Todo discípulo passa por períodos difíceis nos quais aquilo que em outros tempos ele pensava que sabia o abandona, ou parece inútil.
Quando se recupera, ele lembra e sente o poder de muitas frases familiares e cheias de força que se aplicam diretamente ao seu caso, e que poderiam tê-lo tirado da escuridão em que estava.
Agora ele compreende que a lei rege cada circunstância, que só ele é responsável pela sua própria situação, e que nunca está sozinho, porque, onde o pensamento consegue chegar, o Mestre pode estar presente.
Ele vê também que tudo o que começa na sequência do tempo termina na sequência do tempo. Sim, ele conhece muito bem estes fatos todos. Ele viu estas verdades serem repetidas uma e outra vez. Ele já tem recebido, graças a elas, ânimo e encorajamento para continuar o trabalho. Ele já mencionou estes fatos para outras pessoas, quando elas enfrentavam seus momentos de dificuldade. Por que, então, ele os esqueceu quando chegou a sua própria hora de sofrimento?
Há muitas coisas que jamais esquecemos. Em nossa consciência normal de estado de vigília, nunca experimentamos dor, sofrimento ou alegria tão grandes que nos impeçam de lembrar e aplicar de imediato um grande número de fatos necessários. Por que então esquecemos estas verdades da alma, especialmente considerando que havia, ao nosso dispor, grande número de fatores estimulando a lembrança? Deve ser porque falávamos superficialmente destes fatos – ao invés de fazer deles uma parte ativa das nossas vidas.
Parece ser sábio, e também necessário, preparar-nos para os momentos de dificuldade através de um estudo mais intenso e de uma prática mais regular do ensinamento.
Temos uma tendência de ser negligentes nestas atividades, até que as provações acontecem. A época propícia para construir um baluarte de defesa diante de tais desafios está nas temporadas agradáveis. Este é o momento favorável, quando a oportunidade bate à nossa porta, a mente permanece aguda, o coração não se sente sobrecarregado, e o corpo está saudável.
Se o discípulo aproveita com eficiência estes momentos, ele acumula uma força cujo impulso fará com que atravesse a hora da dificuldade assim como o impulso de um carro faz com que ele ultrapasse um obstáculo temporário.
E ninguém deve pensar que este momento de dificuldade não chegará. Os ciclos precisam completar as suas trajetórias. Inevitavelmente, o final de um ciclo ocorrerá quando parecemos perder a ligação com o poder vivo da alma divina, e então só o impulso resultante do trabalho e do esforço por praticar aquilo que sabemos nos levará, em segurança, até mais adiante.
Também devemos ficar animados pelo fato de que, em comparação com a jornada toda, o momento da dificuldade é muito curto.
As provações mais difíceis nunca duram demasiado, e toda a eternidade está disponível, no passado e no futuro.
Devemos aproveitar ao máximo, portanto, as muitas, inúmeras, horas de oportunidade; e lembrar que, uma vez tendo feito isso, quando acontecerem momentos difíceis, poderemos esperar pelo retorno da luz com paciência, e confiantemente.
John Garrigues
Fonte: AmazoniaTeosofica
https://amazoniateosofica.com.br/index.php/2018/10/25/o-momento-da-dificuldade/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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