Não maldigas a dor. Não conheces suas longínquas raízes; não sabes qual foi a última onda, impulsionada por uma infinita cadeia de ondas, que constituiu o teu presente. Num universo tão complexo, no seio de um organismo de forças regido por uma lei tão sábia, que nunca falhou definitivamente, como podes acreditar que teu destino esteja abandonado ao acaso, e o desequilíbrio momentâneo, que te aflige e te parece injustiça, não seja condição de mais alto e mais perfeito equilíbrio? Deus é tudo: não apenas o bem. Não pode ter rivais nem inimigos: é um bem maior que o mal, que ele compreende e constrange a alcançar seus objetivos. Como podes acreditar, mesmo ignorando as forças que agem em ti, que estejas abandonado ao acaso? Não! Seja que o chames Pai, com a palavra da fé; ou cálculo de forças, com a palavra da ciência; a substância é a mesma: estais vigiado por uma vontade e uma sabedoria superiores; um equilíbrio profundo te dirige. Lembra-te de que, no organismo universal, as palavras “acaso” e “injustiça” constituem um absurdo. Não pode haver erro nem imperfeição, senão como fase de transição, como meio de criação. A lei da vida é alegria e o bem, mesmo que para realizar-se integralmente seja necessário atravessar a dor e o mal. Repito: “Felizes os que sofrem. Os últimos serão os primeiros”.
Pietro Ubaldi
Fonte: do livro "A Grande Síntese"
18ª Edição — 1997 - Revista pela Fraternidade Francisco de Assis
Tradução de Carlos Torres Pastorino e Paulo Vieira da Silva
Instituto Pietro Ubaldi, Campos/RJ
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/estresse-homem-m%c3%a3o-chamas-queimar-543658/
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