sábado, 3 de junho de 2023

O FESTIVAL DE ASALA (EM GÊMEOS)


Além do grande Festival de Wesak, há uma outra ocasião anual quando todos os membros da Fraternidade se reúnem oficialmente. Neste caso o encontro acontece usualmente na residência particular do Senhor Maitreya, situada também nos Himalaias, mas no flanco sul em vez de no flanco norte. Nesta ocasião nenhum peregrino está presente em corpo físico, mas todos os visitantes astrais que sabem da celebração são bem-vindos para assisti-la. Ela se dá na lua cheia do mês de Asala (Ashadha / Asadha, em sânscrito), usualmente correspondendo ao nosso mês de junho. Este é o aniversário da primeira proclamação, pelo Senhor Buda, de sua grande descoberta - o Sermão que ele pregou aos seus cinco discípulos, comumente conhecido como Dhammachakkappavattana Sutta, que foi poeticamente traduzido por Rhys Davids como "A Colocação em Movimento das Rodas da Carruagem Real do Reino da Retidão". Amiúde ele é traduzido com maior brevidade como "O Giro da Roda da Lei". Ele explica pela primeira vez as "Quatro Nobres Verdades" e a "Nobre Senda Óctupla", expondo o grande "Caminho do Meio do Buda" - a vida de perfeita retidão no mundo, que fica a meia distância entre as extravagâncias do ascetismo de um lado, e a negligência da mera vida mundana de outro.

Em seu amor por seu grande antecessor, o Senhor Maitreya ordenou que sempre que chegasse o aniversário desta primeira prédica o mesmo Sermão deveria ser recitado em presença da Fraternidade reunida, e ele (Maitreya), via de regra, acrescenta uma pequena mensagem própria, expondo-o e aplicando-o.

A récita do Sermão começa no momento da lua cheia, e a leitura e os comentários adicionais usualmente encerram-se ao fim de meia hora. O Senhor Maitreya geralmente assume seu lugar no assento de mármore que está colocado na beira do terraço do adorável jardim que fica bem em frente à sua casa. Os Oficiais mais graduados sentam-se ao seu redor, enquanto que os demais agrupam-se no jardim, poucos metros abaixo. Nesta ocasião, assim como na outra (Wesak), há muitas vezes oportunidade para agradáveis conversas, e os Mestres distribuem amáveis bênçãos entre seus discípulos e aqueles que aspiram a ser seus discípulos.

Pode ser útil fazer uma descrição da cerimônia e do que usualmente é dito nestes Festivais, embora seja, é claro, completamente impossível reproduzir a maravilha e a beleza da eloquência das palavras do Senhor Maitreya em tais ocasiões. O relato que segue não tenta reproduzir nenhum discurso específico, é, antes, uma combinação de fragmentos imperfeitamente relembrados, alguns dos quais já tendo aparecido em outros lugares; mas para aqueles que não os ouviram antes darei uma ideia da linha geralmente seguida.

O grande Sermão é maravilhosamente simples, e seus pontos principais são repetidos muitas vezes. Não havia blocos de notas naqueles dias, de modo que pudesse ser escrito e lido por todos após; seus discípulos tinham que lembrar suas palavras através da impressão que elas lhes causaram naquele momento. Assim, ele os compôs com simplicidade, e os repetiu muitas vezes à guisa de refrão, para que as pessoas pudessem recordar. Ao lermos o Sermão temos a impressão de que ele foi construído com um propósito especial - para que pudesse ser facilmente lembrado. Seus pontos são arranjados de forma sequencial, de modo que quando um ponto é mencionado ele já leva ao seguinte, num jogo mnemônico eficiente, e para os Budistas cada uma destas palavras separadas sugere todo um corpo de ideias relacionadas, e assim o Sermão, curto e simples como é, contém uma explicação e toda uma regra de vida.

Poderíamos pensar que tudo que pode ser dito sobre o Sermão já foi dito muitas vezes; porém o Senhor, com sua maravilhosa eloquência, e da forma que ele o apresenta, a cada ano traz ao sermão uma nota nova, e cada pessoa sente sua mensagem como se fora especialmente endereçada a ela. Nesta ocasião, assim como na pregação original, repete-se o milagre Pentecostal. O Senhor fala no sonoro páli original, mas todos os presentes o ouvem "na língua em que nasceram", como se diz no Ato dos Apóstolos.

O Sermão inicia com a proclamação de que o Caminho mais seguro é o do Meio, e na verdade o único verdadeiro Caminho. De um lado, mergulhar nos excessos sensuais e prazeres da vida mundana comum é vil e degradante, e não leva o homem a lugar algum. Por outro lado, o ascetismo excessivo é mau e inútil. Pode haver alguns a quem atraia a vida altamente ascética e solitária, e que sejam capazes de levá-la corretamente, embora mesmo então ela não deve ser excessiva; mas para todas as pessoas comuns o Caminho do Meio de uma boa vida vivida no mundo é sob todos os aspectos o melhor e mais seguro. O primeiro passo em direção a uma vida assim é entender as suas condições, e o Senhor Buda as apresentou para nós no que ele chamou de "As Quatro Nobres Verdades". Elas são:

1 Sofrimento / Aflição;

2 A Causa do Sofrimento;

3 A Cessação do Sofrimento (A Fuga da Aflição);

4 O Caminho que leva à Cessação do Sofrimento.

1 e 2 - Sofrimento e sua Causa: A Primeira Verdade é uma declaração de que toda a vida manifesta é tristeza, a menos que o homem saiba como vivê-la. Comentando sobre isso, o Bodhisattva disse que há dois sentidos em que a vida manifesta é triste. Um deles é de certa maneira inevitável, mas o outro é um completo erro que pode mui facilmente ser evitado. Para a Mônada, que é o verdadeiro Espírito do homem, toda vida manifesta é em certo sentido uma tristeza, pois é uma limitação, uma limitação que em nossa consciência física não podemos sequer conceber, porque não temos a menor ideia da gloriosa liberdade da vida superior. Exatamente no mesmo sentido sempre tem sido dito que Cristo oferece a Si mesmo em sacrifício quando Ele desce à matéria. Sem dúvida é um sacrifício, porque se trata de uma limitação inexprimivelmente grande, pois lhe retira todos os gloriosos poderes que são seus no seu próprio nível. O mesmo vale para a Mônada do homem; ela sem dúvida faz um grande sacrifício quando entra em contato com a matéria inferior, quando paira sobre ela pelas longas eras de seu desenvolvimento até o nível humano, quando ela desce um pequeno fragmento de si mesma (como que a ponta de um dedo) e com isso forma um ego, ou alma individual. Mesmo que possamos ser apenas um pequeno fragmento - de fato, um fragmento de um fragmento - somos não obstante parte de uma realidade magnífica. Não há nada para nos orgulharmos em sermos somente um fragmento, mas há por outro lado a certeza de que pelo mesmo motivo somos parte do superior, e por isso podemos eventualmente ascender ao superior e lá nos tornarmos unos com ele. Este é o fim e objetivo de toda nossa evolução. E mesmo quando chegarmos lá, lembremos que não será para nosso deleite no avanço, mas para que possamos ser capazes de ajudar no esquema. Todos estes sacrifícios e limitações podem corretamente ser descritos como envolvendo sofrimento, mas eles são assumidos com alegria assim que o ego os entende plenamente. Como um ego não tem a perfeição da Mônada, não entende, de início, a finalidade do sacrifício, e assim ele tem de instruir-se como todos os demais. Esta imensa limitação a cada degrau descendente em direção à matéria é um fato inescapável, e assim há muito sofrimento inseparável da manifestação. Temos de aceitar esta limitação como um meio para um fim, e como parte do Esquema Divino.

Há um outro sentido em que a vida é muitas vezes uma tristeza, mas um tipo de tristeza que pode ser inteiramente evitado. O homem que vive a vida comum do mundo muitas vezes se encontra aflito de várias maneiras. Não seria verídico dizer que ele está sempre triste, mas que frequentemente está ansioso, e que está propenso a cair a qualquer momento em grande tristeza ou ansiedade. A razão para isso é que ele está cheio de desejos inferiores de vários tipos, não todos necessariamente maus, mas desejos por coisas baixas, e por causa destes desejos ele permanece atado e confinado aqui "embaixo". Ele está constantemente tentando obter alguma coisa que não possui, e fica cheio de ansiedade sobre se a obterá ou não, e quando a consegue, fica ansioso temendo perdê-la. Isso vale não só para o dinheiro, mas também para posição e poder, fama e progresso social. Todos estes desejos causam problemas incessantes de muitas formas diferentes. Não é só a ansiedade individual do homem que tem ou não algum objeto de desejo geral, temos de levar em conta ainda toda a inveja e ciúme e maus sentimentos causados nos corações dos outros que estão lutando pelo mesmo objeto. [...]

