quarta-feira, 21 de setembro de 2022

O MENOR É O MAIOR


"Todo o que receber este menino em meu nome, a mim recebe; e todo o que me receber, recebe aquele que me enviou. Porque aquele que entre vós todos é o menor (pela sua humildade), esse é o maior (no reino dos céus).... porque aquele que dentre vós for o menor de todos, esse é que é grande." (Lc 9,48)


Essa colocação também pode ser vista como uma alusão aos complexos que se revezam entre a consciência e o inconsciente. Quando atribuímos poder ao ego, inflacionando-o, reduzimos a capacidade de aprender pelo Self. Quando diminuímos o poder do ego, ampliamos a capacidade do Self em apreender a realidade. O indivíduo ao elevar-se sem méritos, atribui poder ao ego, inflando-o; dessa forma, vive-se a vida do ego, e não a do Self. Quem deliberadamente exalta suas qualidades, mesmo que as possua, torna-se orgulhoso e vaidoso de si. Esse orgulho cada vez mais estimulado inibe o conhecimento de si mesmo e impede a percepção da sombra, isto é, de suas qualidades negativas e do que desconhece da própria personalidade.

A psicologia do Cristo é cristalina quando a aplicamos ao nosso mundo interior. Não há como fugir de si mesmo. A humildade facilita o processo de autopercepção e de manifestação do Self. O orgulho embota a visão do Espírito, cegando-o à compreensão da realidade.

Quando o orgulho aparece, através da auto-elevação do ego, surge a primazia de uma das personas consolidadas nas encarnações anteriores. Essas personas inconscientes se tornam uma espécie de sub-personalidade. O indivíduo vive artificialmente pela manifestação de uma sub-personalidade, emergida pela energia demasiada atribuída ao ego que lhe dá sustentação. Essa sub-personalidade é nucleada por um ou mais complexos. Como exemplo podemos ver nas pessoas que, em outras encarnações estiveram em posições sociais importantes, mas que na atual encarnação não ocupam lugar de destaque na sociedade, poderá permitir que, pela inflação do ego, essa sub-personalidade assuma a consciência.

Quando não adicionamos excessiva energia ao ego, ampliamos a percepção de nossas próprias limitações, permitindo que enxerguemos a nossa sombra, antes inconsciente.

Da mesma forma, a simplicidade facilita a percepção dos complexos inconscientes, trazendo-os equilibradamente à consciência sem que eles predominem sobre o ego. Na humildade o verdadeiro Eu sobressai-se, para que o Espírito possa crescer, desenvolver-se e alcançar sua plenitude.



Adenáuer Marcos Ferraz de Novaes




Fonte: do livro "Psicologia do Evangelho"
Fundação Lar Harmonia, Salvador, BA, 1999
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/ligado-conectado-rede-equipe-152575/

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