no palco de cada dia: Quando a confusão aparece, lembro-me das prioridades. Quando aparece a necessidade ou complicações, trago ao presente o aforismo (pensamento) que coloquei como sentinela para indicar a direção. Precisamos recordar* que é o nosso espírito que marca a natureza das atividades e não a ação em si. Nesse sentido, tudo o que fazemos pode ser usado para nos aproximar da Presença de Deus.

Como diz Pedro Damasceno na Filocalia: "Em todo lugar e em toda obra encontramos vida e morte, salvação e perdição... Não encontrareis em toda a criação uma obra ou um lugar capaz de impedir que seja como Deus quis que fosse desde o princípio: Sua imagem e semelhança..." **


El Santo Nombre


* Usado aqui no sentido de "passar novamente pelo coração" (re-cordar)
** Do 3º vol. de Philokalia, pp. 50 e 53, ed. Lúmen



Fonte: Blog El Santo Nome
https://elsantonombre.org
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/monge-peregrina%c3%a7%c3%a3o-caminho-1077839/

SIGNIFICADO DA INICIAÇÃO


... disse que a palavra iniciação se deriva do latim Initiare e tem a mesma etimologia de initium, início, começo, ou vindo ambas de in-ire, ir para dentro ou ingredir. Então, a palavra Iniciação tem o duplo sentido de começar ou ir para dentro. Em outras palavras: Iniciação é o esforço que realiza o homem para novamente ingredir, para ir para dentro de si mesmo, em busca das verdades eternas que nunca saíram à luz, ao mundo externo.

Iniciação é equivalente a religião, de re-ligare, ligar novamente. É a volta do filho pródigo ao seio de seu Pai, depois de haver errado largo tempo no mundo material, sofrendo misérias e fomes. O iniciado é o ser que conheceu seu erro e volveu a ingressar ao interior de sua casa paterna, ao passo que o profano fica fora do templo da Sabedoria, longe do real conhecimento da verdade e da virtude, dedicado à satisfação de seus sentidos externos.

Assim, pois, esse ingresso (Iniciação) não é, nem pode considerar-se unicamente como material, nem é a aceitação de uma determinada associação, mas o ingresso a um novo estado de consciência, a um modo de ser interior, do qual a vida exterior é efeito e consequência.

É o renascimento indicado pelo Evangelho; é a transmutação do íntimo estado do homem para efetivamente iniciar -se ou ingressar na vida nova que caracteriza o Iniciado, não, como supõem aqueles que se julgam iniciados desde o momento em que começa sua Iniciação.

A Iniciação é o renascimento iniciático, ou seja, a negação de vícios, erros e ilusões que constituem os metais grosseiros ou qualidades inferiores da personalidade para afirmação da Verdade, da Virtude e da Realidade, que constitui o ouro puro da Individualidade, a perfeição do Espírito que em nós se expressa através de nossos ideais elevados.

Todo homem de boa vontade, bom e santo, é o verdadeiro Iniciado, sem ter necessidade de pertencer a uma Ordem externa, visto ser membro da Fraternidade Branca Subjetiva.



Dr. Jorge Adoun, R +



Fonte: Revista Gnose, fev. 2013
Igreja Gnóstica do Brasil
Fraternitas Rosicruciana Antiqua - www.fra.org.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/alvenaria-pilar-fundo-constru%c3%a7%c3%a3o-1805123/

segunda-feira, 21 de março de 2022

O TIPO PSICOLÓGICO: INTROVERTIDO - EXTROVERTIDO


Temos o hábito de rotular as pessoas de acordo com sua persona mais comum, como introvertidas e extrovertidas. Quer dizer: umas são alegres e expansivas, enquanto outras são pensativas e tímidas.

Esta classificação empírica está errada. Quem criou a classificação das pessoas segundo dois tipos de atitudes foi Carl Gustav Jung, num estudo detalhado e memorável.

Os tipos de atitude são formas de reação aos estímulos que lhes vêm do mundo exterior e interior. São comportamentos condicionantes do processo psíquico. Para Jung, o tipo de atitude poderia ser uma disposição orgânica de cada um de nós. Realmente, desde o nascimento as pessoas apresentam as características de um tipo de atitude específico. Quando, por imposição do meio, o indivíduo é obrigado a funcionar num tipo de atitude diferente da sua inclinação natural, sofrerá distúrbios sérios.

Todavia, a partir da meia idade, é comum haver uma troca gradativa no tipo de atitude pessoal. Assim é que, pessoas introvertidas passam a se apresentar como extrovertidas, e as extrovertidas, como o seu oposto. Inclusive, pode-se verificar que, na meia-idade, acontece uma modificação no comportamento de homens e mulheres, a ponto de homens antes masculinamente rígidos, passam a ficar femininamente sentimentais; enquanto mulheres muito femininas, passam a apresentar atitudes masculinas. Não que mudem de identidade sexual, nada disso. Apenas passam a apresentar modos de ser diferentes, e até opostos, aos que estavam acostumados, e pelos quais eram conhecidos.

O tipo extrovertido é aquele cuja libido é atraída pelo objeto. Ele se caracteriza por uma relação positiva com os objetos externos. Neste tipo: "...interesse e atenção é direcionado para acontecimentos objetivos, o que está fora, em primeiro lugar os do meio ambiente próximo; pessoas e coisas cativam o interesse, somente depois volta-se para a própria pessoa. O extrovertido interessa-se por coisas novas, opiniões, lugares, invenções, grandes desempenhos. O extrovertido é sempre tentado a desfazer-se de si, em benefício (aparentemente) do objeto. (Jung)

O tipo extrovertido tende a seguir o espírito da época, as normas externas de validade coletiva. Ele dirige seu interesse para fora, para o objeto, quer dizer, ele se orienta, preferencialmente, no externo, com desenvoltura e facilidade. Para o extrovertido, "as leis morais do agir coincidem com as exigências da sociedade, isto é, com a concepção moral válida em geral. Se a concepção válida em geral fosse outra, também as diretrizes morais subjetivas seriam outras, sem que houvesse alteração alguma no hábito psicológico em geral." (Jung)

O extrovertido tende a desvalorizar os fatores subjetivos, por isto não costuma se preocupar com sua saúde nem com o atendimento às necessidades básicas, indispensáveis ao bem estar corporal. Somente volta a atenção para seu corpo, quando algo de anormal aparece no funcionamento dele.

O tipo introvertido tem uma atitude negativa face ao objeto, é conduzido, basicamente, por fatores subjetivos. Seu mundo interno é o ponto de partida e de orientação, o objeto tem, para ele, um valor secundário. Sua tendência, diante das solicitações do meio, é se por de sobreaviso, colocar um pé atrás e evitar, num primeiro momento, que sua libido flua diretamente para o objeto. Parece que reage, primeiramente, pela recusa.

O introvertido não é tímido, o seu interesse é subjetivo; ele vive mais no mundo das ideias, que lhe chama atenção, e onde está à vontade, do que no mundo das realidades concretas, que lhe parece difícil de lidar.

