Estou sofrendo. Psicologicamente, estou terrivelmente perturbado; e tenho uma ideia sobre isto: o que devo fazer, o que não devo fazer, como isto deve ser mudado. Essa ideia, essa fórmula, esse conceito me impede de olhar o fato como ele é. Ideação e fórmula são fugas de o que é. Há ação imediata quando há grande perigo. Então você não tem ideia. Você não formula uma ideia e age segundo essa ideia. A mente se tornou preguiçosa, indolente através de uma fórmula que deu a ela meios de fugir da ação em relação ao que é. Vendo por nós mesmos toda a estrutura do que foi dito, não porque isto nos foi apontado, é possível encarar o fato: o fato de que somos violentos, por exemplo? Somos seres humanos violentos, e escolhemos um modo de vida violento – guerra e todo o resto. Embora falemos sem parar, especialmente no oriente, de não-violência não somos pessoas não-violentas. A ideia da não-violência é uma ideia, que pode ser usada politicamente. Esse é um significado diferente, mas é uma ideia, e não um fato. Porque o ser humano é incapaz de encarar o fato da violência, ele inventou o ideal da não-violência, o que o impede de lidar com o fato. Afinal, o fato é que sou violento; sou irado. Qual é a necessidade de uma ideia? Não é a ideia de ser irado; o importante é o fato de ser irado, como o estado real de estar faminto. Não existe a ideia de estar faminto. A ideia vem em relação ao que você vai comer, e de acordo com o ditame de seu prazer, você come. Só existe ação em relação ao que é quando não existe ideia sobre o que devia ser feito em relação ao que você é confrontado, que é o que é.
J. Krishnamurti
Fonte: The Book of Life
www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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