sexta-feira, 24 de maio de 2013

A VISÃO DE QUE PARA IMPLANTAR O "PROGRESSO" É NECESSÁRIO TRANSFORMAR OU DESTRUIR UMA CULTURA

Este pequeno artigo exemplifica, baseado na história da África, o que escrevi sobre missões, colonizações e síntese, no artigo "Visão de Síntese", neste blog.

Tanto no cristianismo quanto no islamismo (eXotéricos) encontramos a visão de transformação ou destruição de uma cultura ou religião para que seja implantada uma outra. No lado eSotérico destas religiões não há esse interesse, é obvio, porque a motivação é essencialmente espiritual.

O islamismo, que penetrou na África a partir dos tempos pré-coloniais, foi implantando sua cultura e misturando-se às religiões nativas de várias áreas do continente. Palavras, conceitos e tradições foram sendo incorporados em meio dos diversos povos que mantinham contato.

Com Omar, um dos responsáveis pela expansão do Estado árabe-muçulmano, o islão entra na África, pelo Egito. A Guerra "Santa" leva ao domínio sucessivo de diversos reinos, culturas e territórios. Ainda que a ideia fosse de conquista, era comum que as populações dominadas pudessem também manter ainda suas propriedades, costumes e administração. Um exemplo é dos cristãos coptas do Egito. Em troca pelas liberdades essas populações pagavam um imposto. Porém, tais liberdades não impediam a implantação de novas culturas e de misturas culturais e religiosas. 

De forma semelhante, o cristianismo também deixou a sua marca na África, desde os tempos pré-coloniais e, com mais vigor, nos tempos coloniais. 

Cabe aqui mencionar o poderoso movimento missionário cristão, a partir do ano 1840. Esses missionários foram penetrando no continente africano, ao contrário da penetração cristã colonial que concentrou-se na costa africana. Tal movimento missionário foi decisivo às lutas de conquista de territórios. 

Tais missionários eram verdadeiros convictos e defensores da cultura ocidental como superior e civilizatória. Desejavam ver sua cultura substituindo a cultura africana. Praticamente iam destruindo a base das tradições e crenças africanas que estava alicerçada na unidade entre religião e vida. Embora houvesse uma reação africana à essa cultura ocidental, que lhes era estranha, as conversões e a introdução de costumes foram ganhando terreno. 

Enfim, percebe-se que em qualquer tempo ou cultura, a ideia de levar "progresso", "cultura" e "religião" é uma constante. Cada povo e cultura vê a si mesmo, com as suas tradições, como os melhores e ainda imbuídos e destinados à missão de fazer "progredir" outros povos. 

A história nos mostra que em qualquer época é comum que missão, comércio, política e ideia de progresso ocorram simultaneamente, ou seja, fanatismo, presunção, prepotência, ignorância, lucro e poder marcam qualquer tempo histórico. 


Para mais detalhes sugiro a leitura dos seguintes textos:

- "A Religião na África durante a Época Colonial", de Kofi Asare Opoku
- "Expanción del Islan", de Pierre Bertaux


                                                

Prof. Hermes Edgar Machado Junior (Issarrar Ben Kanaan)


Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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