As pessoas têm um tipo de atitude dominante, mas, as situações existenciais impõem, em circunstâncias do cotidiano, que elas passem a atuar com a atitude contrária. Jung dá o exemplo de dois amigos que vão andando por uma rua. Um é extrovertido e o outro introvertido. Em dado momento, veem uma mansão antiga, com as portas abertas, sem qualquer pessoa tomando conta. O tipo extrovertido, então, convida seu amigo para entrarem. Esse se recusa, ponderando que os donos dela podem não gostar, e criarem problemas. O outro revida, desfazendo da cautela do amigo, e o arrasta consigo. No interior, encontram uma sala cheia de cotas de malhas, de armaduras e textos antigos. Neste instante, o tipo introvertido extroverte. Seu interesse pelos objetos se torna ativo. Ao mesmo tempo, o extrovertido introverte, e perde o interesse, passando a chamar o amigo para irem embora, ao que este se recusa.

Saber o seu tipo psicológico é um passo importante no autoconhecimento. Isto fará você entender melhor sua atitude diante dos atos e fatos do seu cotidiano...

Qual será sua atitude dominante? Busque perceber se você age mais motivado pelos objetos (tudo o que está fora de você), ou se suas ações têm base no seu mundo interior! Aclarando: você age primeiro, para depois refletir ou, ao contrário, reflete primeiro para depois agir?



Djalma Argollo



Fonte: do livro "Desenvolvimento Pessoal - Uma Proposta de Individuação"
AMAR - Sociedade de Estudos Espíritas - Salvador/BA
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AMOR E COMPAIXÃO: A FONTE DA FELICIDADE


Descobri que o mais alto grau de paz interior decorre da prática do amor e da compaixão. Quanto mais nos importamos com a felicidade de nossos semelhantes, maior o nosso próprio bem-estar. Ao cultivarmos um sentimento profundo e carinhoso pelos outros, passamos automaticamente para um estado de serenidade. Esta é a principal fonte da felicidade.

A compaixão e o amor não são artigos de luxo. Como origem da paz interior e exterior, são fundamentais para a sobrevivência de nossa espécie. Por um lado, são a não-violência em ação. Por outro, são a fonte de todas as qualidades espirituais: a capacidade do perdão, a tolerância e todas as demais virtudes. Além disso, são o que de fato dá sentido às nossas atividades e as torna construtivas.

A verdadeira compaixão decorre da percepção do sofrimento dos outros. Nós nos sentimos responsáveis e desejamos fazer algo por eles.

A verdadeira compaixão é uma reação motivada principalmente pela emoção e também um compromisso definitivo apoiado na razão. Assim, uma conduta verdadeiramente misericordiosa para com os outros não se altera nem mesmo quando os outros se comportam mal. É praticando a compaixão sem limites que uma pessoa desenvolve o sentimento de responsabilidade pelos semelhantes, o desejo de ajudá-los a superar de forma eficaz seus sofrimentos.

A compaixão e o amor caridoso são as características principais da realização plena e da felicidade.


Dalai Lama



Fonte: do livro "Palavras de Sabedoria"
Ed. Sextante, Rio de Janeiro/RJ
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domingo, 20 de março de 2022

A IDADE NÃO NOS TORNA MAIS SÁBIOS


As pessoas imaginam que precisamos de chegar a velhos para ficarmos sábios, mas, na verdade, à medida que os anos avançam, é difícil nos mantermos tão sábios como éramos.

De fato, o homem torna-se um ser distinto em diferentes etapas da vida.

Mas ele não pode dizer que se tornou melhor, e, em alguns aspectos, é igualmente provável que ele esteja certo aos vinte ou aos sessenta.

Vemos o mundo de um modo a partir da planície, de outro a partir do topo de uma escarpa, e de outro ainda dos flancos de uma cordilheira.

De alguns desses pontos podemos ver uma porção maior do mundo que de outros, mas isso é tudo.

Não se pode dizer que vemos de modo mais verdadeiro de um desses pontos que dos restantes.



Johann Wolfgang von Goethe
In "Conversações com Johann Peter Eckermann"



Fonte: Fraternidade Rosacruz Max Heindel
Grupo de Estudos Fraternidade Rosacruz Fiat Lux - Amadora - Portugal
http://frcfiatlux.org
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/m%c3%a3os-velho-idade-avan%c3%a7ada-idoso-2906458/

sábado, 19 de março de 2022

NOVO ANIVERSÁRIO DO ASSASSINATO DE JACQUES DE MOLAY


Em 18 de março de 1314, o rei Filipe IV da França executou Jacques de Molay. Após sua maldição, o monarca e o papa Clemente V morreram tragicamente.

Em 13 de outubro de 1307 Jacques Bernard de Molay, o último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, foi preso junto com outros membros da irmandade por ordem de Filipe IV, “O Belo”, Rei da França, com o apoio silencioso do Papa Clemente V.

A perseguição começou no início daquele ano quando o monarca, acusando-os de heresia, ordenou a captura de todos os membros da Ordem encontrados em território francês. Na verdade, a história começou muito antes.

Em 18 de março de 1314, o Grão-Mestre foi queimado na fogueira. A tradição afirma que ele pediu para ser amarrado ao poste de frente para Notre Dame e que graças ao seu excelente e bem treinado domínio psicofísico ele foi capaz de suportar a tortura do fogo sem sentir dor.

Conta-se também que Dante Alighieri estava presente naquele momento, escondido entre a multidão que presenciou a cena; mas, dias antes, ele tivera uma extensa conversa, em particular, com De Molay, obtida através do suborno dos guardas.

O Templo foi fundado no ano de 1118 quando Hugo de Payen, André de Montbard e outros sete cavaleiros ofereceram Balduíno, então rei de Jerusalém, para organizar e garantir a segurança dos peregrinos à Terra Santa.

Com o tempo, a Ordem do Templo (nome resultante do fato de o seu primeiro povoado ter sido as cavalariças do Primeiro Templo erguido pelo Rei Salomão) enriqueceu graças a doações, magníficos negócios mercantis e financeiros (basta dizer que foram os inventores das letras de câmbio) e os despojos obtidos na Terra Santa que lhe foram concedidos pelas bulas papais Omne Datum Optimum (1139), Milites Templi (1144) e Militia Dei (1145). Os Templários eram credores de nobres e reis e financiaram a construção de inúmeras catedrais no país gaulês. Eles também colaboraram nas cruzadas com dinheiro e militares.

Esse poder, aliado ao sigilo do grupo, começou a gerar desconfiança entre o povo, principalmente os que deviam grandes somas de dinheiro à Ordem. Esta foi a principal razão pela qual Filipe IV decidiu pôr fim à existência dos Templários, que tinha uma grande dívida para com eles.

A desculpa que o rei francês usou para justificar a perseguição foi a de heresia e sacrilégio. Tudo baseado em fofocas e supostas confissões de membros que haviam sido expulsos da Ordem. A realidade é que nada do que lhes foi imputado jamais pôde ser verificado, nem se pôde encontrar qualquer imagem de ídolos ou fetiches.

