Toda a tradição cristã nos diz... que, caso nos tornássemos sábios, deveríamos aprender a lição de que aqui não temos “nenhuma cidade que nos prende”... Mas, a principal fantasia de muitos dos interesses mundanos, opera a partir de um ponto de vista completamente oposto... sabedoria de nossa tradição..., é a de que a consciência de nossa fraqueza física nos permite enxergar, também, nossa própria fragilidade espiritual. Existe uma consciência profunda em todos nós, tão profunda que, frequentemente, permanece enterrada, na maior parte do tempo, de que devemos estabelecer contato com a integralidade da vida e, com a fonte da vida. Devemos estabelecer contato com o poder de Deus e, de alguma maneira, abrir esse nosso frágil vaso terreno ao amor eterno de Deus...
A Meditação é uma via de poder, pois é o meio de entendermos nossa própria mortalidade. É o meio de nos concentrarmos em nossa própria morte. Ela consegue isso, por ser uma via que segue além de nossa própria mortalidade. É uma via que segue, além de nossa própria morte, até a ressurreição, para uma nova e eterna vida, a vida que nasce de nossa união com Deus. A essência do Evangelho cristão é a de que somos convidados para essa experiência agora, hoje. Todos nós somos convidados a morrer para a nossa própria auto-importância, o nosso próprio egoísmo, nossas próprias limitações. Somos convidados a morrer para nossa própria exclusividade... Nosso convite a morrer, também é o de nascer para a nova vida, para a comunidade, para a comunhão, para uma vida plena e, sem medos. Suponho que seria difícil estabelecer o que é que as pessoas mais temem, a morte ou a ressurreição. Porém, na meditação perdemos nosso medo, pois compreendemos que a morte é morte do medo e, ressurreição é nascer para a nova vida.
Cada vez que nos sentamos para meditar, nos conectamos com esse eixo de morte e ressurreição. Isso se dá, pois em nossa meditação vamos além de nossa própria vida e, de todas as limitações de nossa vida, em direção ao mistério de Deus. Descobrimos, cada um de nós a partir de nossa própria experiência, que o mistério de Deus é o mistério do amor, amor infinito, amor que expulsa todos os medos.
Essa é a nossa ressurreição, elevarmo-nos à completa liberdade que se dá como um alvorecer em nós, uma vez que estejam em foco nossa própria vida e morte e ressurreição. A meditação é o grande meio de focalizarmos nossa vida na realidade eterna que é Deus, a eterna realidade que ali está para ser encontrada em nossos próprios corações. A disciplina de repetir o mantra, a disciplina do retorno diário, pela manhã e à tarde, à meditação, possui esse único e supremo objetivo: o de nos focalizarmos completamente no Cristo, com uma acuidade visual que veja nós mesmos e toda a realidade, como ela é. Ouçamos o que São Paulo escreveu aos Romanos: "Ninguém de nós vive e ninguém morre para si mesmo, porque se vivemos é para o Senhor que vivemos, e se morremos é para o Senhor que morremos. Portanto, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor". (Rom 14: 7-8)
Dom Laurence Freeman, OSB
Fonte: "Morte e Ressureição" - Leitura de 23/03/2008
MOMENT OF CHRIST (New York: Continuum, 1998), pp. 68-70.
Tradução de Roldano Giuntoli
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - www.wccm.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/universo-c%C3%A9u-star-espa%C3%A7o-cosmos-3591579/
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