Estou comendo e sinto o início da saciedade. A mente avisa que você deve parar de comer, pois há muitas lembranças de se sentir mal por continuar a comer neste momento. Porém, não basta saber o que vai acontecer, o corpo continua a mandar comer. Aqui, neste ponto, se surge um ato de vontade, uma forte intenção de mudar, e com atenção paro de comer, levanto-me, tiro os pratos e retomo a invocação...
No preciso momento em que você largou os talheres e se levantou, parando de comer, o espírito apareceu. Esse é mais profundo e mais consciente, mais espiritual em nós mesmos. Tem a ver com o homem interior de que fala São Paulo. É aquele que avisa sobre a lei que prevalece nos homens, lei que alimenta a escravidão e que nos faz sofrer pelos automatismos. Outro exemplo é o da raiva: quando começo a ficar com raiva de alguém e surge a vontade de repreendê-lo a mente está no comando e o corpo a serve com espasmos, todos os mecanismos de ataque são ativados... mas a memória do ensinamento de Jesus, o desejo de ser coerente com o Evangelho e o mandamento principal, brilham em nosso interior. Eu paro, então. Peço permissão e, em vez de repreensões, saio da sala. Esse foi o espírito que pelo braço da vontade permitiu a não reação.
São casos muito comuns. A gula e a raiva mostram claramente quando nossos corpos ou pensamentos nos governam. E o que é decisivo é a atenção e a oração interior. Em qualquer dos casos, a consciência permite que apareça a nossa intenção de sermos donos de nós próprios e, através da oração sincera, pedimos a força para nos impor.
Isso tem a vantagem de que a pessoa se acostuma a não se deixar levar pelo reativo e passa a sentir o sabor de dirigir a atenção em busca da coerência da vida. Assim, descobrimos que podemos praticar o que nos dizem aqueles versos, no Evangelho, que são tão difíceis para nós, como o amar nossos inimigos, o não fazer acepção de pessoas, a não se preocupar com o amanhã ou a dar a outra face, dentre outras passagens. Começamos a descobrir o significado mais profundo dos ensinamentos porque eles aparecem como praticáveis e não como ideais que nunca abordamos. A chave para nossa "metanóia**" é a atenção vigilante e a oração incessante.
(A parte 1 está no texto "Atenção Vigilante - Um Campo de Confiança")
** "conversão" (no sentido de mudar de direção mental, de vida; não se refere à mudança de religião ou crença religiosa - nota deste blog)
Blog EL SANTO NOME
Fonte: https://elsantonombre.org
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Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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