3 - Cessação do Sofrimento: Vimos que a Causa do Sofrimento é sempre o desejo. [...] Entenderemos, então, como o sofrimento cessa e como a calma é obtida: sempre mantendo-se o pensamento nas coisas superiores. Temos ainda de viver neste mundo, que foi descrito poeticamente como "a estrela tristonha" - como o é de fato para muitas pessoas, embora não precise sê-lo, pois podemos viver nele muito felizes se não estivermos acorrentados a ele pelo desejo - ou pelos menos não em uma extensão que nos cause preocupações, problemas e vexames. Sem dúvida nosso dever é ajudar aos outros em suas aflições e problemas e preocupações, mas a fim de fazê-lo com eficácia não devemos ter nada disso em nós mesmos. Devemos deixar que aqueles torvelinhos, que poderiam fazer os outros cair, passarem suavemente, mantendo-nos calmos e contentes. Se levarmos esta vida inferior com filosofia veremos que para nós terminam quase todas as tristezas. Pode haver alguns que considerem esta atitude inatingível. Não é assim, pois se o fosse o Senhor Buda jamais a teria aconselhado para nós. Todos nós podemos conquistá-la, e deveríamos fazê-lo, pois somente quando a conquistarmos poderemos real e efetivamente ajudar nossos irmãos.

4 - O Caminho que leva à Cessação do Sofrimento: "A Senda Óctupla". [...] A Nobre Senda Óctupla - outra daquelas maravilhosas classificações ou categorizações do Senhor Buda. É uma apresentação muito bela, pois pode ser aplicada a todos os níveis. O homem do mundo, mesmo o inculto, pode tomar seus aspectos inferiores e encontrar um caminho para a paz e o conforto através dela (a Senda). E mesmo o mais erudito filósofo pode também aceitá-la e interpretá-la no seu nível e aprender muito com ela.

O primeiro passo nesta Senda Óctupla é a Reta Crença. Algumas pessoas objetam a esta qualificação, pois dizem que exige delas algo como uma fé cega. Não é nada disso o que é requerido, é antes a exigência de um certo conhecimento sobre os fatores que governam a vida. Exige que entendamos um pouco do Esquema Divino até onde ele se aplica a nós, e se não podemos ver por nós mesmos, devemos aceitar o que nos dão. [...] É bem verdade que as escrituras e religiões diferem, mas os pontos em que todas concordam têm de ser aceitos por uma pessoa antes que ela possa entender a vida o bastante para viver feliz. Um destes pontos é a eterna Lei de Causa e Efeito. Se uma pessoa vive sob a ilusão de que pode fazer tudo o que quiser, e que os efeitos de suas ações jamais voltarão para ela, certamente descobrirá que algumas destas ações eventualmente a envolverão em infelicidade e sofrimento. Se, ainda, ela não entende que o objetivo da vida é o progresso, que a Vontade de Deus para ela é que ela cresça para ser algo melhor do que é agora, então ela atrairá infelicidade e sofrimento para si mesma, pois provavelmente viverá apenas o lado inferior da vida, e este lado jamais pode, em última análise, satisfazer o homem interno. [...]

O segundo passo da Nobre Senda Óctupla é o Reto Pensamento. [...] Devemos ter sempre como pano de fundo em nossas mentes pensamentos belos e elevados, ou senão estas mentes poderão se encher de pensamentos sobre os assuntos cotidianos comuns. Não haja enganos aqui - qualquer trabalho que estivermos fazendo deve ser feito completa e diligentemente, e com a concentração de pensamento que for necessária para seu acabamento perfeito. [...] Aqueles que se devotam ao Mestre procuram sempre manter o pensamento naquele Mestre como o cenário de suas mentes, de modo que quando há um momento de pausa na ação no mundo de imediato aquele pensamento nele vem para a frente e ocupa a mente. Imediatamente o discípulo pensa: "O que posso fazer para tornar minha vida como a do Mestre? Como posso melhorar a mim mesmo para que possa mostrar a beleza do Senhor para aqueles ao meu redor? O que posso fazer para colaborar em seu trabalho de ajudar as outras pessoas?" Uma das coisas que todos podemos fazer é enviar pensamentos de ajuda e simpatia. Lembremos, ainda, que o Reto Pensamento deve ser definido e não fragmentário; pensamentos que demoram só um momento sobre uma coisa e então voam instantaneamente para outra são inúteis, e não ajudarão em nada no aprendizado de como administrar nossos pensamentos. O Reto Pensamento jamais deve ter o menor toque de mal em si, nem deve ser de modo algum dúbio. [...] Há um outro significado no Reto Pensamento, e é o de pensamento correto - isto é, que devemos pensar apenas na verdade. Tantas vezes pensamos inverdades e maldades sobre pessoas apenas por causa de preconceitos ou ignorância. [...]

O terceiro passo é a Reta Fala. Devemos falar sempre sobre coisas boas. Não nos compete falar sobre as más ações alheias. Na maioria dos casos as histórias que nos chegam sobre as outras pessoas não são verdadeiras, e assim se as repetirmos nossas palavras serão inverídicas, e estaremos fazendo mal a nós mesmos e à pessoa de quem falamos. E mesmo se a história é real ainda é errado repeti-la, pois não podemos fazer nenhum bem a ela dizendo mil vezes que ela procedeu mal; a coisa mais gentil que podemos fazer é não dizermos nada. [...] Além disso, a fala deve ser gentil, e deve ser direta e conveniente, jamais tola. Uma grande parte do mundo vive sob a ilusão de que deve manter conversações, que é excêntrico ou descortês não estar perpetuamente tagarelando. [...] Lembremos que quando Cristo andou pela Terra, deixou um mandamento bastante claro de que a pessoa seria responsabilizada por toda palavra ociosa que proferisse. [...]

O quarto passo é a Reta Ação. De imediato vemos que estes três passos necessariamente seguem-se um ao outro. Se pensamos sempre coisas boas, certamente não falaremos coisas más, pois falamos o que existe em nossas mentes, e se nosso pensamento e fala são bons, então a ação que segue será boa também. A ação deve ser rápida, mas ao mesmo tempo ponderada. [...] Aprendamos a pensar agilmente e a agir com presteza, mas sempre ponderadamente. Acima de tudo, que a ação seja sempre altruísta, que jamais tenha como móvel a menor das considerações pessoais. [...] Devemos ter sempre em mente que nosso pensamento, nossa fala e nossa ação não são meras qualidades, mas sim poderes - poderes dados a nós para uso, uso pelo qual somos os responsáveis diretos. Todos devem ser empregados no serviço, e usá-los de outra forma seria falhar em nosso dever. [...]

O quinto passo é o Reto Meio de Vida. [...] Um Reto Meio de Vida é aquele que não causa mal a nenhum ser vivo. De imediato vemos que esta regra baniria ofícios tais como o de açougueiro e o de pescador, mas o mandamento vai muito além. Não devemos obter nosso sustento prejudicando qualquer criatura, e portanto vemos logo que a venda de bebidas alcoólicas não é um Reto Meio de Vida. O vendedor de bebidas não necessariamente mata pessoas, mas sem dúvida faz um mal, e vive deste mal que faz aos outros. Esta ideia vai ainda mais longe. Tomemos o caso do mercador que no desempenho de seu ofício é desonesto. Isso não é um Reto Meio de Vida, pois seu comércio não é justo e ele engana as pessoas. [...] Um meio de vida reto pode ser tornar errado se tratado de forma errada. [...]

