Se os homens desejassem de fato a paz, haveriam de pedi-la sinceramente a Deus e ele a concederia. Mas por que dar ele a paz a um mundo que em verdade não a quer? A paz que o mundo finge querer não é, de modo algum, verdadeira paz.
Para alguns a paz significa apenas a liberdade de explorar os outros, sem medo de represálias ou intervenção. Para outros, a paz significa a liberdade de roubar o próximo sem interrupção. Há ainda os que consideram a paz como meio para devorar tranquilamente os bens da terra, sem serem obrigados a interromper seus prazeres, para dar de comer aos que sua ganância faz morrer de fome. E para a quase generalidade dos homens, a paz significa simplesmente a ausência de qualquer violência física, que poderia lançar uma sombra sobre vidas dedicadas à satisfação de apetites animais, ao conforto e aos prazeres.
Muitos desses já pediram a Deus o que julgavam ser a 'paz', admirando-se de sua oração não ter sido atendida. [...] Deus deixou-lhes o que desejavam, pois a ideia deles sobre a paz era apenas outra forma de guerra. A 'guerra fria' é simplesmente a consequência normal de nossa ideia corrompida de uma paz baseada numa política de 'cada um por si' no campo da ética, da economia e da política. É um absurdo esperar uma paz sólida, baseada em ficções e ilusões!
Portanto, em lugar de amarmos o que imaginamos ser a paz, tratemos de amar os outros e a Deus acima de tudo. E em vez de odiar os que julgamos serem causadores de guerra, odiemos os apetites e as desordens de nossa própria alma, que são as causas da guerra. Se amarmos a paz, então, detestemos a injustiça, a tirania, a ganância - mas detestemos essas coisas 'em nós mesmos', não no outro.
Thomas Merton, OSB
Fonte: do livro "Novas Sementes de Contemplação"
Comunidade Monástica Anglicana - Igreja Anglicana Tradicional do Brasil
https://www.mongesanglicanos.org/
Fonte da Gravura: Tumblr.com
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