Quando a prisão dos Templários e de seu último Grão-Mestre foi realizada em 13 de outubro de 1307, apoiada pelo Papa Clemente V através da bula Pastoralis Proeminentiae, os membros da Ordem e sua suposta autoridade máxima não ofereceram resistência e se renderam mansamente à ordem do rei.

Tanta mansidão despertou o espanto dos captores, que, ao longo do tempo, foi interpretado de muitas maneiras diferentes.

Um aspecto muito importante da Ordem do Templo nos permitirá compreender esta questão da falta de resistência à prisão. A irmandade era composta de três ramos: os militares, os monges e os mestres secretos. O verdadeiro Grão-Mestre nunca foi conhecido pelo leigo ou mesmo pela maioria dos membros da Ordem.

Isso não deve surpreender, pois é comum em todas as instituições secretas, esotéricas e iniciáticas, haver um alto comando que permanece fora do conhecimento daqueles que não chegam aos mais altos escalões.

Jacques de Molay (chefe visível e público da Ordem, mas não o real) era um homem analfabeto, assim como o resto dos homens que, aparentemente, submissamente se deixaram capturar pelos soldados do rei Filipe. Eles estavam cumprindo a missão mais delicada e importante de toda a sua vida. Dependia deles que o Templo salvasse seus preciosos mistérios e que as hierarquias ocultas embarcassem, sem serem perseguidas, no porto que mantinham fortificado em La Rochelle, (situado nas águas atlânticas da costa francesa) para fugir definitivamente da Europa e do Oriente Médio para terras chamadas Armórica (o lugar da harmonia), designação dada à América por aqueles que chegaram muito antes de Cristóvão Colombo, e assim também salvaguardar suas riquezas. Por esta razão, Molay obedientemente se rendeu aos seus captores.

O monarca encontrou a imensa fortuna dos Templários? A resposta é não. Ele só poderia se apropriar de fazendas e propriedades que não são nada comparadas ao que ele esperava encontrar. O que era valioso tinha sido salvaguardado. O grande poder da Ordem incluía um "serviço secreto" que poderia facilmente descobrir com antecedência os planos de Filipe IV.

Antes de morrer na fogueira, Jacques de Molay disse: "Deus sabe que fomos levados ao limiar da morte com grande injustiça. Uma imensa calamidade virá em breve para aqueles que nos condenaram sem respeitar a verdadeira justiça. Deus, Ele assumirá o comando de tomar represálias pela nossa morte. Vou perecer com esta certeza.” Coincidência ou não, a verdade é que em menos de um ano morreram Felipe IV e Clemente V, tal como profetizou o Grão-Mestre.

O Papa morreu após 37 dias, em meio a uma dor forte e insuportável. Seus médicos anunciaram que ele havia morrido “através de um sofrimento horrível”. Filipe morreu em 29 de novembro quando colidiu com um galho de árvore enquanto andava a cavalo pela floresta de Fontainebleau. O golpe foi tão grave que o monarca morreu de paralisia geral, com grande sofrimento até sua morte.



Antonio Las Heras 
(Doutor em Psicologia Social, filósofo e escritor - e-mail: alasheras@hotmail.com)




Fonte do texto e gravura: www.diariopopular.com.ar
Via: "Informativo O MALHETE"
http://omalhete.blogspot.com/

sexta-feira, 18 de março de 2022

NOSSO PASSADO E O INSTINTO


Todos os humanos carregam em si o seu longínquo passado de animais: a manha de uns, a brutalidade, a crueldade, a voracidade ou a sensualidade de outros...

Evidentemente, esta natureza animal é muito forte: teve milhares de anos para se fortalecer e se exercitar, porque viveu em condições muito difíceis.

Pensai em todas as dificuldades que os animais têm de enfrentar para poderem sobreviver, encontrar alimento, arranjar abrigo e conservá-lo, e para se protegerem uns dos outros...

Como quereis que, depois de ter vivido em tais condições, a nossa natureza instintiva seja agora doce, boa, clemente?

Mas também é necessário saber que ela não representa a última etapa do desenvolvimento.

O que está em causa, agora, é desenvolvermos as nossas qualidades psíquicas e espirituais, para fazermos face a todas as tendências instintivas.

É esse o problema que todos temos de resolver.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 16 de março de 2022

DO TÉDIO À ATENÇÃO


Um dos benefícios que obtemos ao meditar, a partir de uma tradição, é que podemos aprender muito com a experiência acumulada do passado. Com referência à tradição que menciono, há duas palavras que podem nos guiar em nossa peregrinação diária e que nos poupam de atrasos ou desvios desnecessários.

Os primeiros Padres do Monaquismo logo descobriram que um dos obstáculos para todo homem ou mulher de oração é a acedia. A acédia é um conceito psicológico complexo, mas contém noções de tédio, secura, falta de satisfação, sentimento de desesperança ou estagnação. Acredito que todos nós, até certo ponto, estamos familiarizados com algumas dessas manifestações do ego.

Eu também acho que muitas pessoas em nossa sociedade ficam entediadas facilmente. O tédio nos torna inquietos e inconsistentes em nossos compromissos. Assim como os primeiros monges que viajavam para Alexandria de vez em quando para uma pequena distração, nós, em nossa sociedade secular, estamos sempre procurando maneiras de nos distrair. Aqueles de nós que descobriram o caminho da meditação, sentem um puxão oposto, de tirar o pescoço do jugo para poder descansar um pouco. Todos procuramos uma distração porque nos sentimos um pouco cansados ​​do mesmo compromisso diário de peregrinação que nos desafia com longos períodos sem distrações.

Outro dia um jovem veio me ver. Ele me disse: “Como você consegue ficar olhando pela janela e vendo a mesma coisa todos os dias? Isso não te deixa louco?" Talvez a verdadeira pergunta seja: "Como é possível que possamos ver tanto, olhando pela mesma janela todos os dias?"

Os primeiros Padres sabiam que o tédio vem do “desejo”, o desejo de alcançar a fama, ter algo novo, mudar o ambiente ou atividade, ter relacionamentos diferentes, o brinquedo novo, seja o que for. A oração pura reduz esse desejo. Na quietude da oração, cada vez mais ainda, nos aproximamos da Fonte de tudo o que é, tudo o que pode ser; começamos a nos maravilhar e a ver que não há espaço para o desejo. Todo o nosso espaço está preenchido com a maravilha de Deus. A atenção que vagava no desejo, está apontando e absorvendo em Deus.



Fr. John Main, OSB




Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
www.permanecerensuamor.com - permanecerensuamor@gmail.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/animal-primata-macaco-t%c3%a9dio-3086397/

NÃO CONSIGO ACREDITAR QUE EU EXISTO


Não consigo acreditar que eu existo. O que há de errado comigo?

Isso é impossível. É impossível dizer “Eu não existo” – porque até para dizer isso você tem de existir. A vida inteira de um dos grandes filósofos do Ocidente, Descartes, o pai da filosofia moderna, foi uma investigação por algo indubitável, que não pudesse ser posto em dúvida. Ele queria uma base, e uma base que fosse inquestionável; só então o edifício certo poderia ser construído sobre ela. Ele buscou, buscou muito sinceramente.