O sexto passo é Reto Esforço ou Reto Empenho. [...] Não devemos nos contentar em sermos negativamente bons. O que é desejado de nós não é a mera ausência de mal, mas a positiva prática do bem. Quando o Senhor Buda fez aquela maravilhosa e curta apresentação de sua doutrina em um único verso, ele começou dizendo: "Cessa de fazer o mal", mas a seguir ajuntou: "Aprende a fazer o bem". Não é bastante sermos passivamente bons. Há muitas pessoas boas que mesmo assim não conquistam nada. [...] Reto Esforço significa colocarmos nosso trabalho ao longo de linhas úteis, sem desperdiçá-lo. Há muitas coisas que podem ser feitas, mas algumas delas são imediatas e mais urgentes que as outras. Devemos olhar em torno e procurar onde nosso esforço seja mais útil. [...]

O sétimo passo é a Reta Memória, ou Reta Lembrança. [...] A Reta Memória de que muitas vezes falou o Senhor Buda foi tomada pelos seus seguidores como a lembrança das encarnações passadas, um poder que ele possuía plenamente. [...] A maioria de nós, contudo, não tem o poder de lembrar as suas vidas passadas; mas com isso não devemos pensar que o ensinamento sobre a Reta Memória não se aplica a nós. Primeiramente ela significa auto-recolhimento. Significa que devemos lembrar todo o tempo quem somos, qual é nosso trabalho, qual é o nosso dever, e o que deveríamos estar fazendo pelo Mestre. Então mais uma vez Reta Memória significa o exercício de uma escolha razoável sobre o que devemos lembrar. Todos nós já experimentamos coisas agradáveis em nossas vidas, e também coisas desagradáveis. Uma pessoa sábia cuidará de lembrar as coisas boas, e deixará que as ruins feneçam. Suponhamos que alguém venha e nos fale com grosseria; uma pessoa tola lembraria disso por semanas, meses e anos, e continuaria a dizer que tal pessoa lhe tratou mal; isso se agravará em sua mente. Mas que bem lhe trará? Obviamente nenhum, só a aborrecerá e manterá vivo em sua mente um mau pensamento. Certamente isso não é Reta Memória. Devemos imediatamente esquecer e perdoar o mal que nos fazem, mas devemos manter sempre na mente a gentileza que recebemos, pois isso encherá nossa mente de amor e gratidão. Com certeza todos havemos de ter cometido muitos erros, é bom lembrarmos deles para que não os repitamos, mas ir além disso e os ficar remoendo, sempre enchendo nossa mente de remorso e tristeza por sua causa não é Reta Memória. [...]

O oitavo e último passo é chamado de Reta Meditação ou Reta Concentração. Ele se refere não só à meditação habitual que realizamos como parte de nossa disciplina, mas também que ao longo de todas as nossas vidas devemos nos concentrar no objetivo de fazermos o bem e de sermos úteis e prestativos. [...] Não podemos manter nossas consciências sempre fora do plano físico. Lá nos níveis superiores, porém é possível viver uma vida de meditação no sentido de que as coisas superiores estejam sempre tão poderosamente presentes no pano de fundo de nossas mentes que, assim como eu falei sobre o Reto Pensamento, elas de pronto passem para o primeiro plano quando a mente não se encontrar ocupada com outra coisa. Nossa vida então será de fato uma vida de meditação perpétua sobre os objetos mais nobres e elevados, interrompida aqui e ali pela necessidade de colocar nossos pensamentos em prática da vida diária. Um tal hábito de pensamento nos influenciará de mais maneiras do que imaginamos a princípio. O semelhante atrai o semelhante; duas pessoas que adotam tal linha de pensamento logo se encontrarão, sentirão atração uma pela outra [...]. Além disso, aonde quer que andemos seremos rodeados de multidões invisíveis, Anjos, espíritos da Natureza e pessoas que já deixaram seus corpos físicos. A condição de Reto Pensamento atrairá para nós os melhores tipos dentre aquelas classes de seres, de modo que aonde formos seremos rodeados por influências boas e nobres.

Este é o ensinamento do Senhor Buda assim como ele o deu naquele primeiro Sermão; é sobre este ensinamento que está fundado o Reino universal da Retidão, cujas Rodas de sua Carruagem Real ele colocou em marcha pela primeira vez naquele Festival de Asala há tantos séculos passados. Quando, no longínquo futuro, chegar o tempo do advento de um outro Buda, e o atual Bodhisattva encarnar pela última vez a fim de dar este grande passo, ele pregará a Lei Divina para o mundo na forma que lhe parecer mais adequada para as necessidades daquela era, e então o sucederá em seu posto o Mestre Kuthumi, que se transferiu para o Segundo Raio a fim de assumir a responsabilidade de se tornar o Bodhisattva da sexta Raça-Raiz.



Charles W. Leadbeater




Fonte: Excertos do livro "Os Mestres e a Senda"
Da edição espanhola "Los Maestros y el Sendero", traduzida do inglês por Frederico Climent Terrer, e para o português por este blog. Ediciones EISA, Biblioteca Orientalista, Mexico, D.F., 1956
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/buda-medita%C3%A7%C3%A3o-relaxamento-meditar-709880/

A LUA CHEIA DE GÊMEOS


Na Lua Cheia de Gêmeos ocorre  o Festival ou comemoração também referido como:

FESTIVAL DE MAITREYA
FESTIVAL DE CRISTO
FESTIVAL DE ASALA
FESTIVAL DA HUMANIDADE
FESTIVAL DA BOA VONTADE
FESTIVAL DO ESPÍRITO SANTO

Este Festival, culminante na Lua Cheia de Gêmeos, honra a Cristo e celebra o potencial da humanidade para resolver a dualidade e gerar boa vontade. Num ato supremo de invocação, neste dia o Cristo representa toda a humanidade. Ele clama pela unificação do espírito humano: alma e personalidade, eu superior e eu inferior, fundidos em "um novo ser humano", como a Bíblia o chama.

A realização significativa de Cristo no passado foi sintetizar ambos os aspectos do ser. A unificação é necessária hoje mais do que nunca, porque, como Alice Bailey aponta, toda a família humana está dividida na rocha da dualidade. Seja porque a personalidade é dual – e portanto incontrolável – ou porque grupos e nações se dividem em campos opostos, a dualidade ressurge em dinâmicas e intensas dificuldades.

A Sabedoria Eterna oferece o pensamento inspirador de que a unificação é o tema básico do nosso planeta. “O objetivo de todas as coisas é se unir. A unificação das múltiplas partes separadas é a tônica do nosso sistema.” A ilusão de que alguém está sozinho, separado e independente de tudo o mais, é o único mal verdadeiro, o único pecado real.

À medida que homens e mulheres de boa vontade se unem com maior intensidade, a energia da contraparte espiritual superior da boa vontade, que é a vontade para o bem, se faz sentir. Isso segue a lei segundo a qual o menor invoca o maior. Os fatores superiores são evocados e respondem de acordo com a medida de compreensão e tensão dinâmica exibida por aqueles que fazem o chamado invocativo, e isso, em resumo, é o impulso esotérico por trás do Festival de Unificação de Gêmeos. Esta é uma das razões pelas quais o Dia Mundial da Invocação é celebrado neste dia e somos convidados a fazer tudo ao nosso alcance para promover o uso mais amplo possível de "A Grande Invocação".

Nota-Chave: "RECONHEÇO MEU OUTRO EU E NA CONQUISTA DESSE EU, CRESÇO E BRILHO."

Às vezes, Gêmeos é referido como "a constelação da resolução da dualidade na síntese fluida". Governando, como o faz, todos os pares de opostos do zodíaco, ele preserva a interação magnética entre eles, mantendo-os fluidos em seus relacionamentos, a fim de eventualmente facilitar sua transmutação em unidade, pois ambos devem finalmente se tornar Um. Você tem que lembre-se que - do ponto de vista do desenvolvimento final dos doze poderes zodiacais - os doze opostos devem ser transformados nos seis fundidos, e isso é produzido pela fusão dos pares de opostos na consciência.

Na época de cada Festival da Lua Cheia, a energia qualificada pela constelação influencia o fluxo periódico dentro do alcance da consciência humana, estabelecendo os atributos divinos na consciência da humanidade. Este influxo espiritual pode ser canalizado através da meditação para as mentes e corações de todas as pessoas. A técnica da meditação rege todas as expansões da consciência, todo registro do Plano ou Propósito e todo o processo de desenvolvimento evolutivo.

