Com a desencarnação, a alma será constrangida a abandonar tudo quanto se relacione ao corpo. Nada do que tenha relação com a vida orgânica acompanhará o ser no seu retorno à Pátria Espiritual.
Buda, em sua excelente sabedoria, já comentava a respeito da impermanência de tudo quanto se refere ao corpo. As coisas não são nossas propriedades definitivas, considerando que nos não acompanharão para além da morte. Em verdade, somos possuidores, meros detentores .
Tive oportunidade, enquanto elaborava este trabalho, de acompanhar uma cerimônia de casamento religioso. E, concluindo o ritual, o sacerdote formulou aquela frase bem conhecida: considero-os marido e mulher, até que a morte os separe. E, atento, constatei que o sacerdote, no ato mesmo do casamento, já anuncia e antecipa, aos noivos, que eles ficarão viúvos, ao dizer: até que a morte os separe. Note-se que os noivos não se casam enganados. Já sabem que, muito provavelmente (esta é a regra), não deverão chegar juntos ao túmulo. Ora, isto se dá no casamento e nas situações outras de um modo geral.
O desapego aos bens e valores transitórios trará efeitos muito positivos à sua vida, dentre eles permitindo-lhe apegar-se aos bens imperecíveis da alma.
Se a sua depressão tiver alguma relação com a perda de algo ou alguém que você considere importante, imprescindível, procure perceber com clareza tal situação. Enquanto não se detectar a causa com segurança, não se tem como erradicá-la.
Observe em que consiste a sua escala de valores, as suas motivações para viver.
Se a sua mente estiver fixada nos valores transitórios, denotando excessivo apego, saiba que você pode ser uma candidata em potencial à depressão pelo sentimento de perda. Por considerar que, fatalmente, será constrangida a tudo abandonar, se não durante a existência carnal, certamente quando se der a desencarnação.
Não se esqueça, portanto, de que a qualquer momento, pela desencarnação, pela enfermidade, pela aposentadoria, ou por outros fatores, você poderá estar sem a posse do que até então constituía a sua razão de viver.
Trabalhe desde já o seu sentimento de posse. Quanto menos sentimento de posse, menos apego, menos abatimento em face de uma eventual perda.
Fundamental, para a sua felicidade, que você tenha sempre na lembrança esta verdade irrefutável, qual seja, a de que as coisas não nos pertencem em definitivo. Assim entendendo, quanto possível evite o sentimento de posse ao deter este ou aquele bem, procurando não se escravizar a ele. Não condicione a sua felicidade à manutenção definitiva desse bem.
Exercite a renúncia, assim se antecipando à perda inevitável dos bens que não poderão permanecer indefinidamente com você.
Reflita sempre na transitoriedade da posse dos bens materiais. Busque a posse dos valores espirituais, os únicos reais, que acompanharão sempre a sua alma, mesmo depois da desencarnação.
Esforce-se por sair do casulo do egocentrismo, libertando-se das amarras negativas do apego.
Não se retenha nos anseios tormentosos do sentimento.
Compreenda que a vida impõe mudanças constantes e que não nos será possível reter tudo e todos sempre sob nosso controle.
Compreenda que os companheiros, como os beneficiários de nossas ações positivas, talvez não possam ficar ou seguir conosco até o termo de nossa jornada... ou acompanhar-nos de imediato além dela...
Assim, se você sofreu alguma perda expressiva, ouso ainda recomendar:
Prossiga confiando na Vida;
Permaneça confiando em Deus;
Confie mais em você;
Prossiga confiando no amor, no bem...
Não se fixe indefinidamente no passado. Se devêssemos viver sempre olhando para trás, a Natureza teria posto um ou mais olhos em nossa nuca para que nunca perdêssemos de vista o sucedido anteriormente.
Os nossos veículos automotores são servidos por vidros retrovisores, no entanto, esses retrovisores apenas servem para orientar o motorista que, caso pretenda atingir o destino que o aguarda, deve dirigir para a frente.
Assim, a alma não deve andar de marcha à ré; deve, sim, marchar para a frente e para o alto!
Izaias Claro
Fonte: do livro "Depressão - Causas, Consequências e Tratamento", Casa Ed. O Clarim
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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