Algumas pessoas vem a mim e dizem: “Agora, já pratiquei por dez anos”; ou até: “Pratico há 20 anos e passei um bom tempo em retiro, mas não cheguei a nenhuma experiência especial ou qualquer realização notável. Nada aconteceu”. Por que isso?
Não basta chamar a si mesmo de praticante e deixar o tempo passar. Esse não é o significado de praticar o Darma. Estamos no samsara há incontáveis vidas. Nossas mentes ficaram completamente absorvidas nas tendências da existência samsárica — como podemos ter a expectativa de nos transformarmos totalmente em alguns anos? Não é assim que acontece.
Os padrões habituais e a fixação dualista estão todos latentes em nossas mentes. Eles têm estado lá, em constante recreação, desde um tempo sem início. [...] Quando essas tendências são purificadas, nossos três kayas ["corpos iluminados"] intrínsecos são de fato realizados. Quando os três kayas estão completamente evidentes, chegamos ao estado búdico.
Até esse ponto, contudo, nossa natureza buda está oculta. A única maneira de tornar a natureza buda plenamente manifesta é continuar praticando o Darma de modo genuíno. E isso não acontece apenas praticando aqui e ali por alguns anos. Claro que a prática esporádica deixa boas marcas mentais, mas ela não gera mudança autêntica a partir das profundezas de nosso ser. [...]
Sentir-se desencorajado porque nada extraordinário aconteceu desde que você começou a praticar é errar o alvo. Renúncia é o verdadeiro sinal de êxito, benção e realização. Em outras palavras, há um desencanto natural com sucessos mundanos, com qualquer estado samsárico.
Infelizmente, as pessoas às vezes anseiam pelo extraordinário. Alguns esperam que o divino desça lá de cima e nos conceda poderes especiais. Outros pensam que ao forçar certa experiência em suas mentes, para se intoxicar nisso, eles podem ficar elevados o tempo todo, drogados com a prática do Darma. [...] Algumas pessoas, quando entram em algum estado alterado de meditação, pensam que as formas sutis dos três venenos — conhecidas como as experiências de êxtase, claridade e não-pensamento — são realização. Muitas pessoas ficam presas nessas crenças. [...]
Não credite nenhuma importância a essas experiências temporárias; nenhuma, jamais. [...] O que realmente importa é um aumento de sua devoção e confiança no Darma, de modo que a partir de dentro, você sente que apenas o Darma importa, que apenas praticar é importante. Este é um sinal inequívoco de realização.
Tulku Urgyen Rinpoche
Fonte: “As It Is, vol. 2″, loc. 3614
http://darma.info/
Fonte da Gravura: http://www.good-will.ch/postcards_es.html
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