Como Festival de Asala é conhecido como o Festival da Boa Vontade, pois representa o espírito da humanidade que anseia se harmonizar com a Vontade Divina, que é o aspecto do Amor que Jesus, o Cristo propagou e do qual Ele é a expressão perfeita. É  o dia em que a natureza Divina do homem é reconhecida e em que são realçados o Seu poder de expressar a Boa Vontade e de estabelecer corretas relações humanas. Asala significa mês de junho, a data em que o Senhor Buda pronunciou o Sermão aos seus discípulos, apresentando as "Quatro Nobres Verdades".

É o terceiro e último dos principais festivais é o que ocorre na Lua Cheia, no signo de Gêmeos. É o festival do Espírito Santo no qual a humanidade aspira alcançar o Divino (Santo Espírito). Mais do que em qualquer outro dia do ano, as forças e energias de Reconstrução estão presentes, atuando com a máxima intensidade.

Neste Festival comemora-se ainda o aniversário do notável Sermão pronunciado pelo Senhor Buda a seus discípulos, anunciando-lhes o descobrimento da Verdade. Este Sermão é chamado comumente de Sutt Dhammachakkappavattana, cuja tradução significa colocação em movimento das “Rodas da Régia Carruagem do Reino da Retidão” e que nos livros budistas é simplificado para o Giro da Roda da Lei. Neste Sermão, Buda Gautama apresentou as Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho que explicam as causas das dificuldades humanas e apontam os meios pelos quais essas dificuldades podem ser solucionadas.

Devido a este singular alinhamento, este Festival do Cristo de precipitação e distribuição de energia é celebrado também como Dia Mundial da Invocação, durante o qual inúmeras pessoas utilizam a oração mundial, "A Grande Invocação". Isto estabelece um campo de força invocativo e magnético que dirige, literalmente, as energias de luz, amor e vontade-para-o-bem diretamente à consciência da humanidade, impactando todos os corações sensíveis e todas as mentes abertas, produzindo efeitos planetários.

Esta Invocação é o Mantra do próprio Cristo, o programa do Plano para a humanidade e uma fórmula de dirigir energias ao campo da percepção humana. É efetiva porque é empregada como uma fórmula de energia por todo o planeta, em todos os níveis de consciência humana e em toda a Hierarquia. À medida que são usadas estas três energias básicas -- LUZ, AMOR e VONTADE-PARA-O-BEM -- que estão corporificadas na Invocação, fluem e se misturam com as forças de reconstrução e com todas as energias disponíveis através do Cristo, neste festival anual de Gêmeos.



Fontes:
Fundação Lucis Trust - https://www.lucistrust.org/
"Os Trabalhos de Hércules", de Alice A. Bailey
https://www.lucistrust.org/es/resources/festivals/gemini_2

quinta-feira, 1 de junho de 2023

O PODER DA LINGUAGEM E O SILÊNCIO


O Abba Hyperichio, um dos Padres do Deserto, disse: "É melhor comer carne e beber vinho do que comer a carne dos irmãos que os caluniam".

A fofoca e a calúnia eram altamente desaprovadas, porque eram uma forma de julgar os outros. Mas havia também outro motivo importante: os eremitas do deserto estavam convencidos do poder da linguagem para curar ou ferir as pessoas. Devemos lembrar que no século III ainda havia, em grande medida, uma cultura oral. As palavras expressas oralmente eram consideradas uma arma muito poderosa, especialmente aquelas que vinham das Escrituras e as ditas pelos Abbas e Ammas (Pais e Mães - Padres e Madres). Os Padres e Madres do Deserto só usavam palavras críticas quando se dirigiam aos jovens eremitas, para corrigir seu comportamento e alinhá-lo com as bem-aventuranças.

Eles eram "puros de coração"; por trás de suas palavras e comportamentos não havia sentimentos ou motivos inconscientes egocêntricos. Portanto, as palavras que eles usaram eram palavras com poder porque curavam e renovavam a vida. Eles também estavam bem cientes do dano que uma palavra poderia causar. Eles consideraram cuidadosamente quando falar e quando ficar em silêncio. Daí a importância que atribuíam ao silêncio em geral e o conselho de não falar se não fosse necessário. Eles evitavam conversas descuidadas e prejudiciais e permitiam que palavras de sabedoria surgissem. Embora já não vivamos numa cultura oral, também nós sabemos o poder que uma palavra encorajadora ou depreciativa pode ter para todos aqueles que nos acompanham no caminho espiritual.

Uma razão importante pela qual eles usassem uma palavra de crítica ou admoestação era quando as Sagradas Escrituras estavam envolvidas. A maior parte do conhecimento dos Padres e Madres do Deserto vinha da escuta da Palavra das Escrituras na “synaxis”, reunião semanal realizada pelos monges. Há uma história sobre um irmão que se distraiu momentaneamente e se esqueceu de dizer algumas palavras do Salmo que estava recitando. Um monge idoso aproximou-se dele e disse: "Irmão, onde estavam seus pensamentos que você esqueceu de pronunciar o salmo durante a sinaxis? Você não sabe que estava na presença de Deus e falava com Ele?"

A meditação, repetindo certas palavras das Escrituras, recitando-as de memória, ajudava os monges a lidar com seus pensamentos e tentações, seus próprios "demônios" internos. Muitas vezes, eram invadidos por lembranças de sua vida anterior, remorsos por atos cometidos no passado ou por boas ações que não haviam praticado.

A frase que Juan Cassiano aconselhou: "Oh, meu Deus, ajuda-me, vem depressa em meu socorro" foi para ele como "uma parede intransponível, uma armadura impenetrável e um escudo forte". Ele enfatizou isso: "Você deve constantemente pronunciar este versículo em seu coração. Você não deve parar de repeti-lo enquanto trabalha ou viaja. Diga isso enquanto dorme, enquanto come e até mesmo quando atende às necessidades básicas da vida."

As Sagradas Escrituras eram o fundamento de suas vidas. Quando alguns monges foram perguntar a Santo Antônio como deveriam viver, ele lhes disse: "Se vocês ouvirem as palavras das Escrituras, aprenderão como".

Também nós podemos aprender com as palavras de Jesus no Evangelho. Seja lendo-as depois da nossa meditação ou, melhor ainda, através da Lectio Divina beneditina (Leitura Divina), selecionando uma passagem, lendo-a devagar e prestando atenção às palavras que pronunciamos. Laurence Freeman disse que, ao fazer isso, "nós lemos o Evangelho e permitimos que o Evangelho nos leia".



Kim Nataraja




Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/p%C3%B4r-do-sol-mar-mar-b%C3%A1ltico-1342101/

O QUE LEVAREMOS PARA O OUTRO MUNDO?


Calculai o tempo que passais diariamente a comer e a dormir – o que é útil, obviamente –, mas também a falar dizendo o que é divertido ou a ocupar-vos de futilidades. Assim passais os anos, longe da verdadeira vida, da vida com Deus. Que desperdício! E, quando chegar o dia de deixardes a Terra, partireis pobres e nus. Compenetrai-vos bem do seguinte: ao deixardes a Terra, só podereis levar, como pedras preciosas, as vossas virtudes, como ouro, o vosso próprio saber, e como joias, os enfeites da vossa alma. Sereis como aquelas pessoas que, expulsas das suas casas, obrigadas a deixar as suas terras, os seus lares, os seus móveis, abrem os cofres às pressas, para levarem o ouro e as joias, as únicas coisas que lhes permitirão sobreviver. De igual modo, quando a morte chega, ninguém pode levar os seus bens para o outro mundo, só se pode lançar mão às qualidades e às virtudes, todo o resto tem de ficar para trás. Portanto, a partir de hoje procurai perceber se possuís ouro e pedras preciosas verdadeiras.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 30 de maio de 2023

MÊS DE GÊMEOS

Gêmeos e Aquário representam o centro da garganta no homem.

A respiração, inspiração e expiração, é regida por Gêmeos.

Quando a consciência nos penetra, a respiração não é mais experienciada e atingimos o estado de equilíbrio em que a força prânica flui constantemente. Neste estado, deixa de existir a alternância de opostos. Esta é uma expressão de Aquário.

Gêmeos é representado pelo símbolo maçônico de um homem branco e um mulher negra, Yin e Yang na natureza, a dualidade tal como podemos percebê-la.

Quando falamos e nos comunicamos, projetamos nossa personalidade no mundo. Nesse momento, deixamos de SER, e nos TORNAMOS um reflexo. O tempo é inútil quando SOMOS, mas torna-se um veículo e tem um propósito para o homem interior já que este se manifesta nos três mundos através do pensamento, da fala e da ação. A experiência é fruto do nosso trabalho nos três mundos da existência humana. Ao longo da experiência de vida, nasce o discernimento, o desapego, a aceitação, a resistência, a intuição e a compaixão, e somos capazes de nos estabelecer no centro da garganta. Estas são as propriedades divinas de Mercúrio, que é o regente de Gêmeos. Lentamente, o discípulo experimenta que suas opiniões sobre si mesmo e sobre os demais perdem sua posição dominante e a vida é aceita tal como ela o é. É então quando podemos nos firmar no SER e experimentar os frutos do nosso trabalho. Isso é o que definimos como Consciência Búdica. O discípulo, então, agora, começou a construir a Ponte ou o Antah-Karana-Sarira que existe no cérebro como uma conexão sutil entre a glândula pineal e o corpo pituitário.



Heinrich Schwägermann Lorenzen




Fonte: Circular de Vaisakh, Carta no 2, ciclo 37, del 21 de mayo al 21 de Junio de 2023
World Teacher Trust – España
www.wttes.org
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/signos-do-zod%c3%adaco-s%c3%admbolo-3231780/

MEDITAÇÃO E PURIFICAÇÃO DO CORAÇÃO


O rígido sectarismo de alguns líderes religiosos está levando muitos cristãos a encontrar uma expressão mais verdadeira dos ensinamentos de Jesus na antiga sabedoria contemplativa. Para muitos, vale a pena acreditar em uma doutrina, - mesmo quando se trata do inefável -, não só porque afirma ser verdadeira, mas porque nos ajuda a manter nossas crenças, além do mero "consumo". No entanto, nenhuma crença pode ser mantida com convicção, exceto a certeza da fé que vem com esperança e amor.

A certeza do fundamentalista deve ser banida e devemos permitir que a dúvida surja para que possamos questionar tudo. Nossa experiência dessa morte da certeza também leva à morte do desejo – o desejo egoísta de querer estar certo, estar seguro e ser melhor do que os outros. Essa morte representa nossa participação na Cruz. O renascimento do desejo que ela traz é o desejo transformado que brota de um coração puro na visão de Deus. Esse “desejo por Deus” não é como qualquer outro desejo que já sentimos. Como disse São João Clímaco “feliz é a pessoa cujo desejo por Deus se tornou a paixão de um amante por sua amada”. Nunca se esgota, nem nos leva a abusar dos outros para alcançá-lo. É, ao mesmo tempo, o desejo e a liberação do desejo tal como o experimentamos antes.

A meditação nos leva à purificação do coração e à morte do desejo. Assim como há um nascimento para cada morte, também a regeneração do desejo leva ao desejo de Deus. Não é o desejo de um objeto ou da própria satisfação. Mas é um desejo de felicidade: nunca poderíamos desejar ser infelizes. O desejo de Deus é o desejo de nossa felicidade cumprindo o mandato do amor. Este mandamento nos diz que o único desejo que nos fará verdadeira e profundamente felizes é o desejo da felicidade do próximo.


Trecho de “Dear Friends”, escrito por Laurence Freeman, OSB, no Boletim da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã (inverno de 2000).


Transcrição de Carla Cooper



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
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A MEDITAÇÃO E O APOSENTO SECRETO


Meditais, por exemplo, acerca de verdades sublimes que não conseguis captar, e eis que ao fim de algum tempo conseguis compreendê-las. O que se passou? De onde veio essa compreensão?... O vosso espírito já a possuía desde sempre, mas era um domínio ao qual a vossa consciência ainda não tinha tido acesso. Porque o homem, que não sabe o que se passa no seu subconsciente, também não sabe o que se passa no Alto, no Céu, no seu Céu, no seu espírito, a superconsciência.

Podeis fechar-vos quantas vezes quiserdes entre as quatro paredes de um quarto e aí orar; se não tiverdes amor pelo Senhor, se não conseguirdes atingir esse estado de fervor que é próprio da oração, não podereis encontrar esse aposento secreto nem entrar nele. O aposento secreto é o estado de grande concentração, de paz, de silêncio interior, em que todo o resto se extingue, em que não existe mais nada senão a vossa oração, a vossa palavra interior que percorre o espaço. Nesse momento, mesmo se não souberdes que estais nesse aposento secreto, vós estais lá realmente.

O aposento secreto é um símbolo magnífico e de uma grande profundidade, que era certamente conhecido muito antes de Jesus. Todos os Iniciados e místicos sabem que para orar é preciso entrar nesse aposento interior, porque no exterior o Céu não os ouvirá. Por quê? Imaginai que estais na rua e que quereis falar a um amigo que se encontra noutra cidade: não podereis fazê-lo, a menos que entreis numa cabine telefônica, porque há lá um aparelho onde marcareis um número e estabelecereis a comunicação. Se ficardes na rua, por mais que griteis, por mais que berreis, o vosso amigo não vos ouvirá. Da mesma maneira, para sermos ouvidos pelo Céu, é preciso que entremos nesse aposento secreto de que falava Jesus, porque ele também está equipado com "aparelhos telefônicos" que permitem comunicar com os mundos superiores.

Mas aprofundemos mais ainda esta comparação: quando entrais numa cabina telefônica, fechais a porta para poder escutar e falar sem barulhos. De igual modo, esse aposento secreto deve estar silencioso, porque não é com barulho que se faz o trabalho espiritual.

Devemos, pois, compreender que existe em todos os seres um lugar muito silencioso em que eles devem penetrar fechando a porta atrás de si. Fechar a porta quer dizer não deixar entrar pensamentos e desejos estranhos à oração, senão haverá parasitas na vossa comunicação com o Céu e não obtereis resposta. Só no aposento secreto é que a comunicação pode passar correctamente: Vós falais e ouvis; dirigis um pedido ao Céu e recebeis uma resposta. Se não conseguirdes captar o que vos dizem é porque vos esquecestes de fechar a porta ou não conseguistes acalmar o tumulto dos vossos pensamentos e dos vossos sentimentos.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: Publicações Maitreya, Porto, Portugal
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sábado, 27 de maio de 2023

PENTECOSTES - ESPÍRITO SANTO - PARÁCLITO


A característica mais proeminente do terceiro aspecto da Santíssima Trindade com relação a nós é a de Encorajador. Esse é o real significado da palavra Paráclito, que é muito frequentemente empregada referindo-se a Ele, e muitas vezes traduzida no Novo Testamento como o Consolador. Essa palavra é derivada de um termo grego, cujo sentido principal é animar ou encorajar. Em verdade, ela também pode ter para nós o significado de "consolar" porque, se um homem está triste ou em dificuldade, animá-lo significa de fato consolá-lo. Sem dúvida, Ele é um conforto para Seu povo quando este se encontra triste ou com problemas, mas Ele é muito mais do que isso, pois seja qual for o estado em que possam estar, em qualquer ponto do berço ao túmulo, Ele está constantemente nos encorajando e fortalecendo, animando e estimulando para o melhor e o mais elevado.

Deus Espírito Santo habita sempre dentro de nós; Ele está sempre perto quando O chamamos; Sua força é vertida sobre nós sempre que nos dirigirmos a Ele para obter ajuda e encorajamento. Ele é Deus Encorajador, Deus Fortalecedor, sempre trabalhando dentro de nós em direção à retidão.

Todo o objetivo do homem, tendo vindo do divino, é ascender de volta à sua origem; no curso dessa constante evolução, quando ele entra em contato com o divino, é natural que ele deva entrar em contato primeiro com o ponto inferior. Usamos a expressão "inferior" sem qualquer sentido de comparação ou implicação de maior ou menor. Mas é verdade que o Espírito Santo incide mais profundamente em nosso mundo do que as outras Pessoas, e, portanto, é com Ele que o homem que começa a ser mais que homem entra primeiro em contato, na parte superior do plano mental. Ele se faz uno com Deus nesta, se assim podemos chamar, mais externa manifestação da Deidade. Isso é ilustrado no drama do Cristo quando o Senhor ascende ao Céu.

Quando um homem abandona as etapas da humanidade comum, ele se eleva ao estágio ulterior à humanidade e se torna uno com Deus - ele ascende ao Céu e senta à direita do Pai. Mas imediatamente após o Festival da Ascensão vem o Festival de Pentecostes, que celebra a efusão do Espírito Santo. O Adepto, depois de ter passado além da humanidade comum, verte sobre seus amigos e discípulos o poder da luz e da vida divinas - verte a si mesmo como o fogo Divino, sendo esse um termo com frequência aplicado ao Espírito Santo. Ele também é às vezes denominado a Chama de Deus ou o Fogo do Amor Divino, porque Ele é especialmente uma manifestação daquele amor que é a própria vida de Deus. Seu símbolo é o fogo - uma ilustração muito hábil do amor incandescente muito acima de toda a paixão ou emoção terrena, daquele maravilhoso amor espiritual que, na mais verdadeira alquimia, queima toda a impureza, tudo o que não é bom, tudo o que não é parte do supremo, tudo o que não consegue manter-se na chama de seu fogo consumidor.



Charles W. Leadbeater




Fonte: do livro "A Gnose Cristã"
Ed. Teosófica, Brasĺia/DF
Tradução de Ieda Pezzi
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PENTECOSTES: O MERGULHO NO ESPÍRITO SANTO


O dia de Pentecostes é celebrado imediatamente após a Ascensão e é uma festa para envolver-se com o Espírito Santo. Yeshuah diz: “A paz que está com você é a minha paz que eu dou a você”. Quando Yeshuah volta ao Pleroma, a imagem da Pomba que vem das alturas nos concebeu a promessa de sua paz. O Espírito Santo é sempre a Presença feminina de Deus, também chamada Shechinah no misticismo hebraico. É a realização do caráter secreto da vida, porque por meio de sua forma mais santa de poder, toda a vida se torna sagrada. Este dia é uma das primeiras datas para a cerimônia de Confirmação, Iniciação de fogo e função intuitiva. Esta é a data que também coincide com Shavuot, a Festa hebraica que comemora a entrega da Lei (Torá) a Moisés.

LEITURAS

(At 2,1-11) 1Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. 3Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. 4E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimissem. 5Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos vindos de todas as nações que há debaixo do céu. 6Com o ruído que se produziu a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. 7Estupefatos e surpresos, diziam: "Não são, acaso, galileus todos esses que estão falando? 8Como é, pois, que os ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? 9Partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10da Frigia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia próximas de Cirene; romanos que aqui residem; 11tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, nós os ouvimos apregoar em nossas próprias línguas as maravilhas de Deus!"

(1Cor 12,3b-7;12-13) 3Ninguém pode dizer: "Jesus é Senhor" a não ser no Espírito Santo. 4Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; 5diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; 6diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. 7Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. 12Com efeito, o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo. Assim também acontece com Cristo. 13Pois fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres, e todos bebemos de um só Espírito.

(Evangelho de Tomás/Tomé 29) Disse Jesus: Se a carne foi feita por causa do espírito, é isto maravilhoso. Mas, se o espírito foi feito por causa do corpo, é isto a maravilha das maravilhas. Eu, porém, estou maravilhado diante do seguinte: Como é que tamanha riqueza foi habitar em tanta pobreza?

COMENTÁRIO

A linguagem das festividades da Ascensão e Pentecostes é exclusiva de Lucas e as duas festividades constituem um único ato, que não pode ser visto separadamente: O INÍCIO DA IGREJA.

Lucas, que é um escritor muito habilidoso, fez a festa coincidir com a antiga festa pré-existente, o Pentecostes judaico, dando-lhe uma nova dimensão e significado. A festa de Pentecostes era a FESTA DOS FRUTOS ou da COLHEITA. Os judeus comemoravam também a festa da RECEPÇÃO DA LEI (Aliança), a Torá, que os constituiu como "Povo de Deus".

Lucas procura fazer-nos ver que o Espírito Santo é o «fruto» autêntico e definitivo da vida de Jesus, ou seja, a vida de Jesus não deve ser entendida apenas como sua experiência, mas como experiência que se "projeta" para toda a Humanidade, constituindo-a no novo e definitivo "Povo de Deus".

"Pentecostes" significa "50". Na linguagem popular, os números são carregados de simbolismo. "cinquenta" manifesta um novo começo que é o resultado de uma plenitude. Os "frutos" são também "sementes" de nova vida. "50" sugere a continuação da PLENITUDE já expressa no "7". 7 × 7 = 49: é a PLENITUDE. Então vem o "50", que recomeça a partir da PLENITUDE. A cada 50 anos a vida do povo se renova. (Ano jubileu - Levítico 25,10). Israel, como o "Povo Escolhido", atinge sua plenitude em Jesus Cristo. No novo Pentecostes reinicia o "Povo Eleito", só que agora universal e definitivo.

A UNIVERSALIDADE é uma característica marcante deste Novo Povo, expressa pelo simbolismo das linguas. "Residiam em Jerusalém judeus devotos de todas as nações debaixo do céu." Com a recepção do Espírito Santo descobrem que "todos se entendem". É a correção do que aconteceu quando a humanidade, na ânsia de "ser como os deuses", quis construir uma torre "que alcançasse o céu". A "Torre" simboliza "Poder", e o poder é inútil para o entendimento." A Torre de Babel é uma história mítica para expressar a diversidade de línguas, que impede que as pessoas compreendam-se umas às outras. E como não se entendiam, dispersaram-se.

O novo Pentecostes muda esta situação. Congrega a todos. As línguas tocam a cada pessoa da nova comunidade. São línguas vivas, de fogo. Graças a essas línguas, todos se entendiam e eles ouviram "as maravilhas de Deus proclamadas em suas próprias línguas". O que impede a compreensão não é a variedade de idiomas, mas a busca pelo poder ("torre"). Se o Espírito nos abre ao Amor, a variedade de idiomas não é um problema.

De fato, o Espírito repousa sobre todos. Além disso, nos outros Evangelhos, Jesus dá o Espírito a todos os discípulos... Sem distinção... Se continuássemos lendo veríamos como Pedro toma a palavra e dirige um discurso em que tenta explicar a cena que foi vivenciada. É que, para alguns, nunca parecia muito bom que o Espírito atuasse em todos igualmente.

Vimos o que diz São Paulo aos Coríntios na sua primeira Carta da Leitura escolhida para hoje: O Espírito nos dá a todos os seus dons, a cada um de uma maneira diferente. Recomenda-se a leitura capítulo 12, onde o apóstolo que caiu do cavalo explica as diferentes formas que o Espírito Santo deve agir em nós. Aqui devemos mencionar aqueles vícios que surgiram ao longo dos anos, consistindo em confundir universalidade com uniformidade e confronta-os precisamente com esta carta de São Paulo.

Infelizmente, os homens, perdidos pelo desejo de poder e riqueza, reconstruíram a TORRE DE BABEL e nós a instalamos no coração do Império ou dos Impérios. Felizmente, o Espírito Santo continua a agir nos corações dos homens justos e a verdadeira Igreja de Cristo nunca cessou de estar na Terra, porque ela veio estabelecer-se com força para sempre. Parafraseando o apóstolo Tomé, Jesus admirou-se que esta grande riqueza viesse ficar nesta grande pobreza.

ORAÇÃO

Deus nosso, que pelo mistério desta festa santificas a tua Igreja estendida entre as nações, derramai sobre toda a Terra os dons do Espírito Santo e infundi nos corações dos vossos fiéis as maravilhas que obrastes no início da pregação evangélica. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, e é Deus, para todo o sempre. Amém.



Fonte: Ekklesia Gnostica Apostolica Rosae+Crucis
Capilla de la Magdalena
Albons (Girona) España
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AMOR: A MAIS TEMÍVEL DAS ARMAS


Quando têm problemas a resolver, os humanos não pensam em utilizar o método do amor, porque não acreditam na sua eficácia. Contudo, um dia serão obrigados a reconhecer que o amor é a mais temível das armas, perante a qual toda a gente é forçada a capitular. Diante do verdadeiro amor, o inimigo não tem qualquer possibilidade de escapar: mais cedo ou mais tarde, é apanhado. Equipai-vos, então, com as armas do amor e vereis que ninguém poderá resistir-vos; e nunca sereis acusados por terdes querido utilizar tais armas. Se achardes que elas não são suficientemente eficazes, é porque o vosso amor não é suficientemente poderoso. Reforçai-o, aumentai-o, e vereis que todos serão obrigados a render-se.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

COMO MOSTRAMOS OS NOSSOS CONFLITOS INTERNOS?


Uma das coisas mais difíceis para nós é não julgar os outros; e não só isso, mas também poder não nos julgar. Há um ditado dos Padres do Deserto que assim o expressa: "Os sábios diziam: não há nada pior do que ser julgado."

Os Pais e Mães do Deserto conheciam a mente e o coração de seus semelhantes; eles eram excelentes psicólogos. Eles estavam cientes de que a tendência que temos de fofocar, julgar e criticar os outros é a forma como mostramos nossos próprios conflitos mal resolvidos, que vêm de feridas internas, condicionamentos ou necessidades não satisfeitas: "Ninguém que não feche os olhos para as faltas do próximo é capaz de alcançar a liberdade interior” (Maximus the Confessor).

Esses são sentimentos desconfortáveis ​​que projetamos para fora. Julgamos e criticamos os outros por potencialmente os nossos próprios comportamentos: "Nunca aponte um dedo de desprezo ou julgamento ao seu próximo porque ao apontar para ele, outros três dedos estão a apontar para si" (Coração de Urso - "O vento é a minha mãe").

Essa projeção também nos leva a culpar os outros por nossas próprias falhas, como vemos na história que... transcrevo aqui...:

Um monge que se sentia muito tenso dentro da comunidade e muitas vezes ficava zangado e levado pela raiva, disse a si mesmo: "Vou morar sozinho em algum lugar. Como não poderei falar ou ouvir ninguém, ficarei calmo e, assim, minha raiva desaparecerá”. Ele deixou a cidade e passou a viver sozinho, em uma caverna. Mas um dia, quando ele encheu seu jarro com água e o colocou no chão, ele caiu de repente. Ele o recarregou e novamente ele tombou. Isso aconteceu pela terceira vez e o homem, furioso, agarrou o jarro e o quebrou. Voltando a si, soube que o demônio da ira havia zombado dele, e disse a si mesmo: "Vou voltar para a comunidade. Onde quer que se viva, é preciso esforço e paciência e, acima de tudo, a ajuda de Deus."

Além disso, quando julgamos os outros, os prendemos em uma moldura, impedindo-os de progredir ou crescer aos nossos olhos. Negamos a eles a possibilidade de mudança e os deixamos presos em um determinado momento: Abba Xanthias disse: "O ladrão estava na cruz e foi perdoado por uma única palavra. E Judas, que era um dos apóstolos, arruinou toda a sua obra em uma noite e desceu do céu ao inferno. Portanto, não se exalte quem trabalha bem; todos aqueles que confiavam em si mesmos, caíram" (Histórias dos Padres do Deserto).

O que fazemos aos outros, fazemos constantemente a nós mesmos. A meditação é uma ferramenta para adquirir essa atitude "sem julgamento". No entanto, na meditação, muitas vezes nos julgamos com perguntas como: “Por que minha mente está sempre cheia de pensamentos? Por que não consigo ficar parado?" Não se julgue. Apenas aceite como é. Observe e nomeie o que está passando pela sua mente da forma mais objetiva possível e volte amorosamente ao seu mantra. Torne-se um observador imparcial. Esse foco logo se tornará parte integrante do seu ser e o levará à objetividade, ao desapego e à verdadeira consciência.


Kim Nataraja




Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

VIDA MAIS ABUNDANTE


"Eu vim para que todos tenham vida, que todos tenham vida plenamente" (João 10:10). A palavra "Eu" usado nessa declaração não significa Jesus; nem significa seu professor ou praticante. Este é o seu próprio Eu, o Salvador e Redentor no centro do seu Ser. Portanto, você não ousa ir a Deus por suprimento, porque você já tem o “Eu”, o Espírito de Deus, no meio de você.

“Eu sou a ressurreição” (João 11:25). Essa verdade seria inútil para você se ela se aplicasse somente a Jesus. A verdade é que o poder da ressurreição - a ressurreição do seu corpo, da sua saúde, da sua prosperidade, seu casamento, sua casa ou sua família, está dentro de você. Mas você nunca demonstrará isso, enquanto estiver esperando que venha de alguma fonte fora de você, mesmo que seja de uma pessoa santa, pois o Eu no meio de você veio para que você possa ter vida.

Diga para si mesmo, neste momento, a palavra "Eu", suavemente, gentilmente: Eu, Eu. Esse Eu Verdadeiro no meio de você é a lei da ressurreição. Esse Verdadeiro Ser, essa verdadeira Presença Espiritual de Deus está trabalhando em você para ressuscitar seu corpo, sua saúde, sua família, seu amor, sua carreira. Se você aceitar o testemunho do mundo, quando tiver quarenta e cinco anos, você não será capaz de encontrar emprego, porque o mundo vai alegar que você é muito velho, e quando você tiver sessenta ou sessenta e cinco anos, será aposentado para aguardar a chegada de morte. Aceitando isso, você permite que seja uma lei para você, e então você se torna a vítima das sugestões deste mundo.

Se, no entanto, você entender que Eu, no meio de você, é Deus, então você saberá que esse Eu é a Presença de Deus que veio para que você pudesse ter a vida mais abundante, não a vida até quarenta, cinquenta, sessenta, ou setenta anos, mas a Vida Eterna. O “Eu Sou” vem mesmo para restaurar os anos perdidos na ignorância da verdade de que Deus está no meio de você. O Eu agora se torna uma lei da ressurreição de toda a sua experiência.

É preciso discernimento espiritual para reconhecer que Eu no meio de você é Deus, que a sua função é ser o seu pão, carne, vinho e água, e que ninguém tem que sair para conseguir qualquer coisa, porque você já tem a carne que o mundo não conhece. Toda vez que você é confrontado com uma aparência de esterilidade, vazio, carência ou limitação, abrace esta Verdade para si mesmo, sagrada e secretamente:

Obrigado Pai, eu tenho uma substância divina que o mundo não conhece. Nem a vida nem a morte podem me separar do Amor de Deus - nem vida, nem morte. O lugar onde eu estou é solo sagrado, seja deste lado do véu ou do outro lado, na doença ou na saúde, na pureza ou no pecado. “Eu posso fazer todas as coisas através do Cristo que me fortalece” (Filipenses 4:13).

O Cristo é um nome para o Filho de Deus. O outro nome é “Eu”. Ambos significam a mesma coisa: a Presença, o Poder, a Sabedoria e o Amor de Deus. O Cristo, que é seu Salvador, Ressuscitador e Mediador, é a Presença de Deus que foi estabelecida em você desde o princípio, mas que você tem procurado no mundo exterior.

As pessoas estão buscando a Deus, mudando de uma religião para outra, de um ensinamento para outro, de um professor para outro, até que, finalmente, eles descobrem alguém que dirá a elas: "Mas você tem isso dentro de você! Aquilo que você está procurando, você já traz em seu interior. Isso constitui o seu próprio Ser". Então elas entenderão porque podem viver uma vida de absoluta liberdade em Cristo.



Joel S. Goldsmith




Fonte: do livro "Vivendo Entre Dois Mundos"
Tradução de Giancarlo Salvagni
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O PODER DE CURA DO ESPÍRITO


O poder de cura do espírito segue naturalmente o caminho do espírito.

Não reside entre as paredes dos prédios luxuosos, nem no ouro que cobre as imagens, nem na seda com que se modelam as roupas, nem mesmo no papel dos documentos sagrados, mas vive na inefável substância da mente e no coração dos homens.

Devemos sublimar os instintos de nosso coração e purificar nossos pensamentos.



Dalai Lama




Fonte: do livro "Palavras de Sabedoria"
Ed. Sextante
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VIRTUDES BÁSICAS PARA A PAZ MUNDIAL


Nossa própria santidade deve ser realizada antes que possamos conhecer o Todo no qual nosso ser está e ao qual realmente pertencemos. O grande erro (e o pecado do clericalismo) é fingir compreender o universal antes de chegar ao autoconhecimento. Tentar entender o universal, falar dele e querer controlá-lo são sinais de que ainda não fomos impregnados dele.

