sábado, 21 de março de 2015

PREGANDO A NÃO-VIOLÊNCIA MAS SENDO VIOLENTO EM ATITUDES

Vocês foram criados, a maioria infelizmente, com ideais. Ideais são apenas palavras. Eles não têm qualquer significado, não tem substância. São apenas os filhos estéreis de uma mente vazia, descuidada! Vocês foram criados no ideal da não-violência. Vão pelo mundo afora pregando a não-violência. Não-violência é o ideal. Mas o fato é que você é violento em seu gesto, no modo como fala com seu superior ou seu inferior. Por favor, ouça a si mesmo. Eu estou apenas apontando. Você é violento – violento em seu gesto, em seu pensamento, em seu sentimento, em sua ação. Por que você não pode olhar essa violência? Por que precisa ter um ideal de não-violência? O fato é que você é violento, e o ideal é não-factual; assim, você cria uma contradição em você mesmo e, portanto, se impede de olhar o fato da violência. Quando você olha um fato, é capaz de lidar com ele: você dirá que é violento e aceita isto; você aceita e diz, “Eu sou violento e não vou ser hipócrita”, ou dirá que é violento e aprecia isto, ou olhará isto sem o ideal. Você só pode olhar um objeto ou um fato ou o que seja, quando não existe ideal, nem opinião, nem julgamento; é isso. Então o fato gera uma intensidade de ação no imediato. Só quando você tem ideias sobre um fato, você adia a ação. Quando você percebe factualmente que é violento, então você pode olhar isto, pode examinar; então pode aprender tudo sobre isto, a natureza da violência, se é possível libertar-se ou não; não como uma ideia, mas realmente. Assim, uma mente religiosa não tem ideais, nem exemplo, nem autoridade, pois o fato é a única coisa que importa, e esse fato exige urgência de ação. (Collected Works, Vol. XV, 25, Action)

Há tantos tipos de violência. Vamos examinar cada tipo de violência ou vamos considerar toda a estrutura da violência? Podemos olhar para todo o espectro da violência, e não para uma parte dela?... A fonte da violência é o “eu”, o “ego”, que se expressa de muitos modos – em divisão, em tentar tornar-se alguém – o que se divide em “eu” e “não eu”, como inconsciente e consciente; o “eu” que se identifica ou não com a família, que se identifica ou não com a comunidade, e assim por diante. É como uma pedra lançada em um lago: as ondas espalham-se cada vez mais, estando no centro o “eu”. Enquanto o “eu” sobreviver sob qualquer forma, muito sutil ou grosseira, haverá necessariamente violência. (Beyond Violence, p 74)




J. Krishnamurti






Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura:
http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/

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