[...] O perdão é um processo que nos leva às profundezas de nossa própria humanidade ferida, onde encontramos nosso verdadeiro ser. O perdão só pode ser completo quando for tão completo quanto o amor de Jesus por seus inimigos; e isso só pode acontecer quando nos conhecermos de maneira tão integral quanto ele se conhecia e se amava. O mesmo se aplica à maneira como amamos nossa humanidade. Assim como ao aprendermos a amar aos que nos são mais próximos, nos afastamos de nossas projeções positivas e fantasias, assim também, ao aprendermos a amar aos que nos são inimigos, nos afastamos de nossas projeções negativas. Finalmente, ao aprendermos a amar a todos, precisamos nos afastar de nossas abstrações. Precisamos nos afastar de nossa mente estatística, com a qual, frequentemente, consideramos o sofrimento alheio... [Mas] aprender a amar a humanidade, significa ser capaz de considerar [qualquer] membro da humanidade como um indivíduo único. [...]
A única maneira de lidarmos com a complexidade das relações humanas é a simplicidade do amor. No amor não julgamos, não competimos; aceitamos, reverenciamos e aprendemos a compaixão. Ao aprendermos a amar aos outros, liberamos a felicidade interior de ser que se irradia por nosso intermédio, tocando os outros através de nossos relacionamentos. É por essa razão que as comunidades, as famílias e os casamentos não existem apenas para aperfeiçoar as pessoas... Eles existem, também, para irradiar amor... além delas mesmas.
Essa era a visão que John Main tinha da comunidade humana. Essa comunidade torna-se possível através do compromisso que cada um de nós assume, em solidão, com o mais profundo relacionamento de nossas vidas, que é nosso relacionamento com Deus. É por isso que, ao aprendermos a amar aos outros, alcançamos uma nova compreensão da unidade da criação e da simplicidade fundamental da vida. Passamos a conhecer o que significa dizer que o amor compensa inúmeros pecados. Perdão é o poder mais transformador e revolucionário de que somos capazes. Nos ensina que o amor é a dinâmica essencial de todo relacionamento, a mais íntima, a mais antagônica, assim como a mais acidental. É o verdadeiro aspecto habitual de nossa meditação diária, que nos revela quão universal é o caminho do amor.
Dom Laurence Freeman, OSB
Fonte: "Perdão e Compaixão" - Leitura de 17/08/2008
ASPECTS OF LOVE (London: Arthur James, 1997) pp. 72-74.
Tradução de Roldano Giuntoli
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - www.wccm.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/eu-pe%C3%A7o-perd%C3%A3o-proposta-de-casamento-927746/
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