Você pode duvidar de Deus, da outra vida, até mesmo da existência do outro. Eu estou aqui, você pode me ver; mas, quem sabe, você pode estar sonhando – porque no sonho você também vê o outro, e no sonho o outro parece tão real quanto na chamada vida real. Você nunca duvida no seu sonho. Na verdade, na vida real você pode duvidar às vezes, mas no sonho, não; é indubitável.

Consta que Chuang Tzu disse o seguinte: “Meu maior problema é aquele que sou incapaz de resolver. O problema é que uma noite sonhei que eu era uma borboleta. Desde essa noite eu fiquei confuso”.

Um amigo lhe perguntou: “Qual é sua confusão? Todo mundo sonha, não há nada especial nisso. Por que ficou tão preocupado com isso – ser uma borboleta em um sonho? E daí?”

Ele disse: “Desde esse dia estou confuso. Não consigo decidir quem eu sou. Se Chuang Tzu pôde se tornar uma borboleta no sonho, quem sabe, quando a borboleta for dormir, ela possa sonhar que é Chuang Tzu. Então eu sou realmente Chuang Tzu ou apenas uma borboleta sonhando? Se é possível que Chuang Tzu possa se tornar uma borboleta, então isso também é possível. Uma borboleta descansando no sol da tarde sob a sombra de uma árvore pode estar sonhando que se tornou Chuang Tzu. Então, quem eu sou? Uma borboleta sonhando ou Chuang Tzu sonhando?”

Descartes pesquisou durante muito tempo. Então tropeçou em um único fato, e esse fato é: “Eu existo”. Isso não pode ser questionado, é impossível, porque até para dizer “Eu não existo” você precisa existir.

Esposa: “Eu acho que ouvi ladrões. Você está acordado?”
Marido: “Não!”
Esposa: Ora, se você não está acordado, como pode dizer “não”? Esse “não” pressupõe que você esteja acordado.

Você me diz: “Não consigo acreditar que eu existo”.

Essa não é uma pergunta de crença; você existe. Quem é este que não consegue acreditar? Quem é este que está cheio de dúvidas? A dúvida pode existir sem aquele que duvida? O sonho pode existir sem um sonhador? Se o sonho está ali, uma coisa é absolutamente certa: o sonhador está ali. Se a dúvida está ali, então uma coisa é absolutamente certa: aquele que duvida está ali.

Esta é a base de todas as religiões: “Eu existo”. Não é necessário acreditar nisso – não é uma questão de crença, é um simples fato. Feche os olhos e tente negá-lo. Você não pode negá-lo, porque na própria negação estará provando o fato. Mas esta época é a época da dúvida. E, lembre-se, qualquer época que seja a época da dúvida é uma grande época. Quando grandes dúvidas surgem no coração humano, grandes coisas podem acontecer. Quando grandes dúvidas surgem, surgem também grandes desafios.

Então, este é o maior desafio para você – penetrar mais fundo naquele que duvida até mesmo da existência de seu próprio ser. Penetre fundo nessa dúvida, penetre nesse que duvida. Deixe que essa se torne sua meditação, e penetrando mais fundo nisso você verá que esse é o único fato indubitável na existência, a única verdade que não pode ser questionada.

E, quando tiver sentido isso, surgirá a confiança.


OSHO



Fonte: do livro "A jornada de ser humano: é possível encontrar felicidade real na vida cotidiana?"
Tradução de Magda Lopes, 1ª. ed., 2014, Ed. Planeta, São Paulo/SP
www.editoraplaneta.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/homem-pensar-sentimentos-escultura-2546791/

terça-feira, 15 de março de 2022

DESILUSÃO - CAMINHOS - QUARTO CAMINHO


A fim de percorrer o Quarto Caminho*, antes devemos nos preparar um pouco, preparar a bagagem. Precisamos saber o que podemos encontrar nos canais comuns sobre conceitos como esoterismo e conhecimentos ocultos, sobre o potencial de evolução interior do homem, e assim por diante. Essas ideias já precisam ser familiares para que possamos falar sobre elas. Também ajuda ter pelo menos algum conhecimento de ciência, filosofia e religião, embora o apego a formas religiosas sem a compreensão de sua essência acabe atrapalhando. Se conhecermos pouco, se tivermos lido e pensado pouco, será difícil falar de ideias.

Deve ser dito que existe uma regra geral para todos. No intuito de tratar com seriedade do Quarto Caminho, precisamos de desilusão, primeiro com nós mesmos — ou seja, com nossas habilidades — e, depois, com todos os velhos caminhos. Não poderemos perceber o que esse ensinamento tem de mais valioso se não estivermos desiludidos com nossos próprios esforços e com o fato de nossa busca estar sendo infrutífera. O cientista deve estar desiludido com sua ciência, o religioso com sua religião, o filósofo com a filosofia, e assim por diante. Mas devemos compreender o que isso significa. Dizer, por exemplo, que o religioso deve se desiludir com a religião não significa que ele deva perder a fé. Significa que deva se “desiludir” apenas com a instrução e a metodologia, ao perceber que a instrução religiosa não é suficiente para ele e que não vai levá-lo a parte alguma. Todo ensinamento religioso consiste em duas partes: a visível e a oculta. Desiludir-se com a religião significa desiludir-se com o visível e sentir, ao mesmo tempo, a necessidade de descobrir e de conhecer a parte oculta. Desiludir-se com a ciência não significa perder o interesse na busca do conhecimento. Significa convencer-se de que o método científico, tal como é entendido, não só tem utilidade limitada como costuma levar a teorias absurdas e autocontraditórias e, ao se convencer disso, começar a procurar um método melhor. Desapontar-se com a filosofia significa estar convencido de que a filosofia comum é apenas — como diz um provérbio russo — passar de um copo vazio para outro e aceitar que nem sequer sabemos o que a filosofia significa, embora a verdadeira filosofia possa e deva existir.

Não importa o que costumávamos fazer antes, não importa o que costumava atrair nosso interesse antes; apenas quando chegarmos a esse estado de desilusão é que estaremos prontos para adentrar o Quarto Caminho. Se ainda acreditamos que nosso velho caminho pode nos levar a algum lugar, ou que ainda não experimentamos todos os caminhos, ou ainda se pensamos que seremos capazes de encontrar ou de fazer alguma coisa por conta própria, isso significa que não estamos prontos para a tarefa. Contudo, isso não significa que o Quarto Caminho exige que abdiquemos a tudo o que estamos acostumados a fazer. Isso é totalmente desnecessário. Em geral, é até melhor que a pessoa continue a ser como sempre foi. Mas deve perceber que isso é apenas uma tarefa, ou um hábito, ou uma necessidade.

