Parte do problema em responder ao "chamado" é que estamos sempre analisando a superfície na esperança de chegar à profundidade do entendimento como resultado de um julgamento superficial. Nosso entendimento é comumente um mero reflexo da superfície. Mas só podemos entender a superfície se viajarmos profundo. O que a jornada requer principalmente é nossa simplicidade. Também requer de nós nossa fé e nossa lealdade constante.
A meditação é um processo simples de fé no qual entramos em nossa realidade interior. O extraordinário deste processo é que, ao entrarmos em nosso interior, entramos em contato com a estrutura essencial de todo ser, de toda realidade. Somos habitualmente descuidados no uso de palavras como: Deus, verdade, ser e realidade porque muitas vezes não são palavras que brotam de dentro de nós. Um grande motivo para a ansiedade que muitas pessoas sentem vem do fato de que grande parte de suas vidas se manifesta no fato de viverem agarrando-se a uma realidade de segunda mão. Muitas vezes, o contato é feito apenas por meio de palavras.
O processo de meditação exige simplicidade. Cada um de nós deve aprender a ser simples, a desistir, a mergulhar nas profundezas. Ainda assim, todos temos um certo medo disso, especialmente quando suspeitamos que as profundezas são infinitas. E é real que a jornada seja nos lançarmos nas profundezas infinitas de Deus. Pense neste processo por um momento. Ao meditar, você deve sentar-se o mais imóvel possível. Pela imobilidade do corpo, você ancora fisicamente seu ser em seu lugar e se mantém ancorado naquele lugar em uma imobilidade profunda, levando ao silêncio e à reverência. Então, ao fechar os olhos suavemente, comece a recitar em seu coração, silenciosamente, sua palavra, seu mantra: Maranatha*.
O processo de meditação é absolutamente tranquilo. Você não recita sua palavra (mantra) com violência. Não se trata de martelar. Devemos aprender a recitar a palavra delicada e suavemente. E devemos recitá-la durante todo o período de meditação, do começo ao fim, ouvindo-a, sem pensar em nós mesmos, ou em Deus, ou no significado do mantra. Mas sozinhos, em absoluta simplicidade, nós a recitamos continuamente. O mantra nos ancora nas profundezas do nosso ser.
* Maranatha é uma expressão aramaica que, resumidamente, significa: “Vem, Senhor!”, e que é uma das expressões (mantras) usadas na tradição cristã. Obviamente, o mantra pode ser outro conforme a tradição (cabala, budismo, hinduísmo, sufismo etc.) (Nota deste blog)
Fr. John Main, OSB
Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón
www.permanecerensuamor.com
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Ixtapa, México
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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