Despaixão ou desapaixonamento é a libertação das paixões, dos desejos e ambições que obscurecem e modificam a mente do ser humano. Leva ao desapego, à indiferença a todas as coisas ou ações do eu pessoal inferior (personalidade, ego).
A tranquilidade e a paz da mente é alcançada a partir de uma atitude desapaixonada em relação ao prazer ou à dor ou às formas de bem ou mal. Desapego em relação a todas as formas que atraem nossos apetites e sentidos, quer possam causar danos ou não. Todas as formas devem ser igualmente transcendidas. O desapego deve substituir a dor e o prazer e é consequência do desapaixonamento ou despaixão.
Levará todas as percepções sensoriais a desempenharem suas reais funções. É a libertação do anseio por todos os objetos do desejo, quer terrenos, quer tradicionais, aqui ou no futuro.
Pela despaixão o aspirante e servidor ameniza os efeitos cármicos resultantes de suas atividades no cotidiano.
É o nosso desejo que nos prende aos três mundos (físico-etérico, astral e mental concreto) e aos seres. "Prender a" é de natureza diferente de "união com". O primeiro está cheio de desejos e provoca obrigações e efeitos; o segundo está livre de desejos; produz a "identificação com" e não provoca efeitos que prendam aos três mundos.
Pelo desapego, as formas de conhecimento com as quais o homem entra em contato pelos sentidos vão perdendo seu domínio. Finalmente chega a ocasião em que ele é finalmente libertado e é mestre de todos os seus sentidos e de todos os contatos sensoriais. Isto não envolve um estado em que os sentidos estejam atrofiados e inutilizados, mas que sejam úteis quando e como o homem o desejar, e ainda por ele utilizados para aumentar sua eficiência no serviço grupal e nos esforços grupais.
Pela prática do desapego e da despaixão, torna-se possível ao homem reorientar-se de modo que a sua atenção não mais seja atraída, subjugada, excitada e iludida pelas exterioridades, pelos conteúdos inconscientes e conscientes e pelo fluxo de imagens mentais, emocionais e instintivas, mas seja retirada e fique sua atenção, no aqui e agora ou presente, dirigida exclusivamente sobre a realidade; por isto o desapego a todas as formas de percepção sensorial, tanto a superior quanto a inferior, deve ser desenvolvido pelos aspirantes e discípulos mundiais.
Despaixão, ainda pode ser dito, é a "indiferença" ao pequeno eu ilusório reencarnante (personalidade, ego, eu inferior). Ou seja, a sabedoria do senso de proporção e realidades das coisas; discernimento e crivo.
A atitude de "não me importo" e a "indiferença" (no sentido esotérico) são métodos rápidos pelos quais se liberta o ser das demandas da personalidade (persona, máscara). São atitudes a serem adotadas, pela personalidade pensante e integrada do discípulo, ao corpo astral, ou seja, ao seu sentir e perceber. Então assume-se a atitude de que nada que produza qualquer reação de dor ou aflição no corpo astral é de importância. Estas reações são sensivelmente reconhecidas, vividas, toleradas, mas não produzem mais limitações porque o enfoque do discípulo é mental e na busca do intucional. Uma longa viagem do instinto à emoção, e da emoção ao mental, e do mental ao intucional.
A partir desse momento e enfoque que o verdadeiro discipulado e serviço à humanidade começa.
Prof. Hermes Edgar Machado Junior
Fonte da Imagem: Acervo de autoria pessoal
Leitura recomendada para aprofundar o tema: obras de Alice Bailey, Torkom Saraydarian, Roberto Assagioli, Angela Maria La Sala Bata, dentre outros.
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