Ao considerar a possibilidade de que o homem descubra sua alma, tem que se partir de uma hipótese e aceitá-la voluntariamente, pois toda hipótese tem sido sempre o ponto de partida do conhecimento. Supomos que o homem, como hipótese ativa, é uma alma e possui um corpo, e que existe um meio unificador que os vincula como um corpo de energia.
Aqueles que trataram de comprovar a realidade da existência da alma e de seu mecanismo vitalizador, podem ser divididos em dois grupos; por um lado, estão os místicos, que empregaram a aspiração e a emoção, além dos meios físicos; por outro lado, aquelas pessoas mais puramente mentais, que utilizaram o intelecto e a mente para chegar ao conhecimento espiritual.
[...] Ambos os grupos testemunharam a verdade da existência da alma, mas limitados por sua peculiar inclinação e método, seu testemunho é unilateral. Um é excessivamente visionário, místico e emocional; o outro, demasiado acadêmico, intelectual e construtor de formas.
Agora, devido à ampla difusão do conhecimento humano e ao estreito intercâmbio existente entre as mentes por meio da literatura, da palavra falada e das viagens, chegou o momento em que é, geralmente possível, pela primeira vez, uma fusão e, como resultado das conclusões anteriores de filósofos e santos de ambos os hemisférios, deveríamos poder desenvolver um sistema e um método, que sejam o modo de conquista espiritual para nossa época e geração.
Portanto, torna-se prático dar certos passos iniciais, os quais se podem resumir do seguinte modo:
(a) O tratamento saudável do corpo físico, utilizando o conhecimento do ocidente, em particular o referente à medicina preventiva e à saúde geral do sistema endócrino;
(b) A compreensão intelectual e aplicação dos fatos básicos da psicologia moderna e de uma sã psicanálise, chegando assim a um conhecimento do mecanismo mental, emocional e físico, por cujo meio a alma trata de se expressar;
(c) O reconhecimento de que, assim como o corpo físico é um autômato que responde aos desejos e à natureza emocional, e está controlado por eles, de forma análoga estes estados emotivos de consciência (que abarcam desde o amor ao alimento até o amor a Deus) podem ser controlados pela mente racional;
(d) Do crescimento de tudo isso resultará um estudo das leis da mente e se poderá compreender e utilizar a relação entre a mente e o cérebro.
Quando estes quatro pontos forem bem compreendidos e seus efeitos se fizerem sentir na personalidade do homem, teremos um organismo integrado e coordenado; a estrutura poderá ser, então, considerada apta para ser dirigida pela alma.
[...] Até agora, o caminho da maioria tem sido o místico, e o intelectual para uns poucos, porém a espécie humana se encontra em um ponto em que, baseando suas hipóteses sobre as experiências místicas de muitos, pode progredir desde o sentimento e adoração até o conhecimento, e desde o amor a Deus até o conhecimento de Deus.
Isto dar-se-á quando o conhecimento do ocidente se adicionar à sabedoria do oriente e se impuser a técnica da ciência da alma sobre nossos tipos intelectuais ocidentais. Não é possível explanar muito sobre esta técnica. Sem dúvida, é possível descrevê-la brevemente, dividindo-a em oito etapas que podem ser classificadas como:
1. Controle de nossas relações com as demais pessoas, sintetizado pela palavra inofensividade, definida no oriente por cinco mandamentos. São eles: inofensividade, a prática da verdade, o abster-se de roubar, da incontinência e da avareza;
2. Pureza de vida, tal como é definida pelas cinco regras: purificação interna e externa, contentamento, aspiração ardente, leitura espiritual e devoção a Ishvara (o Eu Divino);
3. Equilíbrio;
4. Correto controle da força vital, e daí, ação direta da alma sobre o corpo etérico. O controle da energia dos centros e do corpo físico só é possível depois que o homem tenha obtido pureza e equilíbrio. Não é permitido ao homem conhecer as leis que regem a energia antes que ele tenha alcançado, por meio da disciplina, o controle de sua natureza animal e alcançado um ponto de onde não mais seja impelido pelos estados de tensão nem pelo egoísmo;
5. Abstração. Termo que abarca o poder de centrar a consciência na cabeça e atuar ali como alma, ou retirar a consciência exteriorizada das coisas objetivas e tangíveis, e dirigi-la novamente ao interior;
6. Atenção ou concentração. Significa viver de maneira unidirecionada e implica também colocar a mente em atividade ao invés das emoções. Assim, o homem emocional e físico é controlado pela mente enfocada;
7. Meditação. É atenção ou concentração prolongada, e proporciona o poder de enfocar a mente na alma e no que diz respeito a esta, daí produzindo mudanças radicais no organismo e corroborando a verdade da afirmação de que “como o homem pensa, assim ele é”;
8. Contemplação. É o ato da alma que, em seu próprio reino, observa as formas e estabelece contato com as energias do quinto reino da natureza, o reino espiritual. Este ato é seguido pela descida ao cérebro (por meio da mente controlada) do conhecimento e energia da alma; esta atividade da alma produz o que se chama iluminação: a energização do homem por inteiro e o despertar dos centros com um ritmo apropriado e progressivo.
Esta energia espiritual, conscientemente dirigida, atuando por meio do corpo vital e dos centros, afirma-se, deveria levar o homem material e o sistema endócrino a uma condição de perfeita saúde e, portanto, a possuir um mecanismo perfeito para a expressão da alma.
Com respeito a isso, ensina-se que o homem pode alcançar um conhecimento definido da alma e se conhecer como “o Ser mais profundo”, capaz de utilizar seu mecanismo com um fim determinado, e assim atuar como alma.
Alice A. Bailey
Fonte: do livro "A Alma e seu Mecanismo"
Fonte da Gravura: Tumblr.com
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