Não há e não pode haver qualquer escolha das pessoas que entram em contato com os caminhos, inclusive o Quarto Caminho. Em outras palavras, ninguém nos seleciona. Nós nos selecionamos, em parte por acaso, em parte porque temos certa fome. Quem não tem essa fome não pode receber ajuda do acaso. E quem tem muita fome às vezes pode topar com o começo do caminho, apesar de uma série de circunstâncias desfavoráveis. Mas, além da fome, a pessoa já deve ter adquirido certo conhecimento, o qual lhe permitirá discernir o caminho. Digamos, por exemplo, que um homem educado, que nada conhece sobre religião, entre em contato com um caminho religioso em potencial. Ele não verá nada e não entenderá nada, interpretando-o como uma tolice ou uma superstição, embora, ao mesmo tempo, possa ter muita fome intelectual. Isso também se aplica a alguém que nunca ouviu falar das práticas de yoga, do desenvolvimento da consciência, e assim por diante. Se essa pessoa entrar em contato com um dos caminhos do yoga, o que ouvir não terá sentido para ela, será algo morto.

O Quarto Caminho é mais difícil ainda. A fim de discernir e valorizar de modo correto o Quarto Caminho, devemos ter pensado e sentido e já devemos ter passado, na verdade, pela desilusão com muitas coisas. Talvez não tenhamos trilhado os caminhos do faquir, do monge e do yogue, mas pelo menos deveríamos conhecê-los, avaliá-los e ter decidido que não são para nós. Não é necessário levar isso ao pé da letra nem termos avaliado e rejeitado os outros caminhos, mas os resultados dessa desilusão precisam estar em nós, a fim de nos ajudar a identificar o Quarto Caminho. Do contrário, poderemos estar do lado dele sem sequer percebê-lo.

Tudo se resume a estarmos prontos para sacrificar nossa liberdade autocentrada. Todos nós lutamos, consciente e inconscientemente, pela liberdade, ou melhor, pelo que imaginamos que seja liberdade. E é isso que, mais do que qualquer outra coisa, nos impede de conquistar a verdadeira liberdade. Porém, uma pessoa capaz de realizar qualquer coisa, mais cedo ou mais tarde percebe que sua liberdade é uma ilusão que precisa ser sacrificada. Então, aceitamos voluntariamente condições que não determinamos — sem medo de perder qualquer coisa, pois sabemos que não temos nada a perder. Desse modo, conquistamos tudo. Tudo que era real em nosso entendimento, em nossas propensões, em nossos gostos e desejos, tudo volta para nós, não só com novas coisas, que antes não poderíamos ter, como também com a sensação de unidade e de vontade interior. E, se quisermos resultados reais, devemos aceitar isso não apenas externa, como internamente. Para tanto, é preciso uma boa dose de determinação, e isso, por sua vez, exige a compreensão profunda de que não há outro caminho, de que nada podemos fazer sozinhos, mas que, mesmo assim, é preciso fazer alguma coisa. E não há nada pior do que começar a trabalhar consigo mesmo para depois ter de desistir e encontrar-se sem nada; seria bem melhor não ter nem começado. E para não ter de começar em vão, ou não correr o risco de se enganar, precisamos testar várias vezes a nossa determinação. O mais importante é determinar até que ponto estamos dispostos a ir, o que estamos dispostos a sacrificar. Quando nos confrontamos com essa questão, a resposta mais fácil é “tudo”. O fato, porém, é que ninguém pode sacrificar tudo e que isso nunca pode ser exigido de nós. Devemos definir exatamente o que estamos dispostos a sacrificar, sem fazer barganhas posteriores. Do contrário, estaremos na posição do lobo nesta fábula armênia:

Era uma vez um lobo que havia trucidado muitas ovelhas e deixado muita gente aos prantos. Um dia, por um motivo ignorado, ele sentiu dor na consciência e começou a se arrepender do que fizera na vida. Decidiu que iria mudar e que não comeria mais ovelhas. Depois de tomar sua decisão, procurou um sacerdote e pediu-lhe que organizasse um serviço de ação de graças.

O sacerdote começou o serviço, e o lobo ficou em pé na igreja, chorando e orando. O serviço religioso continuou. Como o lobo havia devorado muitas ovelhas do próprio sacerdote, ele orou fervorosamente pela reforma do lobo.

De repente, o lobo olhou casualmente pela janela e viu um rebanho de ovelhas indo para um pasto. Começou a se inquietar, mas a prece do sacerdote prosseguia, parecendo que nunca iria acabar. Por fim, o lobo não se conteve e gritou: “Acabe com isso, padre, ou as ovelhas vão sumir e ficarei sem o jantar!”.

Essa fábula descreve muito bem o homem. Estamos dispostos a sacrificar tudo, menos o jantar de hoje. Queremos sempre começar de forma grandiosa. Mas o fato é que isso é impossível. É algo além de nossas forças. Precisamos começar com as coisas simples de hoje.


Georges Ivanovitch Gurdjieff



* O Quarto Caminho é um método de autoconhecimento e autotransformação desenvolvido e apresentado ao Ocidente pelo mestre espiritual e professor de dança armênio George Ivanovich Gurdjieff. Defende que poderíamos simplesmente escolher um dos métodos tradicionais, tal qual o físico (corporal), o emocional (devocional) ou o intelectual (científico), mas que isto seria muito difícil no mundo ocidental. Segundo Gurdjieff, o Quarto Caminho seria um meio mais rápido do que os três primeiros, porque combina simultaneamente o trabalho nos três centros, em vez de se concentrar em um. Poderia ser seguido por pessoas comuns na vida cotidiana, não precisando se retirar no deserto. O Quarto Caminho envolve certas condições impostas por um professor, mas a aceitação cega delas é desencorajada. Cada aluno é aconselhado a fazer apenas o que eles entendem e verificar por si mesmos as ideias do ensino. P. D. Ouspensky documentou Gurdjieff dizendo que na antiguidade havia ainda outros caminhos que não existem mais e os caminhos então existentes não estavam tão divididos, eles ficavam muito próximos um do outro. O quarto modo difere dos antigos pelo fato de que nunca é um caminho permanente. (Adaptado de Wikipédia)



Fonte: do livro "Em Busca do Ser - O Quarto Caminho para uma Nova Consciência"
Ed. Pensamento, 1ª ed. digital, 2019, São Paulo/SP
www.editorapensamento.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/sheffield-sul-yorkshire-4348854/

RESTABELECER O CONTATO COM A VIDA UNIVERSAL


Muitas pessoas têm a impressão de ter sido lançadas no mundo como num meio que lhes é estranho e até hostil! Por quê? Porque perderam o contacto com a natureza. Elas já não sentem a amizade, a benquerença de tudo o que existe à sua volta: as pedras, as plantas, os animais, o sol, as estrelas… Mesmo quando se encontram abrigadas nas suas casas, estão inquietas, perturbadas. Mesmo durante o sono, sentem-se ameaçadas. É uma impressão subjetiva, porque, na realidade, nada as ameaça assim tanto; mas, interiormente, algo se degradou e elas não se sentem protegidas. É preciso, pois, que elas restabeleçam o contacto com a vida universal a fim de compreenderem a sua linguagem e de trabalharem em harmonia com ela.

