quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

O LUGAR DO DESCANSO


Pouco depois do dia, podemos perceber se estamos centrados, descentrados ou perdidos. Prestemos atenção à pressa em nossas ações. Se houver pressa, já temos a medida de nossa distância do coração. É um critério muito simples que nos livra do erro. Quando vamos de um momento para o outro muito depressa ou quando já estamos querendo acabar com algo e passar para a outra coisa... nós fomos para a periferia de nós mesmos.

Quanto mais perto do centro, mais calmo se fica e existe uma estabilidade que é a clareza. Antigamente, torres muito altas eram construídas no topo de altas montanhas, que permaneciam protegidas das tempestades por estarem acima das nuvens. Eram lugares inexpugnáveis ​​e, embora completamente expostas, permaneceram abrigadas. Estar ali significava distância e fácil observação de todo o ambiente.

Viver no eremitério interior, no coração espiritual, permite o mesmo. É uma capacidade de perceber os diferentes eventos que convergem em um mesmo evento e, ao mesmo tempo, manter certa distância deles. É aberto um espaço disponível que permite que você respire em todos os sentidos e não seja oprimido pelas reações que ocorrem no ambiente, na mente e no corpo.

Estar localizado ali parece novo e sem esforço, no sentido em que estamos acostumados a usar a palavra. Estar presente não cansa. Acessar aquele lugar onde somos autênticos dá sentido aos dias e nos faz sentir familiarizados com a graça. E é essa mesma familiaridade que nos chama de volta quando estamos ausentes por distração, hábito ou várias inércias.

Métodos muito diferentes são usados ​​para atingir essa profundidade da alma e são apropriados para pessoas diferentes em cada situação ou momento particular. Mas perceber que o resultado das ações não depende de nós, mas da providência divina é muito necessário. Sem essa convicção, torna-se difícil ir para o lugar de verdadeiro descanso. Se depender de nós, colocamos nas costas uma carga muito pesada que não podemos suportar.

Uma vez me disseram: você fez o sol aparecer hoje? Você decidiu a direção em que as nuvens irão? Você já sabe quantas pessoas virão ao mundo ou o deixarão no final do dia? Pois não. Você diz ao coração quando bater, ao diafragma como respirar ou ao sangue para onde deve fluir? Pois não. Reveja sua vida e verá que a pessoa com quem está, o lugar onde mora, aquele emprego e outras circunstâncias aconteceram além de sua intenção. Em qualquer caso, houve uma interação que você não pode especificar.

Seguir nosso escopo, fazer o melhor que podemos em cada momento e situação é o nosso campo de ação. E esse pequeno espaço de liberdade surge quando permitimos que a graça da atenção esteja presente em nós. Essa atenção vigilante requer distensão, não contração. E esse descanso vem quando estamos cientes de nosso papel na obra da criação. Se viajarmos em um dos assentos do ônibus e nos comportarmos como se fôssemos o motorista, viajaremos amargurados. Queixaremos que nosso curso não está sendo seguido e não entenderemos o que estamos fazendo de errado.

A prática da "oração de Jesus"*, por exemplo, ou outras formas de oração e meditação visam silenciar a mente. E isso porque a mente não é a ferramenta certa para guiar nossa vida. Se colocarmos no comando a "louca da casa", nos encontraremos com vidas atormentadas pelo sofrimento e pela inconsistência...


* Oração de Jesus ou Oração do Coração: uma oração ou meditação que faz parte dos ensinamentos dos Padres do Deserto, que permite, percorrer o Caminho Interior, onde o homem pode reencontrar-se com a Divindade que habita seu coração e tornar-se, novamente, à Sua imagem e semelhança.



Fonte: do Blog "El Santo Nombre"
https://elsantonombre.org/2021/01/09/el-lugar-del-descanso/
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/tealight-luz-ora

Nenhum comentário:

Postar um comentário