sexta-feira, 23 de maio de 2014

PECADO ORIGINAL

A humanidade é essencialmente díspar em suas características.

Cada criatura possui facilidades e dificuldades que lhe são inerentes.

A educação e o meio ambiente exercem influência no comportamento humano.

Mas certas tendências são inexplicáveis, no contexto de uma única existência.

Dentro do mesmo núcleo familiar, há marcantes diferenças de moralidade e equilíbrio entre irmãos.

Algumas crianças, desde a mais tenra idade, demonstram boa índole. Equilibradas e serenas, aceitam com tranquilidade a disciplina e a orientação dos pais. Já outras trazem a marca da rebeldia. Instáveis e difíceis, por vezes até cruéis, constituem um desafio para a paciência dos familiares.

A realidade é que os espíritos encarnam infinitas vezes, em seu caminhar para a perfeição.

Cada qual é herdeiro de si próprio.

Ao reencarnar, o espírito traz consigo o que adquiriu em suas precedentes existências.

Essa é a razão pela qual os homens mostram pendores bons ou maus, que neles parecem inatos.

Virtudes e vícios não são obras do acaso.

Eles constituem o resultado de opções feitas no passado.

Quem se esforçou para burilar o próprio intelecto, hoje possui avantajada inteligência.

Aquele que gastou tempo aprimorando a sensibilidade artística dispõe atualmente de facilidade no campo das artes.

Já a criatura que se permitiu malbaratar os tesouros da vida ressente-se de sua falta.

O ser que elegeu o vício no passado tem-no presente em seu íntimo.

Os maus pendores naturais são resquícios de imperfeições das quais o espírito ainda não se despojou.

Eis o verdadeiro pecado original.

As leis humanas, embora ainda falíveis e injustas, repelem a ideia de penalizar um homem pelo que outro fez.

Como Deus é soberanamente justo e bom, é incoerente imaginar que ele responsabilize uns pelas faltas de outros.

Cada qual se debate com a herança que providenciou para si.

Luz ou sombra, facilidades ou dificuldades, o que hoje se vive é resultado do que se fez no pretérito.

Não adianta culpar ninguém pelas dificuldades atuais.

Em geral, a recordação das vidas passadas não é possível ou desejável. Mas as tendências atuais evidenciam os pontos carentes de correção, na economia da alma.

O ontem é passado e não pode ser modificado. Mas hoje estão sendo lançadas as bases do futuro.

Este é o momento de refletir maduramente sobre o amanhã que virá, e adotar medidas para que ele seja luminoso.

Ninguém fará o trabalho que lhe compete.

A nobreza de caráter, a inteligência, a pureza, nada disso pode ser improvisado.

Se você deseja ser pacífico e bondoso, precisa criar o hábito de ser assim.

Diariamente você é confrontado com situações que exigem um posicionamento.

Compete exclusivamente a você optar por ser digno ou indigno, corajoso ou covarde, generoso ou mesquinho.

Mas saiba que está diariamente lançando as sementes de seu futuro.

Pense nisso.






Fonte: Equipe de Redação do Momento Espírita, 
com base no capítulo I do livro "O Espiritismo na sua expressão mais simples" e outros opúsculos de Kardec, ed. FEB.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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