Toda a natureza fala, tudo o que existe no universo possui uma maneira particular de se exprimir. A questão está em trabalharmos sobre as nossas faculdades de percepção a fim de compreendermos todas as manifestações da natureza e as suas formas de linguagem, mas também em encontrarmos em nós próprios meios de expressão para nos dirigirmos a ela ou responder-lhe. Porque a natureza é viva e inteligente. Sim, inteligente; a inteligência não é própria só do homem. É muito difícil de admitir para alguns, eu sei, mas eles devem saber que, à medida que mudamos a nossa opinião sobre a natureza, modificamos o nosso destino. A natureza é o corpo de Deus. Se nós pensamos que ela é morta e estúpida, diminuímos a vida em nós, e se pensamos que ela é viva e inteligente, que as pedras, as plantas, os animais, as estrelas, são vivos e inteligentes, também introduzimos a vida em nós. E porque a natureza é viva e inteligente, devemos estar extremamente atentos a ela, respeitá-la e aproximar-nos dela com um sentimento sagrado.

Muitos de vós pensam: «Que importa se eu ajo em relação à natureza com respeito ou não? Para ela, isso nada muda, eu não lhe faço bem nem mal.» Na realidade, deveis respeitar a natureza não tanto por ela, mas por vós. Se fordes atenciosos com as pedras, as plantas, os animais e os homens, e até com os objetos que vos rodeiam, a vossa consciência da vida desenvolve-se, aprofunda-se, e sois enriquecidos por toda essa vida que respira e vibra em vosso redor. Certamente nunca pensastes nisto, e é essa a razão porque vos sentis muitas vezes desorientados, angustiados, no vazio. Quereis sair dessa situação? Pensai que estais ligados às forças e às entidades luminosas da natureza e que podeis comungar com elas. A verdadeira vida é esta comunhão diária e ininterrupta com uma multidão de criaturas. «Mas – direis vós – como fazer isso?» Pelo amor. Não há outro meio a não ser o amor. Se amais a natureza, ela falará em vós, porque vós também sois uma parte da natureza.

Claro que é necessária toda uma preparação para atingir este estado de consciência. Mas, no dia em que o atingirdes, sentir-vos-eis na luz e em paz, protegidos pela Mãe Natureza que vos reconhece como seu filho, e ela acarinha-vos, toma-vos nos seus braços, dá-vos das suas alegrias… Vós nem sequer sabeis de onde vêm essas alegrias, mas ficais felizes, como se o céu e a Terra vos pertencessem.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: do Fascículo4 - "O Homem no Organismo Cósmico"
10º cap. - "Restabelecer o contacto com a vida universal"
Publicações Maitreya - Porto, Portugal
newsletter@publicacoesmaitreya.pt - www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 14 de março de 2022

DESPERTAR: UMA PERCEPÇÃO


Há um livro de aforismos que nunca foi e provavelmente nunca será publicado. Esse livro diz: “O homem pode nascer, mas para nascer precisa morrer antes, e para morrer, antes precisa despertar”. Outro trecho diz: “Quando o homem desperta, pode morrer. Quando morre, pode nascer”. O que isso significa?

“Despertar”, “morrer”, “nascer” representam três estágios sucessivos de um processo. Volta e meia, encontramos nos Evangelhos referências à possibilidade de “nascer”. São feitas diversas referências à necessidade de “morrer” e muitas à necessidade de “despertar” ou de nos mantermos despertos, como “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora...”. Mas essas três possibilidades — despertar ou não dormir, morrer e nascer — nunca são apresentadas como conceitos correlacionados, apesar de seu relacionamento ser o ponto mais importante.

“Nascer” está relacionado ao primeiro estágio do crescimento da essência, o começo da formação da individualidade e o surgimento de um “eu” unificado e indivisível. Mas, a fim de poder perceber ou mesmo começar a perceber isso, a pessoa precisa morrer no sentido de se tornar livre de uma miríade de apegos e de identificações mesquinhas que a mantém no lugar em que ela está. Estamos apegados a tudo na vida — à nossa imaginação, à nossa estupidez e, talvez mais do que qualquer outra coisa, ao nosso sofrimento. Precisamos nos libertar desse apego às coisas, dessa identificação com as coisas, que mantém vivos milhares de “eus” inúteis em nós. Esses “eus” precisam morrer a fim de que um “eu” maior possa nascer. Mas como? Eles não querem morrer.

É aí que entra em cena a possibilidade do despertar, isto é, do despertar para nossa insignificância. Despertar significa perceber nossa total e absoluta mecanicidade e nosso desamparo. E não basta perceber isso de modo intelectual. Precisamos ver isso nos fatos evidentes, simples e concretos, em nossa própria vida. Quando começamos a nos conhecer um pouco melhor, vemos muitas coisas que nos horrorizam. Ao vermos algo que nos choca, nossa primeira reação é mudar aquilo, livrarmo-nos daquilo. Por mais que tentemos, por mais que nos esforcemos, sempre fracassamos, e tudo permanece como está. Então percebemos nossa impotência, nosso desamparo, nossa insignificância. Ou, novamente, quando começamos a nos conhecer, vemos que não temos nada que nos pertença de fato. Vemos que o que considerávamos nosso — nossas posições, nossos pensamentos, convicções, gostos, hábitos, até nossos defeitos e vícios — não nos pertence. Tudo isso foi formado mediante imitação ou tomado de empréstimo, já pronto, de outra pessoa. Ao percebermos isso, podemos sentir nossa insignificância. E, ao sentir nossa insignificância, devemos nos ver como realmente somos, não apenas por um momento, mas constantemente, sem nunca nos esquecermos.

A percepção contínua de nossa insignificância e de nosso desamparo irá acabar nos dando a coragem de “morrer” — não apenas mentalmente, mas de fato — por meio da renúncia permanente a esses aspectos em nós mesmos, os quais são obstáculos ou não são necessários para nosso crescimento interior. Esses obstáculos são, em primeiro lugar, nossos “falsos eus” e, depois, todas as ideias fantásticas sobre nossa “individualidade”, “vontade”, “consciência”, “capacidade de fazer”, bem como nossos poderes, iniciativas, determinação, e assim por diante.

Porém, a fim de podermos nos conscientizar permanentemente de alguma coisa, precisamos vê-la antes, mesmo que apenas por um instante. Qualquer poder e capacidade de percepção recém-adquiridos aparecem sempre da mesma maneira básica. No começo, aparecem em flashes, em momentos raros e breves, depois com mais frequência e por mais tempo e, finalmente, após muito tempo e esforço, tornam-se permanentes. Isso também se aplica ao despertar. É impossível despertar de modo pleno de uma só vez. Primeiro precisamos despertar por breves momentos, um ou dois momentos de vez em quando. Todavia, após ter feito certo esforço, superado certos obstáculos e tomado uma decisão irrevogável, precisamos morrer de uma vez e para sempre. Isso seria muito difícil ou mesmo impossível caso não fosse precedido por um processo gradual de despertar.

