segunda-feira, 15 de julho de 2013

A CAMINHADA NA SENDA DO DISCIPULADO


Fala-se muito que o caminho espiritual é árduo e austero. Os grandes mestres da espiritualidade nos ensinam sobre uma certa austeridade como fator de preparação ao discipulado. Mas também nos indicam que é uma austeridade aparente. Significando, em verdade, o incentivo forte que capacita e conscientiza profundamente cada discípulo na necessidade atual da revelação, do exemplo e do serviço.

Por isto é que se fala em austeridade, porque “os discípulos são almas que entram nos reinos da força espiritual, tomam o que necessitam e desejam e trabalham com inteligência para que haja uma sensata distribuição de força energética, psíquica e espiritual dentro da zona escolhida de serviço”, como disse Alice Bailey.

A árdua disciplina constitui-se na preparação para o “reino”. E tal preparação é um grande desafio, pois “cada discípulo deve aceitar-se a si mesmo tal como é, em qualquer momento, com qualquer equipamento intelectual e espiritual de que disponha e sob quaisquer circunstâncias de vida. Então, cada um procura subordinar-se a si mesmo, seus negócios e seu tempo à necessidade do momento” (A. Bailey).

Sabemos perfeitamente que um conjunto de pessoas possui um enorme poder. E quando ouvimos falar na “esperança do mundo”, logo desejamos e almejamos um mundo melhor, mais justo, mais perfeito e mais iluminado. Porém, para que assim ocorra, deve-se crer no poder do conjunto agindo num mesmo propósito, numa mesma direção. E esta ocorrência está intimamente ligada à disciplina conseguida com persistência, ritmo e austeridade, tanto pessoal quanto grupal.

Mas quem poderá sabiamente, até certo ponto, guiar e esclarecer para que o mundo mude e melhore? Uma das respostas, e talvez a mais urgente em nossos dias, é a que sugere a necessidade de grupos de pessoas que consigam enxergar, pelo menos um pouco, além da ilusão e dos interesses pessoais, um discipulado como esperança do mundo. Grupos de discípulos que se preparem e se especializem para serem agentes das mudanças necessárias, em conformidade com o Plano Divino.

Se quisermos uma nova era, com um mundo melhor, deveríamos nos comprometer com esta visão e intenção. As energias e orientações espirituais encontram-se sempre prontas e à disposição de todos aqueles que as buscam com corretos propósitos. São energias espirituais profundas e cheias de oportunidades que se fazem sempre presentes e prontas para dar um novo impulso evolutivo.

Crises, choques, elevação de padrão de energias, avanços científicos, cultura etc., são fatores que provocam novos impulsos. Invocam e evocam direcionamentos mais superiores. Tudo está interligado. A Hierarquia espiritual, a Grande Fraternidade Branca, os Espíritos de Luz, atuam em diversos departamentos dos assuntos humanos (política, artes, ensino, ciência, sociedade etc.), e não apenas na “religião”. Tudo isto leva a uma “aceleração” evolutiva e a uma maior aspiração da humanidade.

O caminho espiritual é considerado árduo porque exige uma construção do ser em diversos níveis. Na verdade uma reconstrução. E mais exato ainda uma relembrança de si mesmo. Evoluir é relembrar, nos indicam os ensinamentos espirituais.

Talvez aí esteja o ponto forte daquilo a que denominamos de “construtivismo” na educação, cuja ideia central nos fala do sujeito construindo o seu próprio desenvolvimento e conhecimento. Esta ideia não é nova, pois já era defendida por Sócrates, Rousseau, Pestalozzi, Montessori, Piaget, Vygotsky e outros. Eles nutriam a ideia de que o homem é um ser integral (biológico, social, moral e espiritual) e viam, alguns deles, a existência de um princípio espiritual que determina o desenvolvimento numa interação com o meio ambiente. É a ideia de um ser espiritual em manifestação, e que, a partir de então, constrói o desenvolvimento. Portanto, uma relembrança e exteriorização do que já se é no íntimo, como um ser transcendente e divino.

Vários seres humanos têm elevado suas aspirações, buscado o caminho na senda, buscado a verdade. Isto tem como causa as muitas atividades em várias áreas do pensamento e atuação do ser humano e se processa no mundo inteiro. É uma tendência, uma necessidade evolutiva. E em todas as épocas há aqueles que se qualificam para isto, cada um dentro de uma área e de seu grau evolutivo.

Apesar das grandes e pequenas desordens mundiais, nacionais e locais, que percebemos diariamente, e que até nos desencorajam muitas vezes, é correto dizer que estas desordens são verdadeiros acontecimentos que provocam o surgimento de novos tempos. São choques provocando um despertar e uma tomada de consciência em vários setores humanos e que se traduzem como uma nova consciência e espiritualidade.

Eis, portanto, a importância da “austeridade” e de um discipulado mais consciente e desinteressado para este mundo.


Prof. Hermes Edgar Machado Jr. (Issarrar Ben Kanaan)



Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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