quarta-feira, 10 de agosto de 2016

HISTÓRIA DA GOLDEN DAWN

Um clérigo inglês, Rev. A. F. A. Woodford passeava em Londres, ao longo da Farrington Street. Entrou na loja de um vendedor de livros de ocasião e aí encontrou manuscritos cifrados e uma carta em alemão. Isto se passou em 1880. O Rev. Woodford começou lendo a carta em alemão. Essa carta dizia que aquele que decifrasse o manuscrito podia comunicar-se com a sociedade secreta alemã “Sapiens Donabitur Astris” (S. D. A.), através de uma mulher, Anna Sprengel. Outras informações lhe seriam, então, comunicadas se ele fosse digno delas.

O Rev. Woodford, maçom e rosa+cruz, falou de sua descoberta a dois de seus amigos, o Dr. Woodman e o Dr. Winn Westcott, todos os dois eruditos eminentes e além do mais cabalistas. Ocupavam postos elevados na maçonaria. O Dr. Winn Westcott era “coroner”, posto jurídico muito conhecido dos leitores de romances policiais ingleses. Um “coroner” desempenha ao mesmo tempo o cargo de médico legista e de juiz de instrução. Em caso de morte suspeita, reunia um júri que pronunciava um veredicto, podendo, eventualmente, haver intervenção da justiça e da polícia. Em todo caso, Woodman e Westcott ouviram falar da “Sapiens Donabitur Astris”. Trata-se de uma sociedade secreta alemã composta, sobretudo de alquimistas. Essa sociedade, graças aos medicamentos de alquimia, salvou a vida de Goethe que os médicos comuns haviam desistido de curar.

O fato é perfeitamente conhecido e a Universidade de Oxford publicou um livro: “Goethe, o Alquimista”. A SDA parece existir ainda em nossos dias; estava ligada aos “círculos cósmicos” organizados por Stephan George, que combateram Hitler. O Conde von Stauffenberg, organizador do atentado de 20 de julho de 1944, fazia parte desses círculos cósmicos. O último representante conhecido da SDA foi o Barão Alexander von Bernus. (Autor do livro “Alquimia e Medicina”)

Westcott e Woodman decifraram facilmente o manuscrito e escreveram a Anna Sprengel. Receberam instruções para prosseguir nos trabalhos. Foram auxiliados por outro maçom, um personagem indeterminado, de nome Samuel Liddell Mathers, casado com a irmã de Henri Bergson. Era um homem de cultura espantosa, mas de ideias muito vagas. Redigiu o conjunto inédito dos “rituais Mathers”. Tais rituais se compõem de extratos do documento alemão original, de outros documentos de posse de Mathers, e mensagens recebidas pela Srª Mathers, pela clarividência. O conjunto foi submetido à SDA na Alemanha que autorizou o pequeno grupo inglês a fundar uma sociedade oculta exterior, isto é, aberta. A sociedade chamou-se “Order of the Golden Dawn in the outer”: Ordem da Aurora Dourada no Exterior. Em 1º de março de 1888, essa autorização foi dada a Woodman, Mac Gregor, Mathers e ao Dr. Westcott.

Em 1889, o nascimento dessa sociedade foi anunciado oficialmente. É interessante notar que foi a única vez no século XIX, assim como no século XX, que uma autoridade esotérica qualificada, a SDA, dá uma autorização para fundar uma sociedade exterior.

A sociedade começou a se desenvolver e atraiu homens de inteligência e cultura indiscutíveis. Citemos Yeats, que deveria obter o prêmio Nobel de Literatura, Arthur Machen, Algernon Blackwood, Sax Rohmer, o historiador A. E. Waite, a célebre atriz Florence Farr e outros. Os melhores espíritos da época, na Inglaterra, faziam parte da Golden Dawn. O centro ficava em Londres. Seu chefe, o Imperador, era W. B. Yeats. Havia outros centros na província inglesa, e em Paris, onde Mathers passa a residir, de preferência.

O ensinamento diz respeito à linguagem enoquiana de John Dee, cuja tradução é dada desde o primeiro grau do primeiro nível.

O ensinamento era em língua enoquiana; sobre alquimia, e, sobretudo sobre a dominação de si mesmo. Desde o segundo degrau do primeiro nível, o candidato era tratado de maneira a eliminar todos os seus males mentais e todas as suas fraquezas.

Durante milênios o homem sonhou um estado de consciência mais desperto que seu próprio despertar. A Golden Dawn chegou a isso. Sem dúvida. O que parece não tão certo, mas pelo menos provável, foi que a Golden Dawn chegou a traduzir o alfabeto enoquiano de John Dee, e que seus dirigentes leram a obra de John Dee, a de Trithème e, talvez, o manuscrito Voynich.




Jacques Bergier





Fonte do texto e da gravura: Golden Dawn Brasil
http://goldendawn.com.br/

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