Há, no entanto, mil coisas que nos impedem de despertar, que nos mantêm sob o poder de nossos sonhos. No intuito de agirmos de modo consciente e despertarmos, precisamos conhecer a natureza das forças que nos mantêm em estado de sono. Precisamos compreender que o sono em que existimos não é um sono comum, mas uma espécie de hipnose, um estado hipnótico mantido e reforçado continuamente. Poderíamos pensar que há forças que se aproveitam do fato de estarmos em um estado hipnótico, mantendo-nos nele e impedindo-nos de vermos a verdade e de compreendermos nossa posição.

Existe uma parábola oriental sobre um mago rico que tinha muitas ovelhas. Ele também era muito sovina e se recusava a contratar pastores ou a pagar por uma cerca ao redor de seus pastos. Por isso, volta e meia as ovelhas vagavam pela floresta e caíam em ravinas. E, sobretudo, fugiam, pois sabiam que o mago queria seu couro e sua carne, e elas não queriam isso. Por fim, o mago encontrou uma solução: hipnotizou as ovelhas. Primeiro, fez com que pensassem que eram imortais e que nada lhes aconteceria quando tirassem sua pele, mas que isso seria muito bom para elas e que elas gostariam disso. Segundo, sugeriu que ele era um “Bom Mestre”, que gostava tanto de seu rebanho que faria qualquer coisa neste mundo por elas. Terceiro, sugeriu que, se algo fosse acontecer com elas, não seria naquele momento, ou não naquele dia pelo menos, e que por isso elas não tinham motivo para pensar a respeito. Finalmente, o mago fez com que seu rebanho pensasse que não eram nem mesmo ovelhas. A algumas, sugeriu que eram leões, elefantes ou águias; a outras, que eram homens e, a outras, que eram magos. Depois disso, ele nunca mais precisou se preocupar com suas ovelhas. Elas não fugiram, ficaram esperando pacientemente pelo dia em que o mago precisaria de sua pele e de sua carne.

Essa parábola é uma excelente ilustração da posição do homem. Se pudéssemos ver e compreender de fato o horror de nossa verdadeira situação, não seríamos capazes de suportá-la nem por um segundo. Começaríamos imediatamente a tentar encontrar um modo de escapar e logo o encontraríamos, pois existe uma saída. A única razão pela qual não a enxergamos é que estamos hipnotizados. “Despertar”, para o homem, significa “acordar da hipnose”. Logo, isso é possível, mas, ao mesmo tempo, difícil. Não há motivo orgânico para estarmos adormecidos. Podemos despertar, pelo menos na teoria. Na prática, porém, isso é quase impossível. Assim que despertamos por um momento e abrimos os olhos, todas as forças que nos fizeram adormecer ficam dez vezes mais poderosas. No mesmo instante voltamos a dormir, sempre sonhando que estamos acordando ou que estamos despertos.

No sono comum, às vezes acontece de querermos despertar sem conseguir. Às vezes pensamos estar acordados, mas ainda estamos dormindo, e isso pode acontecer várias vezes até conseguirmos despertar de fato. No sono comum, porém, após despertarmos, nos vemos em um estado diferente. Não é o caso do sono hipnótico. Não há maneira precisa de dizer se despertamos mesmo, pelo menos no começo. Não podemos nos beliscar a fim de ter certeza de que não estamos dormindo. E se, Deus nos livre, alguém tiver ouvido falar de alguma maneira de descobrir se estamos dormindo, nossa fantasia a transformará em sonho na mesma hora.


Georges Ivanovitch Gurdjieff




Fonte: do livro "Em Busca do Ser - O Quarto Caminho para uma Nova Consciência"
Ed. Pensamento, 1ª ed. digital, 2019, São Paulo/SP
www.editorapensamento.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/conto-de-fadas-noite-m%c3%basica-peixe-1180921/

UTOPIA ROSACRUZ


Utopia Rosacruz


Deus de todos os seres humanos, Deus de toda vida, na Humanidade com que sonhamos:

Os políticos são profundamente humanistas e trabalham a serviço do bem comum.

Os economistas gerem as finanças dos Estados com discernimento e no interesse de todos.

Os sábios são espiritualistas e buscam sua inspiração no Livro da Natureza.

Os artistas são inspirados e expressam em suas obras a beleza e a pureza do Plano Divino.

Os médicos são motivados pelo amor ao próximo e cuidam tanto das almas quanto dos corpos.

Não há mais miséria nem pobreza, pois cada qual tem aquilo de que precisa para viver feliz.

O trabalho não é mais vivenciado como uma coerção, mas como uma fonte do desabrochar e de bem-estar.

A natureza é considerada como o mais belo dos templos e os animais como nossos irmãos em via de evolução.

Há um Governo mundial, formado pelos dirigentes de todas as nações, trabalhando no interesse de toda a Humanidade.

A espiritualidade é um ideal e um modo de vida que têm sua fonte numa Religião Universal, baseada mais no conhecimento das Leis Divinas do que na crença em Deus.

As relações humanas são fundadas no amor, na amizade e na fraternidade, de modo que o mundo inteiro viva em paz e harmonia.

Assim seja!


A  Ordem Rosacruz - AMORC publicou o Manifesto acima, no qual seus dirigentes expressam sua posição sobre a situação geral do mundo, de onde seu título “Positio Fraternitatis Rosae Crucis”[1]. Esse Manifesto, que foi traduzido para cerca de 20 línguas, é concluído por uma utopia cujos autores têm, portanto, nacionalidades, opiniões políticas, crenças religiosas e culturas diferentes. Se para além dessas diferenças eles se puseram de acordo sobre uma mesma visão da sociedade ideal, é precisamente porque a Filosofia Rosacruz traz em si um desejo de universalidade que privilegia a unidade na diversidade.


[1] Historiadores situam o “Positio Fraternitatis Rosae Crucis” na linhagem dos três Manifestos que os rosacruzes publicaram no século XVII: o “Fama Fraternitatis”, o “Confessio Fraternitatis” e as “Bodas Químicas de Christian Rosenkreutz”, publicados respectivamente em 1614, 1615 e 1616.



Fonte do Texto e da Gravura: Ordem Rosacuz - AMORC
https://www.amorc.org.br/utopia-rosacruz/

O LÓCUS* DO INCONSCIENTE


A consciência de si mesmo é o que conhecemos como eu. É a identidade de uma pessoa. Quando afirmamos eu sou fulano, estamos nos referindo àquilo que, de fato, temos consciência que somos. Mesmo assim, sabemos que existem interferências no nosso modo de pensar, sentir e agir, de que não temos consciência, mas que emergem do nosso próprio ser. Afirmamos que se tratam de vetores inconscientes, mas não sabemos se realmente eles se encontram naquilo que chamamos de Inconsciente. Para elucidar melhor a questão, temos de considerar que existe uma outra instância, que é a individualidade humana. O eu ou ego é uma representação construída, ao longo da vida, pelos fatos e impressões que a marcaram e que nos parece ser a nossa identidade essencial. Aquela outra instância, inacessível à consciência, propalada pelas religiões como sendo a alma ou espírito, é a máxima individualidade essencial do ser humano. Essa individualidade é a natureza da Natureza, momento obscuro da criação divina, que se tornou epicentro do processo de ascensão infinita, coagulador dos fenômenos que compõem a vida. Sua singularidade constitui o grande mistério que reúne a unidade e a totalidade num mesmo princípio.