O que significa "universal"? Jesus expressou isso como a natureza do amor divino que é dado imparcialmente a tudo o que existe. Assim como o sol brilha tanto para os bons quanto para os maus. Isso significa que Deus está além da moralidade humana. Deus nunca luta do meu lado contra os outros. Como a chuva, o amor divino cai sobre os inocentes e os perversos. Isso significa que a justiça de Deus está além de qualquer tentativa humana de ser justo. É um amor que une o caçador e a vítima. Em primeiro lugar, precisamos experimentar essa universalidade enquanto ela paira sobre nós. Portanto, reduza o ego. Isso nos simplifica. Ele nos eleva acima da complexidade de nossas vidas, derramando-se por todo o nosso ser, desde o âmago mais profundo. Só então estamos realmente acordados.

A paz não se alcança erradicando e destruindo o mal. Quando tomamos consciência de nossos pecados - raiva, orgulho, ganância, luxúria - a tentativa de destruí-los facilmente degenera em ressentimento contra nós mesmos. Afinal, se não podemos amar a nós mesmos, por que nos preocuparmos em amar os outros? Melhor do que destruir os defeitos é trabalhar com paciência para estabelecer as virtudes, um trabalho bem mais lento e menos dramático, mas muito mais eficaz. E ao evitar os perigos da hipocrisia religiosa e da falsa justiça, criaremos um desenvolvimento de personalidade muito mais amoroso.

Escondidas entre todos os nossos defeitos - nossa capacidade para o mal - estão também as sementes de muitas virtudes. É possível que o terrorista tivesse a semente da justiça dentro de si antes de ser tomado pelo sentimento de raiva e pela ilusão de acreditar ser um instrumento da ira de Deus. Quando declaramos guerra a nós mesmos, corremos o risco de causar um enorme dano colateral: a destruição de nossas próprias sementes de virtude. Qualquer tipo de violência é um crime contra a humanidade porque priva o mundo de uma bondade desconhecida.

O primeiro passo para implantar as virtudes que eventualmente dominarão os pecados é estabelecer a virtude fundamental da oração profunda e regular. Por meio desse ritmo de oração silenciosa, a sabedoria penetra lentamente em nossas mentes e em nosso mundo. A sabedoria é o poder universal que traz o bem do mal. Como diz o Livro da Sabedoria, "a esperança da salvação do mundo está no maior número de sábios". O sábio sabe distinguir autoconhecimento de auto-obsessão, desapego de dureza de coração e retidão de crueldade. Não há regras para a sabedoria. As regras nunca podem ser universais. No entanto, a virtude o é.

Trecho de “Dear Friends”, escrito por Laurence Freeman, OSB no Boletim da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã (inverno de 2001).



Carla Cooper




Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ÊXITOS MOMENTÂNEOS


Sempre que fordes vítimas de uma injustiça, não vos deixeis corroer pelo desgosto ou pelo desejo de vingança. Esperai e continuai a trabalhar sobre vós mesmos. Tudo o que é inspirado pelo mundo divino perdurará e, um dia, brilhará em todo o seu esplendor; ao invés, as iniciativas inspiradas por interesses humanos, ainda que tenham êxito momentaneamente, estão condenadas a fracassar, mais cedo ou mais tarde. Deixai, pois, as pessoas afundarem-se no seu próprio pântano, se isso lhes apraz, agindo obstinadamente de modo a afastarem e a excluírem os outros para obterem os melhores lugares para si próprias. Elas vão empobrecer-se e enfraquecer-se, porque ignoram como as leis são terríveis para quem serve a inveja, a falsidade e o ódio. O Céu arranja tudo, a sua força e o seu poder são infinitos. Imperceptível, mas infatigavelmente, ele trabalha, e tudo irá no sentido do bem para aqueles que adotaram na sua vida um ideal sublime, de beleza e de amor, para a vinda do Reino de Deus e da fraternidade ao mundo.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 17 de maio de 2023

A VIDA É UMA SÓ ?

"Nossa vida eterna começou há milênios. Não podemos perdê-la, porque é uma só."

Quando as pessoas fazem essa afirmativa - "A Vida é uma só, é preciso aproveitar" - não imaginam que grande verdade estão dizendo.

A intenção, sabemos, é enfatizar que a vida deve ser vivida em cada minuto, no mundo material. Há que comer bem, passear, crescer socialmente e desfrutar tudo que o mundo oferece. Enfim, como se diz habitualmente, temos de curtir a vida.

Se analisarmos a frase sob a ótica espiritual, constataremos uma outra verdade. A vida é realmente uma só, eterna, que é cumprida em diversas etapas, algumas como encarnados e outras sem o corpo, sem que haja entre elas qualquer interrupção. É o futuro amarrado ao passado. Presos ao que já fomos, tentando nos desvencilhar das algemas da inferioridade para ter alguma alegria.

Estamos na vida eterna desde o nosso nascimento como espíritos simples e sem qualquer conhecimento, quando fomos premiados com o sopro divino e iniciamos nosso processo evolutivo. Já vivemos em mundos primitivos, probatórios e neles ainda continuamos fazendo experiências de crescimento, sempre de conformidade com o nosso atual estado espiritual.

A limitação mental impõe a densidade e determina o mundo onde temos de viver. Por isso temos de nos desprender do mundo material enquanto nele, para viver na espiritualidade divorciados de valores que não terão utilidade. Se enquanto encarnados formos escravos da matéria, seremos dependentes dela mesmo depois de deixar o mundo dos "vivos". Avarentos, gananciosos, sensuais aqui, continuaremos iguais na erraticidade.

A vida é uma só e tem de ser aproveitada. Em cada momento e em cada encarnação - que são minutos espirituais - vamos nos desligando de Mamon e nos aproximando de Deus. Trabalho lento, difícil com quedas e desânimos. Tão duro que vez por outra caímos e abandonamos tudo o que já foi conquistado. Renegamos o esforço feito para subir um degrau e despencamos escada abaixo.

Lembramos São Paulo, quando dizia que a despeito do muito que sabia, quando pensava era só no que aborrecia. Afirmava, porém, que suas quedas não eram a sua derrota.

Em determinadas situações, fatos vistos do ponto de vista material parecem desanimadores. Sofrer, adoecer, morrer, coisas abomináveis. Mas Jesus ensinou na prática a razão de tais ocorrências. Após a cura do paralítico, quando um apóstolo perguntou se estava feliz respondeu que não, porque enquanto doente ele orava a Deus. Agora, curado, está na taverna com mulheres e se embriagando. Só o curou, completou o Mestre, para manifestar-se nele a Vontade do Pai.

A doença é na verdade o remédio. As dores são reguladoras da vida e limitam os excessos que habitualmente cometemos. Por vezes, pior ser curado que continuar doente. Será que compreendemos e concordamos com isso?

Aproveitemos as orientações de Paulo, em seu testemunho. Se Jesus ensinou dando demonstração de fé, Paulo nos encoraja e antes de ser o santo Paulo da igreja, que deixou-se imolar resignadamente, lutou contra as más tendências.

Ainda Saulo, contou com a ajuda do Cristo que o convidou a segui-Lo após o episódio vivido durante a viagem para Damasco. Nós também somos chamados por Jesus, diariamente. Basta aceitar o convite.

Ávida é uma só, é preciso aproveitar, é uma grande verdade. Entretanto, temos de saber o que é aproveitar a vida. De acordo com as nossas preferências, talvez não nos traga bom proveito. Dia desses deixaremos o mundo e seguiremos para lugares desconhecidos, onde teremos de continuar, enfrentando a razão e a sabedoria das Leis. Poderemos ficar totalmente desajustados se, enquanto na carne, não nos desligarmos dela.

Temos o mundo material ao nosso dispor para as experiências necessárias. Uma vez fora dele, ficamos escravos das próprias realizações, o que poderá, dependendo dos nossos atos, ser motivo para grande sofrimento.

Mas o sábio conselho continua valendo: Vamos aproveitar a vida, porque é uma só.




Fonte original: Revista "O Clarim", abril de 1992
Via: livro "Pontos de Vista", de Octávio Caúmo Serrano
Editora SEDAC - Sociedade Espírita de Divulgação e Apoio à Criança S/C
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal