Na meditação descobrimos que a aceitação desse dom (desapego) é o que nos dá vida, integridade, unidade, e assim ativar o potencial que está livre em nossas vidas, para a felicidade, para o ser. Meditar é para o espírito o que respirar é para o corpo. Se alguém lhe perguntasse qual é a sua motivação para respirar, você teria que responder: “Não tenho motivação a não ser viver. É preciso respirar para viver. Não tenho motivação consciente para isso.” Quanto mais você meditar, mais você experimentará seu espírito em harmonia pacífica com toda a criação e com seu Criador.
Você mais perceberá que não precisa de nenhuma motivação para meditar. Você medita porque você é, e porque Deus é, porque este é o tecido da realidade, e porque é para isso que você foi criado: Deus, o Criador e eu, a criatura, vivemos na criação de Deus. A meditação é simplesmente o caminho de estar totalmente vivo para essa realidade abrangente.
Antes de se sentar para meditar todos os dias, lembre-se de que o objetivo é perder sua autoconsciência (da mente). Não nos importamos em criar ou projetar uma imagem para alguém. Estamos apenas focados em ser, ser quem somos, onde estamos. Estar em paz é aceitar o dom de ser e, ao aceitá-lo, abdicamos da autoconsciência da mente.
Se algo acontece quando você está meditando, especialmente quando você começa, uma grande sensação de paz toma conta de você. Então você diz a si mesmo: “Isso é uma coisa maravilhosa. Onde isso vai me levar? Do que se trata? Eu quero experimentar isso.” Então você para de repetir o seu mantra e o que pode acontecer é que assim que o fizer, a sensação de paz irá embora e se tornará uma lembrança. Mas há algo ainda pior, que é tentar voltar para recuperá-lo. Então você começa a repetir seu mantra mais alto e mais intensamente, de uma forma mais autoconsciente para tentar possuir essa sensação de paz. Mas a meditação, como descreve São João da Cruz, é o caminho da desapropriação. Você não tenta possuir paz, ou Deus, ou pegá-lo para lhe dar graça, conforto ou um momento de êxtase. Não estamos pedindo nada.
Fr. John Main, OSB
Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
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Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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