A possibilidade da existência desses dois “senhores” não deve ser motivo de dúvida. Ego e Espírito são indissociáveis até determinado nível de evolução, mas possuem diferentes domínios e consequentes áreas de atuação. É possível ao ego perceber aspectos inerentes ao Espírito? Ou melhor, é possível, conscientemente, o Espírito se revelar além dos limites do ego, tornando-se a ele perceptível? O caminho para tal, passa primeiro pela percepção, pelo ego, de que é independente do corpo e existe sem ele. O segundo passo será a percepção de que a mente é um órgão a serviço do Espírito e que não o abriga nem o limita totalmente.

A inacessibilidade direta e a subjetividade que envolve as hipóteses para os assuntos que dizem respeito à mente são muito grandes, dificultando as certezas e a precisão de conceitos. Isso nos leva a considerar que o “terreno” da mente está longe de ser o corpo físico. A resposta está na dimensão quântica, em que se “situam” as probabilidades e possibilidades inalcançáveis diretamente pela consciência humana.

Engano pensar que, uma vez libertos do corpo pela ocorrência natural da morte, alcançaremos diretamente aquela dimensão. Na dimensão espiritual, também existem as limitações psíquicas e de compreensão da realidade pertinente. Em cada dimensão vibratória encontrar-se-á limites típicos.

Atuar, visando educar e promover o autoconhecimento de uma pessoa, requer que se tenha em mente que a ação deve alcançar o ser na dimensão quântica, que é o lócus alquímico das verdadeiras transformações. A fala, o olhar, o gesto, a tonalidade afetiva, o exercício modelar, bem como a intencionalidade do instrutor ou educador, devem conter a consciência de que existe aquela dimensão e é nela que se processam as modificações profundas na alma. Isso interferirá na forma como se processam as falas, palestras, doutrinações, diálogos, relacionamentos, bem como toda comunicação entre as pessoas. Se o objetivo não é simplesmente uma compreensão da realidade restrita aos limites físicos nem uma simples mudança de hábitos externos, então a comunicação entre os indivíduos deve levar em conta a dimensão quântica em que estão situados.

A Consciência, produto último da evolução humana, é uma coagulação de conteúdos e experiências inconscientes, isto é, o Inconsciente é matriz da Consciência. Imersos no corpo físico, passamos a acreditar que a Consciência a ele se restringe, sem considerar sua origem inconsciente e seu lócus original.

Há quem acredite que a vida após a morte descortina a ignorância do Espírito. É mais adequado pensar que ela a acentua, pois retira as fantasias oriundas da ideia de um mundo macro que convida o ser humano a conhecê-lo, mas que, em face das inúmeras e constantes projeções, mitifica-o. Olhar para fora leva-o a construir aqueles mitos e fantasias. Olhar para dentro o faz acordar para um mundo diferente, convidativo e profundo. Sem os limites do corpo, levado a perceber a grande ilusão que viveu, tendo de encarar sua ignorância, terá certamente dificuldade em conceber o Universo a sua volta. Continuará mitificando, provavelmente divinizando a realidade. Quando se consegue desvestir a consciência dos mitos e projeções simbólicas milenares, pode-se perceber melhor o Universo.

As ideias quânticas tornam-se importantes para o esclarecimento do ser humano, pois reduzem as ilusões e fantasias, levando-o à consciência do véu interposto não só pelos sentidos físicos como também pelos paradigmas da ciência clássica, mecanicista e causalista. Esses paradigmas configuram uma psiquê enrijecida até então. É hora de se buscar modificar esse estado.

A vida verdadeira, propalada pelo Espiritismo como sendo a espiritual, é parte da questão a ser resolvida pelo Espírito. Vir e voltar para o mundo espiritual, cuja existência é questionada pela ciência, é apenas uma das muitas fases da evolução.

O Inconsciente não se estrutura de forma padronizada, cronológica ou convencional. Imagens, vibrações e configurações complexas compõem seu conteúdo. Palavras, sons e raciocínios lógicos dele não fazem parte. Tudo que dele sai recebe a conformidade da Consciência, portanto, de acordo com protocolos convencionais.

Quando analisamos sob o paradigma espírita, temos de considerar a complexidade da relação entre o Inconsciente e o Espírito. À primeira vista, pode-se pensar que o Inconsciente é o próprio Espírito. A distinção clara está na individualidade deste último. O Inconsciente surge da relação entre o Espírito e o meio. O Espírito precede ao Inconsciente que, por sua vez, gera a Consciência, campo de atuação do primeiro através do ego, estrutura que lhe representa.

A frequência vibratória do Inconsciente o situa fora dos limites do corpo e isso permite que seja acessado fora dos limites da consciência, isto é, por meios não convencionais. Nisso se baseiam as técnicas psicológicas projetivas, as relações mediúnicas, as comunicações telepáticas, bem como qualquer outro modo de apreensão da realidade sem a utilização dos cinco sentidos.

O corpo não tem condições de abrigar o Inconsciente em face das características físico-químicas do cérebro. A frequência vibratória do Inconsciente necessita de outro tipo de estrutura, razão pela qual a frequência vibratória do Perispírito abriga o Inconsciente.

O termo perispírito surge com o Espiritismo. É o corpo espiritual que serve de abrigo à mente e de veículo de manifestação do Espírito. Em breve a ciência perceberá sua existência, provavelmente dando-lhe outra denominação e origem.

A psiquê não é dissociada do todo e das coisas. O Inconsciente se conecta ao mundo real independentemente da Consciência e do ego.

* Lócus (local, lugar, posição) - Nota deste blog.



Adenáuer Novaes



Fonte: do livro "Psicologia e Universo Quântico", pp. 121-4, 1ª ed., 2009
Fundação Lar Harmonia - Salvador/BA - www.larharmonia.org.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/psicologia-linhas-de-campo-5872032/

REALEZA E AUTODOMÍNIO


A realeza está ligada à ideia de autodomínio.

Um rei que domina os outros e não consegue dominar-se a si mesmo não é um rei, mas um escravo.

O verdadeiro rei é aquele que sabe ser senhor de si mesmo.

Quando o discípulo estabelece como ideal para si mesmo escapar ao domínio das suas tendências egoístas e controlar, orientar os seus pensamentos e os seus sentimentos, está no caminho da realeza.

Então, os Espíritos da Natureza inclinam-se quando ele passa, segredando entre si: «Aproxima-se um rei…», e fazem-lhe uma festa, apressam-se a rodeá-lo, muito contentes.

Isto porque do seu sangue real emana um fluido de uma grande pureza, impregnado por uma influência curativa, apaziguadora, como uma nascente divina que corre e vivifica todos os seres em seu redor.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal