sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A REVOLUÇÃO INCONSCIENTE - A VONTADE DO EU - O EU OBSERVADOR

Nós usamos virtude, “amor”, a ação da vontade, como meios de subjugar a nós mesmos, nossas idiossincrasias, e pensamos que estamos mudando. Mas, essencialmente, quando chegamos aos níveis mais profundos, ainda é a mesma coisa. Quando consideramos revolução, mudança, certamente não estamos interessados apenas nas mudanças superficiais, que são necessárias, mas com a questão mais profunda, que é a revolução, revolução total, a revolução integrada da totalidade de nosso ser. Pode essa mudança ser provocada pelo esforço, ou deve haver a cessação de todo esforço? O que significa esforço? Para a maioria de nós, esforço implica na ação da vontade, não é? Espero que vocês estejam acompanhando tudo isto, porque se não ouvirem sabiamente, perderão completamente o que vou dizer. Se você ouvir sabiamente, experimentará diretamente o que estou dizendo. A revolução total deve ser completamente inconsciente, não voluntária, não produzida por alguma ação da vontade. Vontade é ainda o desejo, ainda o “eu”, o ego, qualquer que seja o nível em que você possa colocar essa vontade. A vontade de agir é ainda o desejo e, portanto, é ainda o “eu”, e quando eu suprimo a mim mesmo a fim de ser bom, a fim de obter, a fim de me tornar mais nobre, é ainda o desejo, é ainda a ação da vontade tentando se transformar, vestir uma roupagem diferente, é ainda a vontade do “eu” tentando obter um resultado. (Collected Works, Vol. VIII, 35, Action)

Enquanto o “eu” for o observador, aquele que acumula experiência, que se fortalece pela experiência, não pode haver mudança radical, nem liberação criativa. Essa liberação criativa só chega quando o pensador é o pensamento, mas a lacuna não pode ser transposta por meio de nenhum esforço. Quando a mente percebe que qualquer especulação, qualquer verbalização, qualquer forma de pensamento dá força ao “eu”, quando ela vê que enquanto o pensador existe apartado do pensamento deve haver limitação, o conflito da dualidade, quando a mente percebe isso, então ela está vigilante, constantemente consciente de como ela se separa da experiência, afirmando-se, buscando poder. Nessa conscientização, se a mente busca isto mais profunda e extensivamente sem procurar um fim, uma meta, surge um estado onde pensador e pensamento são um. Nesse estado não há esforço, não há se tornar, não há desejo de mudança; nesse estado o “eu” não existe, pois há uma transformação que não é da mente. (The First and Last Freedom,140, Choiceless Awareness)




J. Krishnamurti





Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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