Quando você observa um sentimento, esse sentimento chega a um fim. Mas mesmo que o sentimento chegue a um fim, se houver um observador, um espectador, um censor, um pensador que permanece separado do sentimento, então existe ainda uma contradição. Assim é muito importante compreender como olhamos para o sentimento. Tome, por exemplo, um sentimento muito comum: ciúme. Todos nós sabemos o que é ser ciumento. Ora, como você olha para seu ciúme? Quando você olha para esse sentimento, você é o observador do ciúme como alguma coisa separada de você mesmo. Você tenta mudar o ciúme, modificá-lo, e tenta explicar por que você está justificando ser ciumento, e por aí vai. Assim existe um ser, um censor, uma entidade apartada do ciúme que o observa. Num momento o ciúme pode desaparecer, mas ele volta novamente, e ele volta porque você não vê realmente aquele ciúme como parte de você. O que estou dizendo é que no momento em que você dá um nome, uma marca para aquele sentimento, você o colocou na moldura do velho, e o velho é o observador, a entidade separada que é feita de palavras, ideias, opiniões sobre o que é certo e o que é errado. Mas se você não nomeia esse sentimento – o que exige tremenda atenção, muita compreensão imediata – então descobrirá que não existe observador, nem pensador, nem centro de onde você está julgando, e que você não é diferente do sentimento. Não existe “você” que o sente.
J. Krishnamurti, The Book of Life
Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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