Pediram a Osho: Osho, você poderia comentar sobre este poema de Rumi, que amo tanto:
Lá fora, a noite fria e deserta.
Esta outra noite interior se faz tépida, em brasas.
Deixe a paisagem cobrir-se com uma crosta espinhosa.
Temos um jardim delicado aqui dentro.
Os continentes foram arrasados, cidades e aldeias, tudo se torna uma bola calcinada e escurecida.
As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro.
Mas a verdadeira novidade aqui dentro é que não há novidade alguma.
O poema de Mevlana Jalaluddin Rumi é lindo. Como sempre, ele só diz palavras lindas.
Ele é um dos poetas místicos mais importantes. Essa é uma combinação rara; há milhões de poetas no mundo e há pouquíssimos místicos, mas um homem que seja ambos é raramente encontrado.
Rumi é uma flor muito rara. É igualmente grande como poeta e como místico. Por isso sua poesia não é apenas poesia, não é apenas um lindo arranjo de palavras. Sua poesia contem imenso significado e aponta para a suprema verdade.
Ela não é entretenimento, mas iluminação.
Ele está dizendo: “Lá fora, a noite fria e deserta. Esta outra noite interior se faz tépida, em brasas.” O exterior não é o verdadeiro espaço para você estar. Fora, você é um estrangeiro; dentro, você está em casa. Fora, é uma noite fria e deserta. Dentro, é tépido, aconchegante.
Mas são muito poucos os afortunados que se movem do exterior para o interior. Eles esqueceram completamente que têm um lar dentro de si mesmos; eles o estão procurando, mas estão procurando no lugar errado. Procuram durante toda sua vida, mas sempre fora. Nunca param por um momento e olham para dentro.
“Deixe a paisagem cobrir-se com uma crosta espinhosa. Temos um jardim delicado aqui dentro.” Não fique preocupado com o que acontece do lado de fora. Dentro há sempre um jardim pronto para acolhê-lo.
“Os continentes foram arrasados, cidades e aldeias, tudo se toma uma bola calcinada e escurecida. As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro.” Essas palavras de Rumi são hoje mais significativas, mais importantes do que quando as escreveu. Ele as escreveu há setecentos anos, mas hoje não são apenas simbólicas: elas se tornaram a realidade.
“Os continentes foram arrasados, cidades e aldeias, tudo se tomou uma bola calcinada e escurecida. As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro. Mas a verdadeira novidade aqui dentro é que não há novidade alguma.”
Essa última sentença vem de um antigo ditado que diz: A ausência de notícia é sinal de que tudo está bem. Nasci numa pequena aldeia onde o carteiro só vinha uma vez por semana. E as pessoas tinham medo de que ele lhes trouxesse uma carta; ficavam contentes quando não havia carta alguma. E de vez em quando havia um telegrama para alguém. E simplesmente o boato de que alguém recebeu um telegrama era um choque tão grande para a aldeia que todos se reuniam... e apenas um homem sabia ler. Todos tinham medo: um telegrama? Isso significa uma má notícia. Senão, por que a pessoa deveria desperdiçar dinheiro com um telegrama?
Aprendi, desde minha infância, que a ausência de notícia é sinal de que tudo está bem. As pessoas ficavam felizes quando não recebiam notícia de seus parentes, de seus amigos ou de qualquer um. Isso significava que tudo ia bem.
Rumi está dizendo: As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro. Mas a verdadeira novidade aqui dentro é que não há novidade alguma. Tudo está silencioso e tudo está lindo, tranquilo, extasiante como sempre esteve. Não há mudança alguma, portanto não há novidade.
Dentro é um eterno êxtase, sempre.
Vou repetir mais uma vez, para que essas linhas possam se tornar uma realidade em sua vida. Antes que isso aconteça, você deve atingir dentro de si esse lugar, onde nenhuma novidade jamais aconteceu, onde tudo é eternamente o mesmo, onde a primavera nunca vem e vai, mas sempre permanece; onde as flores estiveram desde o começo... se já houve algum começo... e haverão de estar até o fim... se houver algum fim. Na verdade, não há começo e não há fim, e o jardim é exuberante, verde e repleto de flores.
Antes que o mundo exterior seja destruído pelos seus políticos, penetre em seu mundo interior. Essa é a única segurança que resta, o único abrigo contra as armas nucleares, contra o suicídio global, contra todos esses idiotas que têm tanto poder de destruição.
Você pode, pelo menos, salvar a si mesmo.
Eu tinha esperança, mas à medida que os dias foram passando, fui conhecendo cada vez mais a estupidez do homem... ainda tenho esperança, mas somente por um velho hábito; na realidade meu coração aceitou o fato de que apenas algumas pessoas podem ser salvas. A totalidade da humanidade está determinada a se autodestruir, e essas pessoas... se você lhes diz como podem ser salvas, elas irão crucificá-lo, irão apedrejá-lo até a morte.
Percorrendo o mundo, ainda estou rindo, mas há uma tristeza sutil nisso. Ainda danço com vocês, mas já não é como mesmo entusiasmo de dez anos atrás.
Parece que os poderes superiores da consciência são impotentes contra os poderes mais baixos e feios dos políticos. O mais elevado é sempre frágil, como uma rosa; você pode destruí-la com uma pedra. Isso não significa que a pedra se torne mais elevada que a rosa, mas simplesmente que a pedra está inconsciente do que está fazendo.
As multidões estão inconscientes do que estão fazendo, e os políticos fazem parte da multidão. São seus representantes, e quando pessoas cegas estão conduzindo outras pessoas cegas, é quase impossível acordá-las, porque a questão não é apenas o sono... elas são cegas também.
Há tempo suficiente para despertá-las, mas não há tempo suficiente para curar seus olhos. Assim, agora me limitei completamente ao meu povo. Esse é meu mundo, porque sei que aqueles que estão comigo podem estar adormecidos, mas não são cegos. Eles podem ser acordados.
Osho
Fonte: "Sacerdotes e Políticos: A Máfia da Alma"
http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: http://www.iosho.co.in/index.php/category/photos/
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