sexta-feira, 12 de agosto de 2022

O SILÊNCIO DO AMOR


A linguagem é muito pobre para expressar a totalidade do mistério divino. É por isso que o silêncio absoluto da meditação se torna tão poderosamente importante. Não tentamos pensar em Deus, falar com ele ou imaginá-lo. Na meditação permanecemos no silêncio maravilhoso que nos abre ao silêncio eterno de Deus. Na meditação, através da prática diária e do ensino da experiência, descobrimos que este é o nosso ambiente natural para todos nós. Fomos criados para isso e nosso ser floresce e se expande nesse silêncio infinito.

A palavra "silêncio", no entanto, pode gerar uma visão equivocada da experiência e talvez causar rejeição por muitas pessoas, pois pode sugerir uma experiência negativa, a privação de sons ou palavras. As pessoas temem que o silêncio da meditação seja um retrocesso. Mas a experiência e a tradição nos ensinam que o silêncio da oração não é um momento pré-linguístico, mas um estado pós-linguístico. A linguagem completou sua função, dirigindo-nos através e além de si mesma e de todo o reino da consciência mental. O silêncio eterno não é privado de nada, nem nos priva de nada. É o silêncio do amor, da aceitação incondicional e sem reservas. Sabemos que somos amados e, assim, podemos amar. A meditação nos leva a fechar esse círculo de amor. Abrindo-nos ao Espírito que habita em nossos corações e que a todos ama em silêncio, recomeçamos nossa jornada de fé, porque sempre há um novo começo para a eterna dança do Ser-em-Amor.



Dom John Main, OSB



Fonte: do livro "La Palabra Hecha Carne", London, Darton, Longman, Todd, 1993, pp. 29-30
Via: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana - http://wccm.es/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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